Créditos da imagem: Nelson Almeida / AFP
Antes de tudo, quero deixar claro que vejo a eliminação gremista como desses acasos que acontecem no futebol. A equipe esteve bem desfalcada, Everton teve a oportunidade de fazer 2 a 0 e a classificação estava sob controle. Só que o Grêmio especulou na Argentina, sentou na vantagem no primeiro tempo em Porto Alegre, não merecia os gols que marcou, e não tenho a menor dúvida de que os argentinos mereceram a classificação. A atitude e a eterna crença na classificação, mesmo com a derrota em casa, foram dignas de um gigante como o River. E superar grandes dificuldades é justamente o que nosso futebol parece julgar impossível nos últimos anos.
No meio do empreendedorismo, palestrantes frequentemente falam da diferença entre o que chamam de “economia da escassez” e “economia da abundância”. Grosso modo, dizem que estamos saindo da primeira -que trata da melhor forma de alocar recursos escassos para atender desejos e necessidades ilimitados- em direção à última, acarretada por mudanças produtivas, sociais e tecnológicas que promovem uma abundância de recursos quase ilimitados, como energia, comunicação, acesso à informação, produção de conteúdo etc. Destacam que entender esta mudança na sociedade e ter uma mentalidade “de abundância” é essencial para quem quer oferecer produtos e serviços no mundo de hoje.
Quase sempre que assisto a times brasileiros atualmente, acabo me lembrando dessa ideia e pensando como trilhamos um caminho oposto. Tenho a convicção de que nos últimos anos a mentalidade do nosso futebol passou a ser absolutamente “de escassez”.
Não tenho ideia de quando esse movimento se consolidou e passou a ser generalizado, mas hoje é uma realidade. Até a exceção, que é justamente o Grêmio, confirmou que a regra por aqui é esta. Parece que todos os profissionais envolvidos entram em campo com a ideia de que “um gol define tudo”. Em mata-matas, então, a coisa piora: 1 a 0 “é goleada”. 2 a 0? Quase irreversível. Basta ver como enxergamos como um quase milagre a eventual classificação palmeirense contra o Boca, como se o primeiro jogo tivesse sido uma goleada argentina.
Quantas partidas vemos aqui com muitos gols (não goleadas, mas equilibradas e disputadas), reviravoltas e viradas no placar? Normalmente os jogos são apertadíssimos, 0 a 0, 1 a 0, 1 a 1 ou 2 a 1. As poucas vitórias mais folgadas acontecem quando uma equipe fica à frente no placar e adota postura traiçoeira, defendendo a vantagem e explorando erros do adversário que se abre em busca do empate. As pouquíssimas goleadas acontecem fortuitamente. Se alguém começou perdendo, empatar é lucro; porque virar o jogo, ah, é quase um delírio…
E isto não tem a ver com a qualidade técnica, visto que há equipes dos mais diferentes níveis se enfrentando aqui e em todo lugar. Mas é incrível que no nosso futebol parece existir o “turno” para atacar. A partida começa com o mandante tentando impor o jogo. Se consegue fazer o gol, por mais que esteja em casa e seja superior ao adversário, logo recua, e o que está perdendo passa a dar as cartas. Se chega ao empate, o processo se reinicia. Em eliminatórias, quem estiver obtendo a classificação certamente dará a bola para o adversário, se defenderá como um time pequeno, e só atacará “na boa”. A ideia de buscar “liquidar a fatura” não existe, a não ser que as circunstâncias favoreçam.
E isso não é o “futebol moderno”, no resto do mundo não é assim. Nem vou comparar à realidade europeia, vou recorrer aos nossos hermanos argentinos mesmo (e juro que não é oportunismo): qual a última vez que tivemos aqui uma eliminatória tão movimentada quanto as quartas de final desta Libertadores, entre River e Independiente, na qual se via os dois times tentando vencer a todo instante, alternando ataques incessantemente? E que um time brasileiro conseguiu uma façanha como esta dos Millonarios, ou a do mesmo clube contra o Cruzeiro, em 2015, quando perdeu por 1 a 0 em casa e impôs um impressionante 3 a 0 contra a Raposa em pleno Mineirão?
E o pior de tudo é que isso, ao longo do tempo, altera a mentalidade de todos nós, mesmo torcedores e jornalistas. A tônica passa a ser sempre a de fazer o mínimo necessário. A tal ponto que vemos, por exemplo, comentaristas enaltecendo o suposto “perfeito primeiro tempo do Cruzeiro” na finalíssima da Copa do Brasil, em Itaquera, quando praticamente não tentou jogar e fez 1 a 0 graças a uma bisonha falha individual de um jovem zagueiro corintiano. Ok, é compreensível que a Raposa não se arriscasse, estava defendendo o 1 a 0 obtido na ida, mas daí a ser vista como “perfeita” e merecer elogios entusiasmados, ainda mais contando com uma equipe superior, só ilustra a gravidade da situação. Passamos a assimilar que tudo é penoso.
Para comparar, gosto de lembrar de outros momentos do nosso futebol. Na virada do século, por exemplo, tivemos grandes confrontos como os históricos Palmeiras x Corinthians pela Libertadores (respectivamente, 2 a 0 e 0 a 2, em 1999, e 3 a 4 e 3 a 2 em 2000); a conquista da Copa do Brasil pelo Grêmio, em 2001 (2 a 2 no Olímpico e vitória como visitante por 3 a 1); a semifinal da Libertadores de 2001, entre Boca e Palmeiras (dois 2 a 2); a final do Brasileirão de 2002, entre Santos e Corinthians (2 a 0 e 3 a 2) e, para finalizar, a inacreditável virada do Vasco na final da Copa Mercosul de 2000, contra o Palmeiras, quando apenas no segundo tempo da finalíssima, em pleno Parque Antarctica, virou um 0 a 3 para 4 a 3.

Cristiane Mattos / Ag. Estado
Nem o “EU ACREDITO!” ouvimos mais nas arquibancadas. Simplesmente porque não acreditamos mais. Ou alguém imagina um time brasileiro atual tendo sequer a ilusão de tentar repetir as epopeias realizadas pelo “Galo Doido” há apenas quatro anos, quando, já nas partidas de volta, saiu perdendo para Corinthians e Flamengo e conseguiu virar o placar contra ambos para os surreis 4 a 1 necessários para se classificar?
Os recursos são escassos, e essa é uma verdade econômica. Mas no nosso futebol doméstico a confiança, o tesão e a ambição com a bola nos pés também estão, e isso não precisa e nem pode ser assim.
Boa Gabi.
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