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Antes de mais nada, quero deixar claro que torço para que o Brasil seja campeão em 2014!
Torço para o Brasil porque acho que o futebol e a seleção são traços importantes do país, que ajudam a nos definir e dar autoestima.
Conquistarmos a Copa em casa também é importante: dos campeões mundiais, só nós e a recém-associada Espanha não possuímos títulos como anfitriões.
Mas o que mais me faz torcer para que ganhemos a Copa é o fato de eu achar que o futebol brasileiro vem sendo muito subestimado, e digo isso sem nenhum pachequismo. Claro que perdemos o protagonismo mundial (que hoje é mesmo da Espanha, e ainda vemos a embalada Alemanha à frente), mas continuamos muito bem. As eliminações precoces dos dois últimos mundiais nos deram uma enganosa ideia de que somos coadjuvantes, quando todos sempre pregam que o futebol guarda surpresas: éramos os favoritos absolutos para a Copa de 2006 e um dos dois (juntamente aos espanhóis) para a de 2010. Ou seja, o futebol brasileiro não “vem em crise”.
Após a Copa de 2010, o radical processo de renovação aliado à falta de competições e tempo de treinamentos fez com que a Seleção ficasse inofensiva como poucas vezes na história.
Paralelamente, a crise econômica europeia e o aumento de faturamento dos clubes brasileiros fez com que passássemos a segurar mais os jogadores por aqui, e diminuiu o fluxo de nossos grandes jogadores para a Europa. Consequentemente, fomos perdendo participação entre os destaques (principalmente os ofensivos) dos principais clubes da Europa.
O vexame do Santos contra o Barcelona também contribuiu para que nosso futebol fosse visto como de segunda linha. Não importa que aquele Barcelona poderia, talvez, ser o melhor time da história do futebol, nem que ele também tivesse castigado clubes como o Real Madrid (5 x 0 e 6 x 2 no Bernabeu) e o Arsenal (4 x 0).
Nem mesmo o fato de um clube brasileiro ser o atual campeão mundial faz diferença para aumentar a autoestima tupiniquim. Claro que o Chelsea do Mundial estava longe de ser o melhor time europeu, mas era sim uma equipe de primeiro nível do continente, e a vitória do Corinthians foi irrepreensível (ao contrário das duas últimas vezes em que clubes brasileiros tinham sido campeões mundiais).
Apenas entendo que se vencermos a Copa das Confederações, e principalmente já superando a aura de invencível da Espanha, teremos queimado etapas. Conhecemos o “oba oba” do brasileiro em todos os assuntos, e se tem um no qual ele é justificável, é no futebol. Já imagino Felipão e Parreira berrando aos quatro ventos “Isso é pra quem dizia que os técnicos brasileiros eram ultrapassados! Pensei que não tinha mais lugar para brasileiro nesse tal ‘futebol moderno!'”. As propagandas de cerveja dizendo coisas como “só o brasileiro tem a raça de campeão” e “a nossa bola ninguém toma”. Isso sem contar que o título da Copa das Confederações costuma ser uma perigosa armadilha para a Copa do Mundo.
Até mesmo imaginando o gostinho da eventual conquista em 2014 eu prefiro que seja na base da zebra: é preferível que a Seleção continue crescendo até, quem sabe, superar as favoritas Espanha e Alemanha no Mundial, ou que já vá pra lá com a credencial de ter batido a Espanha?
Eu passo. Acho que é bom ter um objetivo claro a ser alcançado, algo que “nos separe do nosso sonho”. Que seja a Espanha, para que neste próximo ano a gente trabalhe para superar a quem nos derrotou na Copa das Confederações e nos mostrou que ainda temos muito pra evoluir.
[…] Deixo o convite para um texto que escrevi antes daquela final, ainda anterior ao lançamento do No Ângulo, em que falo o que esperava da decisão e seus possíveis desdobramentos: “Por 2014, é melhor que dê Espanha“. […]