Créditos da imagem: Reprodução FIFA
Há cerca de quinze anos, os telespectadores argentinos viram um dos programas mais egocêntricos sua História. Viram e adoraram. Motivo: era La Noche del 10! Todos queriam ver o apresentador saudável, lúcido e esbanjando energia em suas dez apresentações, começando com uma conversa de lendas supremas com Pelé. O Rei entendeu e, mesmo sendo o entrevistado, foi o humilde coadjuvante daquele que, lá, é considerado divindade. Em forma após cirurgia bariátrica, o dono do show até reeditou o último gol da carreira, contra o “assistente de palco” Goycochea. Foi o último momento de brilho total de Diego Armando Maradona. Hoje, oficialmente, fora do ar no mundo dos vivos.
O programa teve as edições apresentadas no SporTV e assisti a quase todas. Torci para que mantivesse aquela recuperação. Não foi uma das pessoas que mais apreciava, mas por que raios ídolos precisam ser apreciados como pessoas? Não precisam. O que fazem ou deixam de fazer em suas vidas particulares não é da nossa conta. Porém, ficamos contentes quando estão bem. Significa manter vivo nosso passado, nossas lembranças. Seja nos momentos sombrios (como a expulsão mimada contra a seleção brasileira em 1982), seja nos de glória (a conquista do mundo em 1986), seja aqueles de glória que dispensaríamos (1990…), seja naqueles que mancharam toda uma carreira brilhante (cocaína, cocaína, cocaína). Maradona foi, como outros ícones que atingiram o pico nos anos 1980, um drama completo. Sua vida, sozinha, rende todas as formas de arte. Incluindo a mais óbvia: o tango.
Daqui do Brasil, não soa fácil viver como um mito argentino. É como nascer com a obrigação de ser contraditório a cada gesto. O melhor e o pior em questão de segundos. Ao menos é o que, entre outros, infere-se da vida de Eva Perón, a santa pecadora dos descamisados – aliás, hoje teremos uma reprodução aumentada daquele 26 de julho de 1952. Maradona seguiu esta sina à risca. Como drama pouco é bobagem, também quis ser divino na operística Itália. Nápoles se tornou o manto azul de seu clube com o número de sua maior paixão. Em compensação, foi odiado no resto da Bota. Tanto pelos gols e passes no Napoli, quanto pela eliminação italiana na Copa de 1990 – justamente em seu palco de brilho. Ter berrado “hijos de puta” (como represália pelas vaias ao hino de seu país) não ajudou a fazer as pazes. Mas hoje todos os italianos choram. O amor ao jogo perdoa tudo.
Mas foi no México, não na Argentina ou na Itáia, que não só tocou o sol, como fez embaixadas com ele. O palco da consagração definitiva de Pelé teve a felicidade de ungir outro monarca. A taça foi a formalidade final da coroação que ocorreu contra a seleção de uma rainha. Um gol infame, seguido por outro tão inatingível que tornou aceitável a desculpa mais cínica já dada por um futebolista – “foi com a minha cabeça e a mão de Deus”. A “Mano de Diós” que rendeu a música cantada pelo próprio Diego na estreia de “La Noche…”. Quando terminou a edição final, veio o maior furo em seu roteiro: continuou vivo. No lugar do fecho apoteótico (que certamente uma produção de Hollywood faria), virou técnico, meteu-se em mais entreveros e, quinze anos mais tarde, viu as cortinas fecharem. Seu show já estava em palcos indignos de seus sucessos. Restaram mais lágrimas que aplausos.
Há inúmeras formas de encerrar este elogio ao morto, mas vou ficar com as palavras de outra memória recém-falecida. No programa que encerrou a transmissão global da Copa de 1986, Fernando Vanucci leu os mandamentos que resumiram sua ecumênica grandiosidade. Que se dane se não foi o maior de todos (e não foi). Hoje lembramos, comovidos e saudosos, que em 29 de junho de 1986 a Lei do Futebol foi esta abaixo. Ai do herege que discordasse.
1 – Amar a Deus sobre todas as coisas;
2 – Amar a bola sobre todas as coisas;
3 – Amar o passe;
4 – Amar o drible;
5 – Amar o gol;
6 – AMaradona…
Descanse em paz, pibe.
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