Créditos da imagem: Getty Images
As dificuldades do PSG para criar um time com três dos melhores atacantes do mundo surpreende? Não. Mesmo se Messi e Neymar estivessem em seus apogeus atléticos, a missão de montar um elenco com três protagonistas seria extremamente difícil e de sucesso improvável nos maiores campeonatos. Esta pequena coluna explica, realmente sem mais delongas, como a Lei de Murphy é facilmente aplicável para derrubar o sonho dos desavisados. São apenas duas perguntas que ninguém faz – por preguiça, desconhecimento ou oportunismo.
1 – quem vai marcar? No futebol de hoje (provavelmente desde o início do século), formar uma linha defensiva com sete ou menos jogadores é suicídio. Polêmica? Pelo contrário. Basta ter olhos ligados a um cérebro para constatar. Então, já que só existem dez na linha, qual deles vai participar da marcação? Geralmente as três estrelas já atingiram status de não marcar no campo de defesa. Não era o caso do trio MSN, em seu ano glorioso de Barcelona. Neymar, ainda recém-chegado ao futebol europeu, formava a linha defensiva pela esquerda. Na direita, cabia ao meio-campista Rakitic fazer o mesmo serviço, no lugar de Messi. Uma das razões da ida de Neymar ao PSG, foi ganhar o privilégio de não voltar. Justamente o que perdeu após a chegada de Messi – que, além de ter justificado a dispensa defensiva em toda a carreira, nem tem mais idade para isso.
Importante: nunca confundir marcar na defesa com combate na saída de bola. Tampouco, como já falei em coluna sobre o Flamengo, confundam formar linha defensiva com dar migué – um piquezinho ali, outro aqui e uns carrinhos na lateral pra fazer média com a torcida.
2 – e os reservas? Manter um trio estelar sugere a necessidade de suplentes à altura, para casos de lesões, suspensões ou preservação física de algum deles. Mas que atacante de alto nível, em forma, topa ser contratado para só atuar nas sobras? Quem já está no elenco acaba pedindo para ser negociado. Sobrarão apenas nomes medianos ou pratas da casa – que, se forem muito promissoras, também acabarão forçando as saídas. Ou seja: no lugar de dosar esforços, o treinador pouco pode abrir mão da trinca ofensiva e amplia o risco de sua arma principal (única?) chegar em más condições aos confrontos decisivos.
Nenhum gestor responsável pode conceber uma equipe marcando com sete e sem reservas competitivos. No fim, é sempre ruim para todos, incluindo os três astros. A mídia e a torcida até podem livrar a barra de um por algum tempo. Mas, depois do fracasso final, o lançamento de tomates será bem democrático. Claro que quase todos os comentaristas sempre dirão que o trio é viável e ainda creditarão parte do fiasco ao técnico. Nem a repetição de casos faz com que aprendam. Não ganham para isso. O que enche o bolso é fomentar uma boa leva de trouxas pelo maior tempo possível – de preferência, pela eternidade.