Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Depois de oito partidas em menos de vinte dias, São Paulo e Vasco da Gama reeditarão a final da Copa SP de 1992 – vencida pelo segundo, nos pênaltis. Dois clubes historicamente vinculados a conquistas nas categorias de base e, mais importante, a revelações do futebol brasileiro. Só que esta combinação, se mal executada, pode gerar um risco extra aos finalistas – o de jogar para o empresário em vez do time. No lugar de manter o senso coletivo que levou a equipe à decisão, tentativas de “se consagrar” sozinho para chamar a atenção. O que, convenhamos, é compreensível. Mas seria melhor para todos se, no lugar desta escolha infeliz, decidissem curtir o momento – sabendo que pode ser a última glória atlética de suas vidas.
Os garotos tricolores e vascaínos dormirão mal nesta noite – se é que dormirão. Mesmo disputando outros campeonatos, incluindo Libertadores sub-20, a decisão da Copinha é a que traz mais olhos voltados a eles. Para muitos, será a primeira (talvez última) vez em que aparecerão na TV aberta. Comentaristas lembrarão, pela enésima oportunidade, os ídolos que disputaram a competição – mesmo que sequer tenham se destacado. Como se não bastasse, haverá os agentes (todos têm um) ligando para dar as perspectivas pós-disputa. Não é muito difícil dar um revertério mental e o moleque esquecer o que treinou. Com base neste nervosismo, há quem diga que estes torneios são os vestibulares dos jovens boleiros. Mesmo que fossem, que vestibulando faz a prova na frente de todo mundo? Já pensou estar preenchendo o gabarito e ouvir uma multidão berrando “era a B, imbecil!”?
Não, Copinha não é vestibular. Não tem nota de corte. Nem tampouco garante ao “aprovado” uma trajetória profissional – não raro, o que perde consegue a carreira que o ganhador não tem. Podemos comparar a Copa SP com os Bowls universitários de futebol americano. Para a imensa maioria dos participantes das diversas taças, será o ápice e o fim de suas peripécias esportivas. Depois vão contar aos filhos e netos sobre aquele jogo. Alguns com frustração por não terem ido à NFL. A maioria, porém, de modo sinceramente saudoso, ciente de que era mesmo muito difícil ir além. Talvez falte esta conscientização para os aspirantes a boleiros. Podem achar que estão perto de realizar um sonho de vida, mas na verdade este sonho continua… um sonho. Terão mais um ou dois anos de tentativas, até que a maior parte terá que seguir em frente – sem bola pra correr atrás.
Neste contexto de imensa ansiedade, a pior alternativa é resolver de qualquer jeito. Como o atacante que, em vez de passar a bola ao companheiro melhor colocado, quer sair driblando ou finalizando com a defesa adversária montada. Ou, ainda, o zagueiro deixando a própria área desguarnecida pra ser o artilheiro da tarde. Fora o goleiro querendo mostrar que é bom com os pés e se enrolando com os quatro membros. Além de não ajudar em nada, o garoto passa ridículo via satélite. A lembrança divertida entre família e amigos vira vergonha permanente. Resta saber se algum dos envolvidos, do técnico ao próprio agente (sem contar os pais), terá esta noção para conversar com os pupilos. Ninguém, nem o melhor profissional do mundo, consegue dar o máximo quando há pressão além da conta. Imaginem quem, quando muito, está apenas começando.
Torço para que tricolores e vascaínos façam um grande jogo e voltem para suas casas com a sensação de, ganhando ou perdendo, terem tentado o melhor. Nem tudo vai dar certo – mais pra um time que pro outro. Mas o simples fato de procurar fazer a coisa certa já é uma evolução de caráter que não será esquecida mais adiante. Esteja o garoto disputando os sonhados jogos como profissional, esteja fazendo qualquer outra coisa em sua vida. Em ambas as hipóteses, será um vencedor.
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