Créditos da imagem: Blog Marcos Paulo Lima / Correio Braziliense
Há umas dez colunas atrás, comentei sobre um equívoco de comentaristas e locutores, a respeito do chute de fora da área como meio óbvio de furar retranca. Existem outras assertivas que seriam tão simples se os fatos realmente fossem tão simples. Uma delas é um clássico clichê consistente em dizer que “com esses jogadores o time X tinha que estar melhor na tabela”, comumente usada para insinuar corpo mole ou incompetência do treinador. Às vezes é isso, mesmo. Porém, é perfeitamente possível que um time leve a melhor na maioria das comparações individuais, tenha um bom técnico, treine horrores e, mesmo com tudo isso, seja inferior ao adversário. Como? Por conta do equívoco de medir a qualidade do elenco pela soma. O que conta, pois sim, é a combinação destes jogadores.
Os leitores da minha faixa etária já devem ter ouvido falar do Casal 20. Não estou falando da série de ação melosa, e sim da dupla de ataque do Fluminense nos anos 80. O ponta-de-lança Assis e o centroavante Washington, individualmente, não eram primores técnicos. Poucos sabem, por exemplo, que Assis jogou no São Paulo entre 1980 e 1981, sem chamar a atenção. Washington era apenas um dos tantos camisas 9 bons de jogo aéreo. Juntos, contudo, complicavam a não raro venciam o Vasco de Roberto Dinamite e o Flamengo de Zico. Sem contar que, no Fluminense, são mais históricos e memoráveis que diversos atletas mais virtuosos. Somados, seriam cinco mais cinco. Combinados, eram dez mais dez. Não poderia mesmo ter havido apelido melhor. E tem o reverso. Em 1995, o Flamengo orgulhosamente o melhor ataque do mundo – Romário, Sávio e Edmundo. O brilho só ficou na rima. Na prática mesmo, foram 5 mais cinco e mais cinco – e olhem lá. Em compensação, os menos badalados Túlio, Donizete e Sérgio Manoel não foram exatamente nota trinta, mas ao menos vinte e um com louvor, no Brasileirão daquele ano. Deu liga no samba.
Imagino que, neste ponto do texto, os leitores já começaram a entender o espírito da coisa. Vamos continuar com um exemplo hipotético do vôlei. Imaginem uma seleção brasileira de todos os tempos com o time titular tendo Marcelo Negrão, Giba, Renan, Nalbert, Tande e Wallace. Timaço, não? Não! Perderia até da trigésima seleção do ranking. Quem escalou este suposto time dos sonhos se esqueceu do levantador. OK, vamos colocar Ricardinho no lugar de Tande. Agora é ouro, certo? Errado! Continuaria apanhando, porque não teria jogadores de meio de rede. Assim como, seguindo na lapidação, Wallace ou Negrão teriam que sair, pois só cabe um oposto. Digo mais: qualquer pessoa que acompanha este esporte saberia disso logo de cara. Assim como o torcedor de basquete já avisaria que um time com três pivôs ou quatro alas vai levar uma surra. Por que quase todos os fãs de futebol não anteviram que o trio do Flamengo não daria certo? Talvez porque os comentaristas de vôlei e basquete não decretam que “craque tem que entrar e pronto”, como nove entre dez no lupopédio. Ou o torcedor aprende isso sozinho, ou passa a vida toda culpando a realidade por suas opiniões nunca terminarem na rede adversária. “Pô, mas o Caio falou”…
É verdade que o futebol permite mais variações que estes outros esportes. O vôlei praticamente estancou as posições há décadas. No basquete, no máximo se combina pivô e ala, ou armador e ala. No esporte bretão, só no meio-campo já podemos falar em volante, segundo volante, terceiro volante, meia-atacante, meia-armador, meia aberto, etc… No ataque, criaram até o falso nove. Na defesa, pode ou não existir o terceiro zagueiro, assim como o lateral pode virar ala e integrar o meio-campo. Como se não bastasse, cada função pode ser exercida de modo bem diferente. Só que as possibilidades são múltiplas, porém longe de infinitas e sem chance de dispensar certos requisitos. Técnicos podem ser criativos ao máximo, nas precisam de – ao menos – oito marcando, ou seu time só vai ganhar uma daquelas Copas Bozo do SBT. O Barcelona teve temporadas gloriosas com o trio MSN, mas Neymar corria atrás do lateral adversário – provavelmente o principal motivo de sua ida ao PSG. Também não há como abrir mão de pelo menos um volante, ou o sistema defensivo vira uma festa do caqui. Claro que não cabe tudo num parágrafo (nem mesmo num artigo), mas gestor e técnico precisam atentar a tais pontos, para não gastarem rios de dinheiro com o catado mais caro do torneio.
Se nada disso bastou para convencer que elenco é combinação, talvez fique mais nítido quando o assunto for time grande na zona do rebaixamento. Sempre que acontece, cria-se uma espécie de negação de riscos, citando as estrelas para instituir que “há outros piores”. Pode haver outros com jogadores ainda mais fracos, mas que em conjunto sejam menos ruins. Até porque existem diferenças claras na montagem de um time para ser campeão (seja tomando a iniciativa ou pensando no contragolpe articulado) e uma equipe para não ser rebaixada (marcando com nove ou dez e jogando assumidamente por “uma bola”). Estão mais preparados, inclusive na mentalização, para conviver com o risco por trinta e oito rodadas. Enquanto isso, o time grande acha que é questão de o jogo encaixar. Mas o jogo não encaixa. O lateral não ataca, nem defende. O meio-campo pode ter quem trate bem a bola, mas a dez por hora. E o ataque até mostra um jogador rápido, mas grosso. Não é nem que a escalação só é boa no papel. Ela já é horrível no papel. Você é que, julgando que é só somar, não entendeu.
Pense nisso antes de chamar um time de vagabundo ou mal-treinado. Ele pode ser apenas muito mal montado. Aí só tem um jeito de ir pras cabeças ou escapar da degola: torcer para que as outras combinações sejam piores que a sua.
Perfeito!!!!!!!!!!!!!! E todo time precisa de características diferentes!!!!!!!!! Gosto sempre de pensar no Fluminense campeão brasileiro de 2012 que mesmo não sendo nada demais conseguiu ganhar o título com o Deco armando, o Weelinton Nen correndo e o Fred finalizando!!!!!!!!!!!!!! Um fazia o outro parecer melhor do que era!!!!!!!!!!!!!!
Texto imperdível! A única coisa que eu não sei bem é quando um jogador “é 10” porque realmente é 10, ou ele era 5 e ficou 10 porque estava com uma boa combinação, ou era 15 e estava 10 porque estava com más combinações. Enfim, falo mais sobre isso no texto abaixo, que penso que casa bem com este:
http://www.noangulo.com.br/a-falacia-dos-elencos-futebol-de-verdade-nao-e-o-do-video-game-e-seus-skills/
ESSE TRIO DO FLAMENGO FOI UMA DAS COISAS MAIS TOSCAS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL BRASILEIRO…
TEM QUE TER PLANEJAMENTO E PENSAR NA ENGRENAGEM…
Pior ataque do mundo savio romario e edmundo. O barcelona muda o tecnico e mantem sempre o mesmo padrao. La tem Leonel Messi.
[…] erro de jornalistas, comentaristas e torcedores é achar que elenco é soma de jogadores. Como dito anteriormente, na verdade é uma combinação. Está difícil pensar nestes jogadores combinando entre si. Até por um técnico como Cuca, […]
PMID 24606575 Priligy He went on to characterize other endogenous ligands for the CRF receptor subtypes, the urocortins, and contributed in a major way to the understanding of CRF circuits in neuroendocrine regulation and in the response to stress
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