Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
O São Paulo Futebol Clube terá eleições no final do ano. Porém, já é possível dar um spoiler: Júlio Casares, candidato da situação, será eleito. As adesões de supostos oposicionistas e caça-favores (inclusive os de redes sociais) evidenciam o que sequer deveria surpreender. Parodiando a decantada história da moedinha, no sistema cardealista a situação vence com cara ou coroa. A oposição, só quando a moeda cai em pé. Questão de ter a faca, o queijo, os cargos e as benesses nas mãos. O futebol do time? Ora, o futebol do time…
Os fatos não mentem. Foram apenas duas mudanças inequívocas nos últimos 40 anos. Nenhuma diretamente ligada à gestão do objeto social do clube. A despeito de as votações terem ocorrido em épocas de insatisfação, a causa da virada foi diversa. Comenta-se que Pimenta foi eleito por causa do “não-rebaixamento que houve”, mas o desastre no Paulistão só se consumaria meses depois – não que, registre-se, isso tire a culpa do antecessor Juvenal Juvêncio. Naquele tempo, Juvenal era um intruso, de passado pouco conhecido (até hoje), que não tinha entendido o espírito da política no clube. Acreditava que os resultados de 1989 (título paulista e vice-campeonato brasileiro) bastariam para ser reeleito. Não foram. Seu desafeto Nunes Galvão tramou a vingança quase perfeita. Quase, porque depois rompeu com o aliado Pimenta e sumiu.
Passados os anos dourados entre 1991 e 1993, o bloco da situação teve passagens constrangedoras. O Morumbi foi interditado por insegurança. Houve uma eliminação da Copa do Brasil por causa de uma inscrição irregular. Um dos presidentes era tão descompensado que tentou ensinar um zagueiro campeão mundial a cabecear. Enquanto Palmeiras e Corinthians disputavam jogos marcantes na Libertadores e no Mundial da FIFA, o SPFC ficava com dois Paulistões (já menos importante) e um amargo vice da Copa do Brasil. Nada disso garantiu chances reais à oposição. Até que Portugal Gouvêa compreendeu que, para vencê-los, teria que se juntar a alguns deles. Conseguiu o apoio do grupo de Márcio Aranha e, assim, chegou ao poder. Depois, rompido com Aranha, teve que fazer das tripas votos para se segurar “no limite extremo”. Isso depois de o time voltar à Libertadores.
De volta à presidência em 2006, como diretor do triunfal ano anterior, Juvenal mostrou ter aprendido a lição. Cardeal fica feliz vendo vitórias, mas fica mais feliz ainda com camarote, diretoria adjunta e outros módicos favores. Neste caso, pode até perder o título que não liga muito. Terceiro mandato? Estatuto reeditado para transformar reeleição em primeira eleição? Não tem problema. O bloco amarelo de Juvenal teve mais votos em 2011, vindo de frustrantes temporadas, que em 2008 pós-bicampeonato brasileiro. Quase ser rebaixado em 2013 tampouco impediu que Aidar, mentor do golpe, retornasse ao cargo que ocupou entre 1985 e 1989. Foi deposto após escândalos financeiros, mas quem o sucedeu foi o também situacionista Leco. Inclusive, reeleito após mais um ano em que o tricolor quase beijou a lona. Os conselheiros preferem as marmotas.
E a oposição? Aparentemente, faz o que é necessário… para perder. Marco Aurélio Cunha, o homem de um metro e meio que olha para todos de cima pra baixo, é adorado pelos tontos das redes sociais, mas não pelos sumos cardeais vitalícios do Morumbi. Ele sabe disso. Ou sua arrogância o faz acreditar que pode mudar este cenário, ou sua presença é mais uma garantia consciente de que a situação, da qual fez parte entusiasmada nos tempos dos falecidos Gouvêa e Juvenal, seguirá intocada. Proposital ou não, a derrota já foi entendida por quem vive do clube – não pelo clube. Quando dezembro chegar, a moeda não estará de pé.
Obs: este colunista não manifesta apoio a candidatos do SPFC. Apenas venho apontando, há longa data, que o sistema político do clube é prejudicial à correção de rumos. Não ver isso é cegueira voluntária.
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