Créditos da imagem: SPFC
No São Paulo, fama é para quem pode – ou para o amigo de quem pode
No filme Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos, o bar onde papeiam os ex-jogadores da primeira parte foi comprado pelo craque da Copa (pela cronologia, 2002). Seu empresário, ex-jogador, compromete-se a não mexer com o andar em que os boleiros e ex-boleiros se reúnem. Exceto por um detalhe: coloca a sua foto na parede, ao lado dos mitos. Um perna de pau no meio de craques. Sem o menor sinal de vergonha. Questão de estar por perto dos caras certos…
Neste último dia 7, a vida real apresentou uma cena que não é parecida, mas traz “o mesmo DNA” – expressão insuportável que entrou no vocabulário da crônica esportiva. O São Paulo Futebol Clube concretizou um bonito gesto que, inclusive, vai atrair mais visitantes ao Morumbi. Trata-se da calçada da fama. Pela quantidade, mais uma avenida que uma calçada. O clube incluiu noventa e nove atletas e ex-atletas, incluindo ídolos e nomes relevantes em conquistas. Mas o que poderia ser objeto de exclusivos aplausos ganhou uma mancha constrangedora como a foto do filme. Refiro-me à presença de Vizolli, volante dos anos 1980. Controvérsias sempre acontecem em listas e homenagens numerosas. Porém, não há sequer o que discutir quanto a esta inclusão. Não apenas é descabida, como sugere uma escolha pelo pior critério possível – camaradagem.
Integrante bem menos expressivo dos Menudos do Morumbi, time que encantou com seu jogo veloz e envolvente, Vizolli só chegou a ser titular anos depois, em 1989. No celebrado esquadrão de Cilinho (depois Pepe), era reserva. Isso quando não foi reserva do reserva, após a chegada de Falcão para o segundo semestre de 1985. Foram 4 gols em 84 partidas. Pode-se pensar, de cara, em pelo menos vinte volantes cuja presença na calçada seria menos incompreensível. Mas nenhum destes conseguiu, por conhecer as pessoas certas, continuar circulando pelo clube. Até hoje, depois de breve saída, Vizolli integra o quadro de treinadores da base. Nenhum trabalho foi relevante. Os poucos resultados dignos de nota foram, na opinião de muitos que acompanham a garotada, apesar de seus préstimos. Jogador medíocre, treinador mais medíocre ainda. Seu provável talento: ser “gente boa”.
Na calçada onde o torcedor verá o nome de Vizolli, falta o de Lucas Moura. Simplesmente o jogador mais memorável do período mais medíocre da História recente do clube. Se o último título tricolor se deu há seis anos, em vez de dez, isso se deve ao então camisa 7. Não por acaso, já estava negociado a peso de ouro com o PSG. Mesmo assim, prometeu que não tinha medo de se arrebentar nos muitos jogos restantes da temporada de 2012. Prometeu e cumpriu. Saiu realmente moído de pancadas da decisão da Copa Sulamericana – em que abriu o placar e deu o passe do segundo gol. Deixou o Morumbi com reputação ilibada, querido como poucos. A diferença entre o excluído Lucas e o lembrado Vizolli dispensa maiores deduções contra o segundo, além de tornar altamente improvável que o alto comando do clube não esteja ciente (e de acordo) da vergonhosa incoerência.
“Ah, mas tanto caso por um nome?”. Sim. Porque revela, por si, o longo caminho que o São Paulo tem para se desintoxicar. Ou melhor: o longo caminho que o Brasil todo tem para se desintoxicar. Ainda existe uma grande condescendência com esse tipo de “favorzinho”, como se uma boa ideia justificasse certos deslizes. Não justifica. Cada vez que uma honraria é dada a quem claramente não merece, outros tantos que teriam motivos para receber são feitos de trouxas. E de trouxas em trouxas se chega ao ponto em que estamos hoje, reclamando de tudo. Inclusive disso. O São Paulo e seus heróis de verdade terão sempre um papagaio-de-pirata ao lado. A quem não o viu jogar, guarde bem esse nome e passe reto. Não vale nem um olhar de espanto.
Só pela grana que o Lucas Moura rendeu ao São Paulo ele deveria estar ali ao lado do Raí e do Ceni! rsrsrsrs
Eu vi o Vizolli jogar. Realmente volante medíocre na acepção da palavra. Mediano. Absolutamente nada demais. Como técnico desconheço seus trabalhos, mas realmente me parece que está lá, digamos, “por outros caminhos”, que não a qualidade dos serviços prestados.
Por outro lado, gostaria de saber 2 coisas, que pesquisei, mas não encontrei.
1. Há jogadores em atividade entre os homenageados? Pq se não houver a ausência do Lucas estaria mais que explicada.
2. Há outros nomes, digamos, de menos brilho, mas com identificação e anos de ligação com o clube? Pq até onde me lembro, o Vizolli passou meio que a vida no SPFC (o que não tira a validade da sua argumentação, só pra entender mesmo).
Abs
Mas que vergonha!!!! Só com muito jeitinho, camaradagem e a “cordialidade” do povo brasileiro mesmo!!!!!!!!!!!!!!!!! Até fiquei curioso pra ver a lista completa!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não sei, nem procurei saber, como e por quais pessoas os 99 nomes foram escolhidos. E imagino com vários que vi jogar poderiam estar na relação. Quanto ao Vizolli, alguém diria que, mesmo ausente, por morte, “titio” deu uma força.
O Vizolli é um dos maiores ganhadores de títulos no São Paulo FC. São 40 anos de clube, como jogador (base e adulto), técnico e coordenador. O texto é ridículo e quem escreveu deveria ter vergonha