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Já faz uns insossos anos que pares românticos de novelas são batizados com partes de nomes dos personagens. Nem precisa ser noveleiro pra saber. Entro em qualquer portal e tenho que aturar. Mas até inutilidades podem ter seus momentos. Pego o recurso emprestado pra homenagear os dois ex-treinadores (um em atividade, outro não) que, recentemente, vêm dando um show retrô nos programas televisivos. Retrô, não. Pra eles, nada mudou em vinte anos. Um era o estrategista. Outro, o bonachão. Velhos rivais, agora são iguais em desgraça. E recalque. E constrangimento em rede nacional.
Vanderlei Luxemburgo está nessa há mais tempo. Sai por aí, resmungando sem emprego. Talvez por não ter o perfil vovô malucão, como o parceiro Levir Culpi. Talvez porque não passou anos enganando no Japão, onde este e Osvaldo Oliveira são respeitadíssimos (não é à toa que o futebol estancou por lá). Aliás, Vanderlei não enganou em nenhum outro país. Nem quando não era enganador. Ou porque não estava preparado pra um Real Madrid, ou porque depois ficou ultrapassado até pra segunda divisão chinesa. Ah, sim. A culpa era do tradutor… Luxemburgo ainda tem fã-clube, com aqueles dos tempos em que havia fã-clubes. Com as novas gerações, a repulsa é mútua. Os mais novos não o viram treinar nada que preste. Em retribuição, o treinador os chama de deslumbrados com perfumarias de fora. Diz que é tudo aroma seu. Devo incluir o cheiro de mofo?
Diferentemente do colega de pijama, Levir vem conseguindo trabalhar. Não sei se continuará conseguindo. Até agora há pouco, fazia parte da turma dos placebos. São “bons de vestiário”. Trazem uma sensação de melhora no ambiente que gera resultados iniciais. Os dirigentes sempre têm um na lista. Em algum momento da temporada, encherão os bolsos com seis dígitos de reais. Se aguentam meses, já beiram os sete dígitos. O que, no fim, acaba acontecendo com a multa rescisória. Mas, no “Bem, Amigos”, Levir deu mostras de estar pronto pra fase de resmungos. Agitou as redes sociais bancando o nacionalista de boteco. Disse que Sampaoli ainda vai treinar a seleção brasileira, por ser argentino, tatuado e andar de bicicleta. Se for assim, Levir deveria se tatuar e pegar uma bike. Talvez tivesse feito menos besteira no próprio Santos.
Por sua vez, mais experiente no circuito televisivo, Luxemburgo decidiu escolher um jornalista inimigo. A iminência de um barraco ajuda na notoriedade. O eleito foi Mauro Cezar Pereira. Motivo: fala o que Vanderlei não aceita escutar. Não engole ver um ex-técnico de seleção, com passagem no maior clube do mundo (fracassou nos dois, mas “whatever”), dizendo que o futebol não tem nada de novo – a não ser que seja obra sua. Mauro foi desafiado pra um debate público. Como se suas críticas fossem em privado. Tirando jornalistas do fã-clube, ninguém mais tem medo de sua ira “xanta”. Vergonha é defendê-lo. E quem será o inimigo de Levir? Sampaoli mesmo? Duvido. O argentino nem sabe da sua existência. Se vir o vídeo com as declarações, vai dar de ombros, pegar a bicicleta e jogar beach tennis na praia. Ou tamboréu, pra alegrar os saudosistas.
A tendência é que Vandevir ganhe apoiadores. Especialmente se outros ex-treinadores (também em atividade, ou não) fizerem coro. Sempre vai ter um programa atrás de polêmica e audiência. “O desabafo de Abelão”; “Osvaldinho se revolta” e “Leão nega estar superado” garantem curtidas e descurtidas. Terá o casal do atraso um final feliz? Não percam o próximo capítulo de Malhação…
Perfeita análise…Levir se mostrou patético também fora dos Campos ao fazer um comentário sobre o Sampaoli no bem amigos por pura dor de cotovelo…assim como o Carile…pobre geração essa dos técnicos brasileiros…além de fracos são insolentes…