Créditos da imagem: Divulgação: Flamengo
Sobre a importância de algo que qualquer bate-bola de sábado ensina
A vida também é uma escola. Não é – e nem deve ser – a única, mas traz lições a que estiver disposto a aprender. Futebol faz parte da vida e não foge à regra. Nunca será entendido totalmente, mas dá para chegar mais perto. Tanto lendo e assistindo, quanto jogando. Não precisa ser profissional. A pelada mais tosca traz a importância do que os técnicos mais brilhantes buscam muito além da prancheta: o encaixe.
A “aula prática” acontece na hora da escolha, quando os “capitães” tiram dedos e escolhem seus times. Com o passar dos fins-de-semana, percebem que nem sempre seu “timaço” é a melhor opção. Alguns daqueles muito bons não combinam entre si. Os dois craques da turma querem armar e não dão opção de jogo. O cara que mete gol não mete passe. O outro dá “migué” na defesa. O que o peladeiro faz? Começa a evitar determinadas escolhas, preferindo até outros menos virtuosos, pra que seu time (e ele mesmo, porque foi lá pra se divertir) jogue mais. Senso prático é uma parte importante da inteligência. Poupa aborrecimentos e frustrações. A pergunta é: se estão a par disso, por que não aplicam quando discutem seus times de coração? Insistem em analisar a qualidade do elenco pela soma, em vez da combinação. Eles sabem a resposta. Só não sabem que sabem.
Muitos elencos são planejados como nas primeiras peladas. Vão atrás do lateral, do zagueiro, do volante, do meia e do atacante com base num único critério: serem bons individualmente. Não se preocupam em ver como cada um deles é bom individualmente. Do contrário, veriam que o ideal pra um pode atrapalhar outro, quando não o time todo. No fim, salvo golpes de sorte, veem-se diante dos mesmos problemas do peladeiro. Com uma diferença: no lugar de aprenderem com o revés, continuam errando nas temporadas seguintes. Assim como grande parte da imprensa (como o colega Jorge observou em coluna recente), não entendem o que deu errado. E o peladeiro? incrivelmente, mesmo passando pela experiência semanal (e não apenas anual ou semestral), entra para o bloco dos indignados e surpresos. Como esse elenco não rende? “Só pode ser vagabundagem”. Só que não.
O passo seguinte é culpar o técnico. Ele é que tem obrigação de, como no filme Apollo XIII, encaixar um cubo no cilindro sem deixar o ar escapar. Quando é o próprio treinador que participou da montagem do elenco, tem mesmo. Mas sabemos que não funciona assim. Prevalece minha comparação com o dono do restaurante que compra os alimentos e o chef que se vire. Aí tome macarrão na feijoada*. Fora o drama do técnico de seleção. Ele é, a mui grosso modo, o peladeiro que pode escolher todo mundo a qualquer tempo. Mas naquelas. Na pelada, você pode abrir mão de alguns dos melhores. Se o fizer na seleção, será chamado de paneleiro pra baixo. Mais que um estrategista, tem que ser equilibrista. No caso, a combinação será entre o que pensa e o país pensa. Grandes bombas perigam ser produzidas nessa hora. Sobra até para o idioma – vide o “tinha chego” do atual.
Não tenho dúvidas de que a vida de todos os treinadores ficaria mais fácil, embora com menos desculpas, se torcedores, jornalistas e dirigentes compreendessem o que três sábados de bola e petiscos (cerveja, só pra quem não vai dirigir) explicam melhor que qualquer livro a respeito. Reforçando o que disse no começo: a vida está longe de ensinar tudo sozinha, mas o conhecimento de aulas e livros é inútil quando as lições do cotidiano entram por um ouvido e saem pelo outro.
*a propósito: Macarrão na Feijoada foi um samba gravado por Junior nos anos 1980, quando estava jogando no Torino.
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