Créditos da imagem: Reprodução / ESPN Brasil
Cinco parágrafos sem assunto – em homenagem aos programas sem assunto
Termino de assistir ao jogo da Champions League, com mais um Advil pra aturar a “narração emocionante”. Coloco na ESPN Brasil… e tiro da ESPN Brasil. Algum dos trocentos programas estava discutindo “quem é mais ídolo no Brasil – Neymar x Gabigol”. Pior que a inutilidade foi o empenho de quem participou. O instinto por manter o emprego fala mais alto. Numa emissora que enrola a programação com “debates” infindáveis, vale qualquer tema. O próximo passo é sintonizar e ver Gian Oddi gastando cinco minutos – provavelmente inconclusivos – pra explicar se Tostines vende mais porque está sempre fresquinho ou o contrário. E o apresentador William Tavares adorando a conversa fiada.
A história não é outra na concorrência. A causa também é igual: mais de um canal pros eventos simultâneos. Os adicionais entucham o resto do tempo com reprises. Os principais, de conteúdo original, vão na solução mais barata: papo furado. Só varia o ar de sobriedade. Uns programas são pretensamente descolados. Outros mais disfarçados de coisa séria. E tem os de baixaria assumida, vulgo Fox Sports. O telespectador que passa horas zapeando tem uma certeza: na semana seguinte, repetirão todas as discussões. Normalmente, com opiniões inversas. O técnico que ressuscitou o time morreu. E vice-versa. O jogador que deu a volta por cima voltou pra debaixo da terra. E vice-versa. No meio dos vice-versas, um ponderado que nunca tem opinião, um engraçado sem graça e um zangado que fugiu da Branca de Neve. Ou foi enxotado por ela e pelos outros anões.
Se a coisa já é repetitiva no ápice da temporada, imaginem no começo. O citado William até já teve um meio-piti. Depois que um internauta pouco amigo reclamou que estavam decretando por conta de um jogo, rodou a baiana – e nem era Carnaval. Falou que, já que é assim, não iam mais debater coisa alguma até abril. Excelente ideia. Se até a Globo dá férias pra vários programas de janeiro a abril, por que não os canais esportivos? Mas, lembra meu amigo mexicano Pancho, a Globo tem dinheiro pra isso. Só que nem sempre gastou assim. Nos anos 80 era enlatado na veia. A ESPN tem um monte de documentários da matriz americana. Dá pra fazer uns três nacionais e reprisar por semanas. O SporTV tem a grana da Globo, ora pois. E a Fox… Quem se importa? Até jogo eu assisto na opção de som ambiente – sim, coloquem na opção DES e relaxem*.
Outra opção útil seria um sistema de cotas. Pra falar de negros, mulheres e gays? Não, aqui não é o Morning Show da Jovem Pan, nem eu sou Edgar ou a neta do dono. Estou falando de limitar determinados temas. Por exemplo: Neymar, só em dia de jogo ou uma vez por semana. Com teto de dez minutos e sem poder resmungar sobre o pai. Messi ou Cristiano Ronaldo, cinco minutos por mês e olhe la. Perseguição a Jorges Jesus ou aos técnicos brasileiros, dois minutos. E por aí vai. Desrespeitou a pauta, torta na cara do integrante. Sem punição, não tem proibição que role. Lembram o Passa e Repassa? Agora é toma e retoma. O telespectador coloca na mesa redonda, vê todo mundo coberto de chantily e já deduz o que aconteceu. Se Mauro Cezar Pereira levou uma, deve ter reclamado a favor ou contra o Flamengo por mais de trinta segundos. Bem que o Paulo Andrade avisou…
Enquanto minha proposta não for analisada, o jeito vai ser assistir outra coisa ou desligar a TV. O computador também. Senão tem o risco de se deparar com o mesmo integrante do programa em seu canal de Youtube. Sem limite de tempo e assunto. Vai ver, a lição de moral do tiozão Mironga é essa. Gostar de futebol, sim. Gostar de horas de encheção de linguiça em torno de futebol, vai catar coquinho. Aliás, tá difícil achar um pé de coquinho por aí. Melhor apagar essa parte. Vai que o Gian Oddi lê e resolve discutir a causa da extinção dos pés de coquinho. Com Mauro Cezar culpando a elitização dos parques…
*infelizmente, não dá pra fazer isso nos jogos do campeonato espanhol, que só passam no canal da patroa – Fox Premium.
Muito bom o texto, parabéns! Os debates esportivos dessas emissoras estão insuportáveis.
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