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A China, que manda para o mundo alguns produtos nada confiáveis, continua importando técnicos e jogadores dessa Terra de Santa Cruz. Muitos que também não são de primeira linha e outros com selo de validade vencido. Nada contra, tratando-se do jogo da bola. Parabéns para Felipão, Luxemburgo, Mano e cia bela. Assim como para os craques por eles levados.
Como alguns torcedores, puros de alma, continuam chorando pelo adeus de seus craques – apelido dado, de anos para cá, a todos que calçam chuteiras e assinam contrato com algum time que também chamam de grande, obrigando coleguinhas a buscar outros adjetivos para classificar os que tem Iso 9000, tipo gênio, cracaço – dá para seguir a procissão.
E mostrar que são perdidas as lágrimas derramadas. Basta olhar o que, graças a jornalistas ingleses e à justiça americana, vem acontecendo na cúpula do esporte bretão. Joseph Blatter, aquele que era recebido em tapetes vermelhos pelo comando do País, tirado do trono por corrupção, acompanhado – quem diria – de Michel Platini, o cracão do passado. O fanfarrão Jérome Valcke escanteado. José Maria Marin trancafiado. Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero escondidos atrás da porta. Sem falar nos cartolas menores…
Os senhores dos anéis gostam de afirmar ter a FIFA mais países a ela filiados que à ONU. Uma verdade que nada quer dizer. A FIFA nada mais é que uma entidade sustentada por um acordo de cavalheiros. Cavalheiros? Que gosta de botar medo e punir os pequenos, baixando os calções para os grandes. Pune o Chile, corretamente, pela palhaçada encenada por Rojas, mas finge não ter visto que o teatro só aconteceu porque uma fogueteira, brasileira, no Maracanã o proporcionou. Só um exemplo…
Esse, digamos assim, acordo de cavalheiros, já foi deixado de lado algumas vezes. No final da década de 40, decidindo não pagar as altas taxas cobradas pela federação local, dirigentes de clubes da Colômbia fundaram uma liga independente, logo chamada de pirata, que permitia aos clubes contratar jogadores de outros países sem nada pagar aos clubes de origem.
Caiu a sopa no mel. Jogadores argentinos reclamavam dos baixos salários que recebiam, não pensaram duas vezes e se mandaram para o novo Eldorado. Não eram os de segunda linha como os que aportam por aqui atualmente. Eram craques da seleção: Alfredo Di Stefano, Pedernera, Nestor Rossi. A eles se juntaram Heleno de Freitas e um jovem brasileiro de nome Ieso Amalfi, revelação do São Paulo. Foram formar o famoso Ballet Azul, time do Millonarios. A liga pirata durou até 1954.
Os Estados Unidos também já deram bananas para a enlameada FIFA. No final da década de 60, existiam por lá duas ligas – a United Soccer Association e a National Professional Soccer League, que mais tarde se fundiram na North American Soccer League. Que não estava nem aí com a FIFA. Os times contrataram os grandes jogadores livres – Pelé, Beckenbauer, Cruyff, Bobby Moore… e tinha regras próprias, como linha de impedimento quase na intermediária, jogos não terminavam empatados – havia o shoot-out, vitória valia seis pontos, empate três, vitória por mais de três gols dava um ponto de bonificação…
Resumo da ópera: os clubes brasileiros não são obrigados a comer nas mãos da “Poderosa”, nem dizer amém à FIFA e à CBF. Podem formar uma liga, montar seus torneios. Nada os proíbe.
Mas, quem disse que interessa a eles… O bom é quanto mais bagunçado e confuso, melhor.
Seria excelente! O “engraçado” é como existem coisas que são super comuns mundo afora, mas que continuamos vendo como “vanguardistas” no Brasil. Como a criação de ligas…
Tomara que o crescimento de lugares poderosos e “fora do circuito da FIFA”, como EUA e China reforcem a possibilidade de alternativas… 😉