Créditos da imagem: Portal Terra
Em 2002, levei meu neto Renato, então com 5 anos de idade, ao CT do São Paulo. Ele queria ser fotografado com Kaká, ídolo no momento, chamado para a Seleção Brasileira que disputaria o Mundial.
Enquanto aguardávamos, França e Rogério Ceni passaram e perguntaram se ele queria ser fotografado com eles. Renato disse que não. Esperava Kaká. Dias depois, recebeu uma camisa tamanho “P” enviada por Ceni que, longe de se magoar com a resposta de um menino, valorizou sua sinceridade. Renato tornou-se colecionador de camisas de Ceni, e virá de Campinas para o jogo de despedida do “Mito”, dia 11, no Morumbi (entre os campeões mundiais de 1992 e 1993, comandados por Raí, e os vencedores do Mundial em 2005, com Lugano e Amoroso como grandes destaques).
Por estes dias, li nas redes sociais postagem feita por um amigão, são-paulino e petista, dizendo que faz uma força danada para separar o goleiro Ceni do homem, valendo por uma crítica a Rogério, por ter ele, em resposta a perguntas, se posicionado a favor da saída da presidente Dilma. Rogério poderia ter ficado em cima do muro, como tantos fazem. Por não ficar, tem meu aplauso. Não pela resposta que deu, mas por não fugir do questionamento. Além de jogador, é um cidadão.
Outro dia, um técnico da Porto Seguro veio à minha casa para arrumar o micro-ondas. No papo com minha mulher, ele disse ser corintiano e criticou Rogério Ceni “por não dar vez aos goleiros que por tantos anos foram seus reservas”. Entrando na conversa, indaguei a ele se a Porto Seguro costuma aconselhar clientes dela a fazerem seguro também com o Bradesco, o Itaú… E se ele alguma vez tinha lido aviso na porta do Pão de Açúcar ou do Carrefour, aconselhando clientes a comprarem também no mercadinho do Zé Maria, na outra rua do bairro. O técnico me entendeu. É da vida.
Vários amigos, corintianos, palmeirenses e até flamenguistas, naturalmente, (ainda) costumam criticar Rogério Ceni, a quem chamam de “Minto”, por não dar vez aos reservas, por cobrar faltas, por falar muito, por ser o dono do time, marqueteiro etc. Sempre coloco que ele só cobrava faltas e pênaltis, porque mostrava qualidades, excelente aproveitamento. E digo que se eu fosse atacante do São Paulo, sentiria vergonha por ser superado, nesses quesitos, por um goleiro, ainda mais depois que os times passaram a utilizar em demasia a tal da “bola parada”. Quem acompanhava os treinamentos do São Paulo, via que enquanto os demais corriam rapidinho para os vestiários assim que a prática era encerrada, ele continuava horas aperfeiçoando as cobranças de faltas. Chama-se a isso profissionalismo.
Há bom par de anos, uma colega afirmou, durante um debate no Arena, da Sportv, que ele, Ceni, fazia tempo, havia forjado uma proposta do Arsenal, visando, com isso, uma renovação de contrato mais vantajosa. De imediato ele ligou para o canal, fez críticas à jornalista e garantiu que a processaria. Não sei se o fez, mas sei que nenhum debatedor saiu em defesa da companheira, e que só Cléber Machado, o comandante, tentou ajeitar a situação, sem sucesso.
Atitude igual, que me recorde, só de Emerson Leão. No geral, jogadores se calam, mesmo quando tendo razão e motivos, receiosos de serem criticados por quem tem o microfone nas mãos. Não foi aquela a única vez que Ceni buscou o que achava seus direitos. Receio mais os que se calam quando devem gritar. Jogadores que deixam de opinar, mesmo sobres questões fora do mundo da bola, ajudam a consolidar a ideia de que são todos uns alienados. Durante décadas Pelé foi criticado por dizer que brasileiro não sabia votar. E a verdade é que ainda não aprendeu.
Nessa longa caminhada, vi jogar, ouvi jogar, e convivi com alguns grandes goleiros. Jurandyr, ainda no tempo da bola marrom. Barbosa, Osvaldo Baliza, Castilho, Veludo, Gilmar, Oberdã, Cláudio, Poi, Valdir Peres, Manga, Leão, Marcos, Cejas, Rodolfo Rodrigues. Rogério Ceni tem de estar entre os três que qualquer um escolher. Esqueça preferência clubística. Inclua sua personalidade forte, mas leal. E, claro, sua competência para ajudar – defendendo e marcando – o time dele vencer.
Mito!
Jogador histórico e especial, que faz jus ao apelido, já que verdadeiramente é um MITO do futebol. 😉
Reservado a poucos. Bem poucos…abs
Sempre mostrando talento.
Pena que não possa esticar, esticar… abs
Comecei a ler seu texto sentado na cadeira de minha mesa de trabalho, assim permaneci e fui escorregando da mesma durante a leitura, quando reparei estava apenas com a cabeça sobre a mesa, a carapuça entrou e pesou mais ainda e totalmente debaixo da mesa, solicitei a secretária para ler o último parágrafo.
Mas ainda não o vejo como meu terceiro goleiro. Talvez entre os 10.
Como não relacionou seus três maiores, fico achando que ele é o primeiro…rssss abss
Minto.
É nada. Você deve ter sonhado com ele vestindo a camisa do Timão. Mil vezes…rsss abss
São Marcos é muito melhor!
Marcos foi de fato um grande goleiro. Excelente, tanto quando Ceni. Que além de defender, marcava gols. Absss