Créditos da imagem: Djalma Vassao/Gazeta Press
Existem dois tipos de tiranos. Um é o clássico, que cala a boca de qualquer oposicionista à força. Outro é o moderno, que aparenta tolerar antagonistas, desde que não usem bala de verdade. Esse opositor de araque é o rebelde a favor. Seu papel é conquistar a confiança dos contrariados para que estes, na hora crítica, estejam ao seu lado quando apenas fingir que combate o governo com ações usualmente calculadas para fracassar. Naturalmente, isso não sai de graça. O rebelde a favor também quer favor. É assim na política. É assim no São Paulo Futebol Clube.
Por trás do aspecto semi-inteligente, Leco manteve o controle da crise com frentes de rebeldia favorável. Este colunista não tem conhecimento de todas, mas duas delas são visíveis a olho mais nu que Playboy da Luma de Oliveira nos anos 80. A escancarada é a Torcida Tricolor Independente. Ano passado, Leco já admitia dar dinheiro para o Carnaval, até orgulhoso pela covardia. Com o tempo, aperfeiçoou a relação. A TTI se tornou mais útil ao atrair insatisfeitos para, em seguida, dizer a eles que o caminho “moderno” de protestar é dando apoio incondicional. Outra vertente atua em meio a torcedores não-uniformizados, na internet. É o Resgate Tricolor. Esse grupo conseguiu visibilidade nas redes sociais, inclusive com participação de pessoas da política do clube. Mas bastaram algumas benesses, bem como a presença naquela reunião do CT, para a ação crítica virar “propositiva” – entenda-se: ideias populistas para angariar desavisados.
Agora o mote de ambas as rebeldes a favor é o outro: nenhuma hora é hora de criticar. Seja porque é previso aguardar o planejamento de 2018, seja porque é preciso ver a execução do planejamento de 2018, seja porque o planejamento de 2018 foi uma porcaria, mas protestos atrapalhariam o time contra o rebaixamento, etc… Vejam o que aconteceu nesta semana. Justamente quando torcedores em geral se movimentam por coros contra Leco no Morumbi, membros da TTI e do Resgate se reuniram com a diretoria, sob a justificativa de apresentarem críticas aos dirigentes remunerados e sugestões de contratações. O fim foi previsível: desfile das baterias das escolas de samba das organizadas no Morumbi, com ingresso a um real e bandeiras distribuídas para homenagear a torcida. Tudo para constranger o intuito de quem tiver pensado em ir para criticar. Lembra a história do “imagina a festa” da Copa de 2014, que terminou com uma ressaca de 7 a 1 na cabeça dos “festeiros”.
Sim, tais expedientes têm mesmo sua eficácia. Isso porque a torcida são-paulina não lembra mais como é torcer para um time grande – o que equivale a esquecer como andar de bicicleta. Depois de três anos comemorando não-rebaixamento ou vice-campeonato (bem atrás do campeão), não chega a espantar que o comentário de um leitor tenha me indagado como acho que devem cobrar. Desculpem, mas não pretendo ser pai ou guru de torcedor. Antes mesmo dos maiores títulos, a torcida tricolor era conhecida pelo grau de exigência. O finado Mário Sérgio dizia que, quando jogou pelo clube, se não saísse gol em dez minutos já vinha chiadeira. Tudo bem que não precisa chegar a esse grau de ansiedade, nem ao recalque de certas reclamações. Porém, como escrevi anteriormente, esse torcedor enxaqueca tem muito mais cara de um clube com o tamanho do São Paulo, se comparado à síndrome de Estocolmo dos dias atuais.
Enquanto o cenário for esse, a gestão Leco, a tropa chapa-branca (incluindo blogs e sites de “mães das hienas”) e os rebeldes a favor continuarão fazendo de cada temporada um ano da marmota, em que a sequência esperança-desilusão-alívio se repete a cada espocar de champagne. Até o dia em que o torcedor finalmente fugir dos patrulhamentos “antimodinhas” e buscar, dentro de si, aquilo que cobra, sustenta e restitui a grandeza de um clube. Por ora, ficamos com a comédia farsesca de uma república de bananas.
Triste é que o torcedor nem percebe que está sendo manipulado e comprado por dirigentes suspeitos como o Leco!!!!!!!!!!!!!!! É factoide em cima de factoide pra fazer a torcida ficar assim anestesiada!!!!!!!!!!!!!
Essas ORGANIZADAS não me representam
E além disso tudo, em momentos de crise a diretoria do São Paulo sempre tem sabido trazer algum ídolo do glorioso passado. Seja o Kaká, o Lugano, o Luis Fabiano, o Hernanes ou o Rogério Ceni de técnico, sempre aparece alguém para renovar o recente sebastianismo tricolor. E mesmo quando não tem, sempre dá para fazer alguma contratação chamativa como Pratto, Jucilei…
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