Créditos da imagem: Blog do Chico Maia
Concluindo o relato de uma pequena parte da história dos “Irmãos Moreira” (foto), trajetória essa dedicada ao futebol, Airton Moreira (o primeiro da esquerda), o mais novo dos três – apesar de menos famoso – deixou o seu nome marcado no futebol mineiro, mais precisamente no Cruzeiro, na década de 60.
Ele foi o responsável por formar uma das maiores equipes da história do clube – o time que ficou conhecido como “Academia Celeste”.
No ano de 1964, foi novamente convidado a assumir o time, pois já era funcionário do clube e pelo qual já havia sido técnico em 1957, e teve a ousadia de promover alguns jovens jogadores, tais como: Natal, Dirceu Lopes, Pedro Paulo, entre outros, formando uma equipe mais leve e veloz.
Diferente dos esquemas mais defensivos praticados pelos seus dois irmãos, Airton prezava um futebol mais ofensivo e, por isso, os jogos do Cruzeiro eram de muitos gols.
Conquistou a Taça Brasil de 1966, contra o Santos de Pelé, com uma vitória incontestável por 6 a 2 no 1º jogo, no Mineirão. No Pacaembu, em São Paulo, no 2º jogo, depois de terminar o 1º tempo perdendo por 2 a 0, virou para 3 a 2 e conquistou o primeiro título de expressão para o futebol mineiro.
Ainda foi campeão mineiro nos anos de 1956/65/66/67.
Está entre os técnicos que mais dirigiu o Cruzeiro – com 200 partidas – obtendo 127 vitórias, 33 empates e 40 derrotas.
Nascido em Miracema (RJ), em 30 de dezembro de 1917, Airton Moreira nos deixou muito novo, aos 56 anos, em 22 de novembro de 1975, em Belo Horizonte. Ele sofria de hipertensão arterial, e após sofrer uma hemorragia cerebral, o treinador não resistiu e veio a falecer. Foi enterrado na capital mineira tendo sobre o caixão as bandeiras dos três clubes da cidade – Cruzeiro, Atlético e América.
“O Cruzeiro era um antes dele. Ficou famoso e respeitado no mundo inteiro sob o seu comando. E não foi mais o mesmo depois que ele saiu”, publicou o jornal Estado de Minas, três dias depois de sua morte.
Na época do ocorrido, trabalhava com o irmão Zezé, sendo o seu auxiliar no comando técnico do time Celeste. Ele deixou a viúva Ione e três filhos: Paulo, Marcos e Júlio. O mais novo – Júlio – chegou a trabalhar como preparador físico, inclusive, com o tio Aymoré, no futebol baiano no início dos anos 80.
Airton também foi jogador, atuava como zagueiro e apesar de pouca técnica, demonstrava muito vigor físico.
Começou no juvenil do Botafogo (RJ) e passou pelo Atlético Mineiro, onde foi campeão estadual, Aeroporto, de Lagoa Santa (MG), e Náutico, time pernambucano pelo qual encerrou a carreira, em meados dos anos 40.
Já em 1946, iniciou a sua carreira de técnico no Metalusina, da cidade mineira de Barão de Cocais. Posteriormente, seguiu sua trajetória treinando os seguintes times: Tupi e Sport – ambos de Juiz de Fora – Bangu (RJ), Atlético Mineiro – em três oportunidades e bicampeão mineiro em 1949/50 – Villa Nova (MG), América (MG), Cruzeiro – em duas oportunidades – Bela Vista (MG), Valeriodoce (MG) e Vila Nova, de Goiás – último time que dirigiu, em 1974.
Como já foi dito acima, retornou ao Cruzeiro em 1975, para ser o auxiliar técnico de seu irmão Zezé Moreira.
A história do futebol brasileiro reserva um capítulo especial a esses três irmãos que dedicaram a maior parte de suas vidas a esse esporte que o seu pai – o farmacêutico Alfredo Moreira da Silva – detestava e nem de longe imaginava um de seus filhos praticando-o.
Aderbal Moreira – o outro irmão – enveredou-se pelo mundo da música e foi um respeitado e exímio tocador de “saxofone barítono”, de nível internacional.
Apesar de esquecidos em sua própria terra, Miracema tem muito que se orgulhar de seus filhos famosos e geniais!
Leia também:
– Zezé Moreira, o “mestre dos mestres”
– Aymoré Moreira – Um Miracemense Campeão do Mundo
– O Comendador José Maria de Aquino
– Célio Silva, o canhão do Parque São Jorge e do Gigante da Beira-Rio
Grande Miracema, terra do querido José Maria de Aquino! 🙂
Bela trilogia sobre os “Irmãos Moreira”.
É preciso preservar a memória em todos os segmentos da sociedade.
Parabéns a este site, que acompanho diariamente e sou fã, por dar espaço para esse tipo de abordagem.
Enfim, a trilogia está completa. Belo trabalho, Ademir Tadeu! Obrigado por fazer com que eu, ainda jovem, possa conhecer um pouco mais da nossa história futebolística.
O Comendador José Aquino é mais um dos filhos ilustres de Miracema! 😀
Eu é que agradeço pela oportunidade de divulgar a linda trajetória dos irmãos Moreira.
Temos também o Celio Silva e a Micaela Martins Jacintho Zakrzeski, no basquete, que muito bem nos representou.
Muito bem lembrado!
Por certo a grande maioria dos que gostam e acompanham futebol não sabia da existência do Airton, até que o Cruzeiro apareceu como time de primeira linha. Foi um zagueiro sem grandes qualidades. Como técnico, somou as duas qualidades dos irmãos. Foi tático, criatico como Aimoré e severo, sem os exageros, como Zezé.
Tem uma professora de musculação muito bonita aqui na Academia e suas 3 irmãs saõ belas também. Falei para ela: seu pai tinha a manha hein? Ela riu. Alguém também deve ter dito ao pai dos técnicos Moreira que ele tinha o segredo.
Ademir Tadeu, obrigado por nos presentear com esta trilogia!
Somos o país mais vencedor da história do futebol mundial e temos que nos orgulhar muito e conhecer mais a nossa história futebolística. Por isso é tão fundamental um trabalho como este que você faz brilhantemente 😉
Muito obrigado pelas palavras.
Belo texto, grande análise. Somente para não deixar de lado a rivalidade, tenho um ponto do texto a corrigir.
O primeiro grande título nacional conquistado pelo futebol mineiro foi a Copa dos Campeões de 1937, onde o Atlético contava com um time histórico liderado pelo grande Cafunga.
Tirando isso, uma análise perfeita 😉
A sua intervenção foi válida, caro Alessandro, em relembrar essa conquista. Um título importante com a participação do Galo, Fluminense, Portuguesa de Desportos, Rio Branco (ES), Aliança, de Campos dos Goytacazes e um time da Marinha. No entanto, por ter sido contra o time do Santos, um dos melhores do mundo de todos os tempos e naquelas circunstâncias – o do Atlético pode ter sido o primeiro -, mas o do Cruzeiro foi mais relevante, na minha modesta opinião. Muito obrigado pela participação e na lembrança desse fato muito importante na história do Galo.
Ademir Tadeu concordo plenamente… Admiro seu trabalho e sou leitor fiel de todos os posts da página. Você, com extrema competência, relata com maestria grandes eventos e nomes do futebol mineiro e brasileiro…
Estou descobrindo seus textos por aqui e cada vez mais encantado com essas histórias maravilhosas. Parece que você é um estudioso da família. Também sou Moreira, mas não sou parente. Não sabia que o esse Airton era irmão deles.