Créditos da imagem: Botafogo
Quase um ano após a sua inauguração, um dos maiores jogadores que o Brasil já produziu teria no Maracanã o palco monumental do fim de sua carreira. O grande Heleno de Freitas, já com sinais evidentes da doença que apressaria sua morte, assinou contrato com o América. Amigos mais chegados tentaram evitar a volta. Mas Heleno era teimoso e resistiu a todos os apelos. Numa tarde de sábado – em maio de 51 –, ele subiu os degraus que dão acesso ao campo e fez pose ao notar a aproximação de um fotógrafo.
Heleno, porém, só jogou os primeiros 35 minutos iniciais, após acertar um carrinho violento em um zagueiro adversário. Mostrava-se mais irritado do que se poderia imaginar. O América perdeu para o São Cristóvão: 3 a 1. A torcida não perdoou Heleno – sobre ele foi jogada a culpa da derrota e da queda que o time sofreu nos jogos seguintes. Muitos dirigentes foram criticados por sua contratação.
À noite, Heleno vestiu um dos seus mais bem cortados ternos, calçou um sapato sob medida – como era seu hábito –, ensopou os cabelos lisos e finos com um fixador e foi encontrar os amigos em Copacabana. Um deles não resistiu ao seu fracasso e quis censurá-lo pela volta imprudente.
Para surpresa de todos, em vez de reagir irritado, como era de seu feitio, baixando o tom da voz a cada palavra, Heleno acabou deixando todos emocionados: “Eu não podia morrer sem jogar no Maracanã”.
Aquele sábado foi para ele o primeiro e único dia no grande estádio. Virando-se para Renê Mendonça, seu conterrâneo de São João Nepomuceno e que com ele jogara no Botafogo na década de 40, quase em lágrimas, Heleno prometeu: “Eu juro, Renê, que nunca mais ponho os pés no Maracanã”.
Heleno faleceu em 8 de novembro de 1959 – há exatos 58 anos -, aos 39 anos, em um hospício da cidade mineira de Barbacena, onde foi internado seis anos antes, em 1953.
Ademir, nostálgico e saudosista que sou, gosto sempre de ler os seus textos carregados de boas histórias (assim como os do nosso amigo e Mestre José Maria de Aquino, de quem sou grande fã).
Lembro de ter assistido “Heleno” em um voo e de ter ficado bastante comovido com a sua trajetória. Definitivamente, ele era um cara intenso.
Obrigado e um abração!
Eu é que agradeço pela oportunidade. Também sou saudosista e esse tema me fascina.
.
Simplesmente sensacional. Também sou muito fã desse tipo de texto. A diversificação do site nos temas abordados é que faz a diferença na qualidade.
Uau, Tadeu Miracema, que causo mais lindo! Sou do tipo que pesquisa bastante sobre o passado e não conhecia esse belo capítulo até hoje! Obrigado!
O Heleno é sem nenhuma sombra de dúvida um dos grandes personagens da história do futebol! É uma pena que nessa época não havia muito ainda a “projeção Internacional”, mesmo com a passagem que teve pelo Boca Juniors. Essas histórias mereciam ter apelo mundial…
Tenho certeza que o Maracanã também gostou de ter recebido o Heleno!!!!!!!!
José Aquino, veja!