Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Em 2002, o Site Proibido (o nome São Paulo Mania era vetado) anunciou, orgulhosamente, que o então presidente da Torcida Tricolor Independente seria seu colunista. No fórum do site, houve uma chuva de críticas. Ante a explicação de que a TTI seria a “principal torcida” do clube, respondi (ainda como usuário) que “principais torcedores somos todos nós” e que nunca foi dada nenhuma procuração a uma torcida “organizada” para representar a opinião dos são-paulinos. Um ano depois, o presidente colunista foi preso por comandar um homicídio a membro da Mancha Verde, em briga de escolas de samba. Um belo serviço da principal torcida…
O Site Proibido acabou e o fórum já tinha vida autônoma, tornando-se o Fórum O Mais Querido – FOMQ. Mas a Independente ou qualquer outro grupo nunca será principal voz ou símbolo da torcida. Por outro lado, pode ser considerada um dos principais parasitas da politicalha que joga o São Paulo rumo ao precipício – prestes a dar o antológico “passo à frente”. O que sustenta a TTI é a conveniente estratégia de “apoio incondicional condicionado”. Se receberem favores generosos, seus membros teleguiados aplaudirão até o fim. Do contrário, como dizem em situações de crise, “acabou a paz”. Foi assim, devidamente incentivada, que a Independente se aliou ao juvenalismo no primeiro golpe estatutário – já querem fazer o segundo. Inclusive, serviu como tropa de choque na eleição do sucessor Aidar em 2014, intimidando sócios no dia da votação ao conselho.
Havia a expectativa de que, derrubado Carlos Miguel, Carlos Augusto (Leco) cortasse as asas da apoiadora dos que, a rigor, impediram que fosse o candidato situacionista – primeiro Juvenal, depois o mentor Aidar. Mas, num dos momentos de covardia mais sinceros da História do clube, Leco reconheceu que o medo de represálias físicas faria manter o financiamento ao carnaval das organizadas. E assim seguiu a parceria. Graças a ela, o São Paulo foi até condenado juridicamente, como corresponsável por danos provocados pela TTI em partida do Campeonato Paulista – quando não era Copa do Mundo. Prejuízo duplo. Ou triplo. Ou infinito. Um clube que privilegia um grupo, seja qual for sua reputação, está desrespeitando milhões de torcedores. Seja dando ingressos (quando não viagens completas), seja consagrando exploradores como aliados políticos.
Abro parêntese para recordar um tempo em que muitos viam torcidas organizadas como algo folclórico e até engraçado. Por alguma razão que só a estupidez adolescente explica, gritos de “vai morrer” eram tomados como provocações de mentirinha. O tempo e as notícias mostraram que não era nada folclórico, muito menos engraçado. Não ignoro que houve tentativas de interessados em mudar esta imagem. Cheguei a conhecer alguns. Mas o esforço foi em vão. A aproximação com as diretorias são-paulinas foi mais discreta que nos clubes rivais, mas não menos preocupante para o tricolor. Além dos motivos acima, o apoio incondicional foi um dos elementos dopantes durante a decadência progressiva, ao lado do “soberano” que encantou não-uniformizados. Nisso foram iguais em desgraça – com a óbvia diferença de que os organizados não foram bobos de graça.
Quando se pensa que não pode ficar mais constrangedor, vem a gestão Casares disposta a superar Leco em tudo. Trazer a TTI para uma espécie de “reunião de cúpula” é algo que nem Sukita, o presidente-presidiário, cogitaria. Resta saber o preço desta legitimação. Se for mais dinheiro pro carnaval, há um monte de pagamentos na fila para o começo de 2022 – incluindo Daniel Alves e Calleri. Será que o medo fará com que a Independente pule à frente de todo esse pessoal? Uma coisa que o são-paulino não pode mais é duvidar de qualquer absurdo. Não descarto nem uma invasão alienígena ao Morumbi. Se expulsarem todo esse pessoal (TTI inclusa) do clube, talvez não seja má ideia…
Nice