Créditos da imagem: Zero Hora
Nunca compactuei do mau humor com relação aos argentinos, seja no futebol, seja em outras questões “menores”, como cinema, política e literatura.
Buenos Aires foi a primeira capital fora das fronteiras brasileiras que conheci. E conservo grande afeto pelo país e seus habitantes. E mais: a Argentina não é só Buenos Aires, muito pelo contrário. E acredito que o mau humor de alguns com relação aos Hermanos seja pelo desconhecimento dos encantos da cultura platina, boêmia, transgressiva e rebelde, sobretudo.
Bueno, mas tudo isso para falar que a despedida do ídolo colorado D’Alessandro – emprestado por um ano para o River Plate – teve toda essa passionalidade que atribuímos apenas aos vizinhos. Palmas, gritos e choros (de ambas as partes) que revelam o quanto somos carentes de ídolos e de jogadores que vestem a camiseta do time, como fez D’Alessandro nos quase oito anos que jogou no Internacional.
Aos 34 anos, ele vinha enfrentando algumas críticas pela sua atuação, mas nada capaz de ofuscar os 76 goles marcados em 340 partidas.
A saída de D’Ale, como é carinhosamente chamado, foi surpreendente, já que o jogador tem contrato com o time até 2017. No entanto, a transferência já havia sido cogitada em 2015, época que o salário do jogador foi renegociado, devido à alta do dólar. Não se falam em valores, mas na imprensa dizem que fica entre R$ 700 e R$ 900 mil mensais, dificultando o caixa do Inter, que encontrava dificuldades para honrar seus compromissos com o ídolo.
Ainda de acordo com a imprensa local (jornal ZH), o Inter deixará de pagar o contrato de imagem do jogador, ou seja, mais de 50% do seu salário, enquanto o River Plate, por seu turno, arcará com os salários deste ano, a fim de poder contar com o seu também ídolo para a disputa da Libertadores.
Na entrevista concedida nesta quarta-feira, D’Alessandro afirmou que estava deixando o Inter por um desejo seu: “Não é fácil. São sete anos e meio convivendo com pessoas que me ajudaram muito. Estou voltando para minha casa, com a família maior. Tenho três filhos, um deles gaúcho, o que é motivo de orgulho”, afirmou.
Como não se emocionar com isso?
O espírito aguerrido, reclamão e nada omisso, parte da personalidade do jogador, só contribuiu para angariar uma legião de fãs, hoje órfãos de um ídolo no time.
D’Alessandro vai fisicamente para o River, mas já está naquele lugar onde só os melhores permanecem. Ficará em Porto Alegre para sempre ao lado de outros grandes ídolos do time, como Manga, Figueroa, Falcão e Fernandão, só para citar alguns.
Na partida de despedida, o Inter empatou com o São José e conquistou nos pênaltis o título da Recopa Gaúcha, resultado que permitiu ao ídolo levantar mais um troféu, o grand finale pra lá de merecido para mais uma linda trajetória colorada.
Definitivamente Porto Alegre amanheceu mais triste.
D´Ale.
Texto pra lá de oportuno! Grande personagem, transformou-se em jogador histórico do Internacional. 😉
Sérgio Karam
Vou ler mais tarde, Lena Annes, só porque eu gosto de ti.
Tem uma crônica sobre o Arena também
Bem isso mesmo, Lena! O incrível é pensarmos que o D’Alessandro valoriza mais o fato de ser um ídolo do Inter do que quase todos os jogadores brasileiros costumam fazer aqui, mesmo sendo formados às vezes pelo clube de coração. Acho que vivemos uma crise de valores e de identificação no nosso futebol que não é vista no país vizinho 🙁