Créditos da imagem: Radar da Bola
Tive um grande amigo, Dr. Renato, médico, são-paulino de pintar tudo na casa com as três cores, que, brincando, naturalmente, com seus amigos, dizia que para ele tanto fazia o São Paulo vencer como o Corinthians perder, a alegria era igual. Claro que a recíproca é verdadeira. Conheço grande quantidade de corintianos que repetem o mesmo, apenas invertendo as posições. É – vejo assim, salvo raríssimas e tolas exceções – a rivalidade saudável, que faz bem e sustenta o futebol como o esporte mundialmente preferido.
Diferente de outras rivalidades, no mesmo campo de jogo. Como a que palestrinos, muito mais que palmeirenses, têm pelos tricolores. Os palestrinos não perdoam a tentativa de tomar na mão grande o Parque Antártica, feita por alguns são-paulinos em 1944, durante a II Grande Guerra. Deviam, mas não conseguem.
Por isso, a rivalidade entre palmeirenses (leia-se palestrinos) e são-paulinos, muito mais por conta dos primeiros, nesses termos, digamos indesejáveis, é a maior entre os times paulistas. Maior que Corinthians e Palmeiras. Maior que São Paulo e Corinthians. Maior que…
Feita a apresentação, caminho para definir o que se entende por “um grande jogo”. Quando o torcedor pode, costuma dizer que foi um grande jogo. Se ele é neutro, se seu coração não bate descompassado por um dos times em campo, grande jogo costuma ser aquele em que os jogadores se empenham na busca da vitória, correm os 90 minutos, não fazem cera, fazem as torcidas – alternadamente – ficar de pé, se inquietar nas poltronas de casa e, mais que tudo, oferece uma boa quantidade de gols: 3 a 3, 4 a 3… São raros os jogos que terminam sem gols que merecem o carimbo de grande jogo. Já vi, já comentei, já escrevi, mas são raríssimos.
Se a partida, porém, envolve nossos times, e eles estão na briga por um título, ou mesmo por uma vaga no tal G4, que, erradamente, passou a ser o objetivo maior, mais que o título, muito cedo colocado como impossível, jogo bom, grande jogo não tem nada a ver com o que ocorre nos 90 minutos, mas sim com o placar final.
Jogo bom, sejamos sinceros, é aquele que meu time venceu ou, dependendo das circunstâncias, apenas empatou, ou até mesmo perdeu, desde que tenha se classificado, levado vantagem na tabela. Pode ter sido uma pelada, um 0 a 0 sonolento, uma vitória roubada, com gol a mão, impedido, de pênalti dado pelo “apito amigo” etc.
É por essas razões, mais que o medo das torcidas violentas, da falta de conforto – que já desapareceu em alguns novos estádios – do preço, que os grandes clássicos costumam atrair aos estádios público menor que um jogo visto antecipadamente como fácil para o mandante. Jogo que praticamente garante a alegria no final. Jogo para festa em família, levar os filhos, sobrinhos e convencê-los de que aquele é o time para eles torcerem – um time ganhador. Alegria, alegria. Até para os que ficam em casa, nas telonas, funciona assim. Os torcedores podem se ligar em grande quantidade, mas disparam o controle remoto se percebem que “não vai dar”. Pra que sofrer por causa desses chinelinhos, canelas duras???
Na mesma linha, goleiro bom é o que não leva gols. Que salva aquela bola indefensável no momento exato. Vira gênio, vira mito. Provoca a ira dos adversários. Meia bom é o que coloca o atacante na cara do gol. Pode não ter feito nada em 89 minutos, mas se meteu uma bola que definiu a vitória, passa a ser “o cara”. E, evidente, atacante bom é o que faz gols, seja de bicicleta, voleio ou de bico. De barriga, com a bunda….. Eu ia dizer que técnico bom é o que “dá um nó no outro”, mas não vou dizer. Nego-me a dizer bobagens, já que acontece uma vez na vida, outra na morte.
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Parabéns por trazer ao time o maior craque do jornalismo esportivo de todos os tempos , grande mestre Aquino