Créditos da imagem: Reprodução / DAZN
Antes de tudo quero adiantar que o texto é muito mal-humorado e ranzinza. Mas vou desabafar, pois como se tomado pelo espírito de Seu Saraiva (ou do frequente colaborador Danilo Mironga), assistir à cobertura futebolística tem me estressado.
Estamos mergulhados na lama e ainda não percebemos. O São Paulo foi eliminado ao natural por um argentino mediano, que foi eliminado ao natural por um chileno mediano; a “sensação” Santos caiu fora da Sul-Americana contra um nanico uruguaio; o Fluminense empatou em casa contra um pequeno chileno; o Corinthians suou sangue para, apesar de dominado, passar nos pênaltis por um Racing praticamente reserva; e até o Botafogo, que se classificou com um 4 a 0 global contra o mistão do Defensa Y Justicia -que briga pelo título da Superliga Argentina- trocou apenas indecentes 87 passes na partida de volta (só para dar uma ideia, esse número de passes é menor do que Arthur, hoje no Barcelona, teve sozinho como média no Brasileirão 2018, pelo Grêmio). Isso para não falar do desempenho da Seleção no Sul-Americano Sub-20, ainda pior do que os resultados…
Ou seja, chegamos ao ponto de, aos poucos, não falarmos mais em “desnível para a Europa”. A continuar nesse ritmo, daqui a pouco, enfrentar os demais sul-americanos já será uma tarefa hercúlea. Não bastasse termos tido somente um representante brasileiro na final das últimas cinco Libertadores, a distância dos argentinos para nós só vem crescendo, e a nossa para o resto parece ser coisa do passado.
Neste cenário, como começa o meu acompanhamento da imprensa esportiva na televisão na quarta-feira? Com o “Acabou a Brincadeira”, de Carlos Cereto, no SporTV, perguntando se é mais difícil ganhar a Copa do Brasil ou a Libertadores. Sim, eu sei que o programa tem uma veia irreverente (na qual Cereto se sai muito bem, aliás), mas uma pergunta dessas, neste momento, é tudo do que não precisamos. Mesmo colecionando fracassos cada vez mais frequentes, seguimos vendo os rivais sul-americanos de cima para baixo. É clássica a frase “Tecnicamente, o *** (nome do time brasileiro) é muito superior ao *** (nome do rival sul-americano)”, dita com ar de autoridade por jornalistas que desconhecem (como eu e quase todo mundo) absolutamente o rival em questão. E, não por acaso, 20% dos votantes da enquete do programa acompanharam a absurda opção de que é mais difícil ganhar a Copa do Brasil do que a Libertadores…
Depois, tanto André Rizek, no Seleção SporTV, quanto Dudu Monsanto, na narração de Racing x Corinthians, resolveram compartilhar conhecimento com os telespectadores, falando romanticamente sobre o Racing, demonstrando intimidade com o clube de Avellaneda ao falar sobre a belíssima cena do filme “O Segredo dos Seus Olhos” (abaixo) e chamando-o pelo seu apelido, “La Academia”. Só tem um porém: falavam como se fosse em português, quando em espanhol a pronúncia correta é “Acadêmia”, com ênfase no “e”.
No mesmo Seleção SporTV, extemporâneas discussões sobre “futebol vistoso x futebol de resultado”. Parece que o Barcelona de Guardiola e toda a revolução que provocou no futebol europeu -que, felizmente, começou a se espalhar por outros cantos do mundo- jamais existiu. Chegaram a tratar o Real Madrid como time de contra-ataque. Se as discussões continuarem assim, vai ser difícil termos outro time além do Grêmio que pratique um “futebol contemporâneo”.
Voltando para Racing x Corinthians, o comentarista Sávio dizia que “o Corinthians tinha que ir para cima” -enquanto os argentinos chegavam tocando como queriam- como se não houvesse um desnível entre as equipes. Desconfio de que no futebol de hoje é preciso algo mais do que vontade, como avançado trabalho coletivo, por exemplo. Depois, no intervalo, o ex-goleiro Júlio César disse que “não mexeria para o segundo tempo, está me agradando”, quando os brasileiros agradeciam pelo 0 a 1. E, para finalizar, no Linha de Passe, Juca Kfouri discorreu sobre um suposto baixo nível técnico dos times brasileiros, ao mesmo tempo em que destacou “como o Corinthians estava espalhado nesse jogo, parecia que o Racing tinha um a mais em campo”, como se uma coisa não tivesse tudo a ver com a outra (para ilustrar, a joia Rodrygo -buscado pelo poderoso Real Madrid- ficava parecendo um pereba na zoneada Seleção Sub-20). Aliás, o Corinthians sempre vinha sendo esse aí mesmo, mas ao enfrentar uma equipe mais compactada, ficou escancarado o quanto se pode compactar mais…
Enfim, só para mostrar que por trás destas palavras ainda resta um pouco de algo além de amargor, é um prazer ouvir as análises futebolísticas de Mauro Cezar Pereira. É uma das poucas vozes que dá a senha do caminho para nosso futebol, quem sabe um dia, não judiar tanto das pessoas a ponto de elas ficarem azedas e acabarem descontando nos pobres profissionais de comunicação.
O que podemos esperar do Futebol de um País, cuja Seleção Principal é treinada pelo RIDÍCULO técnico TITE?
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