Créditos da imagem: Willian Oliveira/Futura Press/ Estadão Conteúdo
Palmeiras e Corinthians fizeram a mais lamentável final que já vi. Pobreza futebolística absoluta, covardia, falta de emoção (reservada apenas para o gol de Jô, a segundos do fim) e gols surgidos tão somente por causa de falhas individuais (liberdade absurda para Viña cruzar, e Avelar não subindo para disputar com o Luiz Adriano; e Gustavo Gómez fazendo um pênalti bobo em Jô, que já estava marcado por Felipe Mello) transformaram as duas partidas finais de um campeonato absolutamente irrelevante em um suplício para os fãs de futebol.
Mas o mais assustador é pensarmos no que se tornou o futebol paulista de 2018 para cá. Se em 2017 ainda tivemos momentos de imposição, com placares surpreendentes como São Paulo 0 x 2 Corinthians na semifinal, Ponte Preta 3 x 0 Palmeiras na outra semifinal, e Ponte Preta 0 x 3 Corinthians na final; além de um Corinthians realmente convincente no primeiro turno do Brasileiro (no segundo já virou água), a partir de 2018 só o Santos de Sampaoli deu mostras de futebol.
Para ficar mais claro: os confrontos eliminatórios entre os grandes, pelo Paulistinha, desde então, foram os seguintes:
- Corinthians x São Paulo: semifinais de 2018 – 0 x 1 e 1 x 0 (Corinthians classificado nos pênaltis)
- Palmeiras x Santos: semifinais de 2018 – 1 x 0 e 1 x 2 (Palmeiras classificado nos pênaltis)
- Corinthians x Palmeiras: final de 2018 – 0 x 1 e 1 x 0 (Corinthians campeão nos pênaltis)
- Corinthians x Santos: semifinais de 2019 – 2 x 1 e 0 x 1 (Corinthians classificado nos pênaltis)
- São Paulo x Palmeiras: semifinais de 2019 – 0 x 0 e 0 x 0 (São Paulo classificado nos pênaltis)
- Corinthians x São Paulo: final de 2019 – 0 x 0 e 2 x 1 (gol de Vagner Love aos 44 minutos do segundo tempo)
- Palmeiras x Corinthians: final de 2020 – 0 x 0 e 1 x 1 (Palmeiras campeão nos pênaltis)
Ou seja, 17 gols em 14 jogos (média de 1,2 gol por partida, ou um a cada 74 minutos) e só uma eliminatória que não foi decidida nos pênaltis (cujo destino só foi alterado com um gol aos 44 do segundo tempo, em uma disputa entre dois times fracos).
O único título relevante no período foi o Campeonato Brasileiro de 2018, conquistado pelo Palmeiras após a chegada de Felipão, quando não mostrou brilho em qualquer momento, mas conseguiu uma fantástica sequência de resultados positivos, jamais condizente com o nível de jogo.
Nas demais competições, só fiascos, com direito a Corinthians e São Paulo eliminados na pré-Libertadores, Timão eliminado pelo Del Valle, Santos pelo River do Uruguai e Tricolor pelo Bahia. A regra é que os paulistas caiam no primeira disputa difícil: a única vez na qual um dos grandes paulistas superou um adversário de peso nos mata-matas, foi quando o Corinthians passou pelo Flamengo na semifinal da Copa do Brasil de 2018, no que foi tratado praticamente como um milagre, depois de o time do Parque São Jorge, então comandando por Jair Ventura, simplesmente abdicar de jogar na partida de ida, no Maracanã.
Os bons momentos do Santos de Sampaoli apareceram no segundo semestre, fruto de um trabalho de técnico de nível internacional, mas acabaram sendo ofuscados pelo que fez o Flamengo de Jorge Jesus (coincidentemente, outro treinador do mercado globalizado). E é evidente que o acerto na contratação de Sampaoli foi um acaso, uma sorte de quem tinha Abel Braga como primeira opção. Quando precisou substituir o argentino, investiram em um treinador estrangeiro, o português Jesualdo, mas cujo sucesso se deu há mais de uma década, sem considerar que o futebol mudou radicalmente após o Barcelona de Guardiola. Além de que o presente caos administrativo do Santos talvez não permitiria nem ao treinador do City fazer um bom trabalho.
Corinthians e São Paulo são pessimamente conduzidos como clubes, e têm visão medíocre no futebol. Já o Palmeiras se salva pela gestão geral, mas é afundado pela visão tacanha na área esportiva.
Quem pensa que para jogar bem basta recorrer a trocas de posição de jogadores (como Felipe Mello e Danilo Avellar na zaga), desejo de posse de bola ou escalação de volantes mais técnicos como os do Palmeiras, será preciso constatar que isso está longe de ser suficiente. Para este Brasileirão, nenhum paulista dá indícios de que poderá terminar à frente de Flamengo, Atlético Mineiro ou Grêmio, ou seja, equipes de todos os outros principais estados do futebol brasileiro.
Se em 1960 São Paulo foi chamada de “túmulo do samba”, na frase atribuída a Vinicius de Morais, já há três anos o estado se tornou o túmulo do futebol.
O estado de São Paulo virou túmulo do futebol há apenas três anos. Já o São Paulo Futebol clube é túmulo do bom futebol há mais de uma década.
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