Créditos da imagem: Leonardo Soares/Folhapress
Hoje à noite tem duelo decisivo para o São Paulo, frente ao time do Papa, o San Lorenzo, pela Libertadores.
Ao pensar nesse jogo e na crise que ameaça se instalar de vez pelos lados do Morumbi, acabei por refletir sobre a carreira do técnico tricolor Muricy Ramalho.
Antes da análise, penso ser prudente que se separe o homem do técnico, embora entenda que as características – as boas e as ruins – enquanto ser humano, inevitavelmente acabam por impactar no seu desempenho profissional.
Acho importante essa consideração, pois não foram poucas as vezes que tive a sensação da ocorrência de análises críticas de profissionais do esporte (inclusive de gente boa, por quem nutro respeito e admiração) aparentemente influenciadas por antipatias de cunho pessoal.
Voltando ao Muricy, embora reconheça o seu currículo vencedor (passagens com títulos por São Paulo, Santos, Fluminense, Internacional, São Caetano etc), tenho algumas ressalvas que gostaria de elencar.
A primeira: tido como um sujeito autêntico, avesso ao marketing, o treinador são-paulino não parece gostar de vender a ideia do “aqui é trabalho, meu filho”? Posso estar equivocado, mas o seu jeito bronco, assertivo e muitas vezes simplista me parece sempre oportuno e com uma pitadinha teatral, como se quisesse fazer parecer com o “Mestre Telê”.
Outra: muitos lembrarão que quando saiu do Palmeiras, houve críticas quanto ao seu trabalho de campo, de que fazia poucos treinos técnicos e não passava noções táticas aos jogadores. E o mesmo se viu e ouviu quando da sua demissão no Santos.
E, convenhamos que o futebol (ou a falta dele) das equipes por ele treinadas, inclusive as campeãs, parecem dar razão a essas constatações. Embora organizadas, ficam marcadas pela pouca criatividade, pelo jogo “amarrado”, com jogadores mecanizados e futebol pobre!
Vejo como emblemático o baile do Barcelona de Guardiola no Santos de Muricy, na final do Mundial Interclubes de 2011. Embora difícil imaginar uma vitória sobre o espetacular time espanhol naquela oportunidade, mais difícil ainda é imaginar uma derrota vexatória como aquela (4 x 0) caso o Santos estivesse sob o comando, por exemplo, do Tite (hoje, com sobras, o melhor técnico do país). A passividade do Muricy em terras japonesas chocou. E olha que o time tinha Neymar, Ganso, Arouca, Rafael, Danilo e cia, não era, pois, um “catado” qualquer.
Refletindo, confesso minha pulga atrás da orelha quando ouço falar em “ah, o futebol de hoje é rápido e muito tático”, ou coisa do tipo. Afinal, a seleção brasileira de 70 também não era? E a laranja mecânica? Mas, em última análise, chego à conclusão que o futebol está sim muito mudado e cada vez mais carrego a convicção de que treinadores que trazem consigo como principais qualidades a sua liderança e o seu comando (o que não é pouco, Felipão chegou a ganhar uma Copa do Mundo assim), precisam se mexer, pois a necessidade de excelência nos aspectos físicos e táticos estão a cada dia – e partida – mais evidenciados.
Que a autocrítica e a humildade estejam sempre presentes.
E segue o jogo.
Nunca gostei do “Estilo Muricy” rabugento, fingindo ser o “maior trabalhador do mundo”, mal humorado. Trata-se de um técnico que deu muita sorte na vida profissional (a sorte é de fato, um componente muito importante para qualquer profissional, para todo ser humano), pois não se atualiza, não possui noção tática e detesta jogadores jovens que não sejam Medalhões Consagrados. Eu estive no Japão para assistir o Glorioso Santos F.C. e NUNCA imaginei sentir a raiva que senti de um treinador incompetente, superado, até mesmo inconsequente pela forma que o Santos jogou contra o Barcelona. Dei Graças a DEUS quando ele foi DEMITIDO e desejo que fique MUITO TEMPO no São Paulo F.C., pois assim o Tricolor ficará de fora da disputa dos principais Campeonatos.
Vicente, eu achava que o Muricy fazia trabalhos muitos bons até o São Paulo de 2007! Depois disso, acho que ficou muito acostumado a montar equipes que se defendiam bem, apostavam na ligação direta e faziam um gol de bola parada (o que começaram a chamar de Muricybol).
Realmente, a partida contra o Barcelona foi um marco! Tirar o Elano (que na época não vinha mal) e colocar o time com três zagueiros, contra uma equipe sem centroavante fixo, foi um horror! Fora a surpresa do time quando o Barcelona batia escanteios curtos, sem jogar a bola direto pra área, coisa que qualquer pessoa que acompanhasse as partidas do time catalão saberia.
Depois disso, ele resolveu apostar na posse de bola, mas ela ainda é muito devagar, sem movimentação dos jogadores, sem ousadia.
Também não gosto dos últimos trabalhos dele, mas admiro que ele esteja tentando mudar. Só que precisa dar resultado, né!
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