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Foi muito bom (vocês vão morrer sem me ver qualificar algo como “gratificante”, por razões que não cabe contar aqui) participar da live com os colegas de No Ângulo – a despeito da sentida ausência do Fernando Prado. Falamos de vários assuntos e ainda havia temas para muito mais tempo. Entretanto, devo confidenciar que, horas antes do início, ficamos incomodados com uma acusação isoladíssima, mas que não apaga o choque de ser chamado de racista e machista, tão somente por ousarmos nos reunir numa conversa sobre futebol. Não citarei o(a) acusador(a), mas aqui vai a lamentável militância:
O novo normal: homens brancos falando sobre futebol!”
Não ignoro e tenho horror a qualquer racismo, do mais ao menos danoso. No que tange a mulheres, penso que elas têm o direito de fazer ou deixar de fazer o que quiserem, sem serem patrulhadas por homens e muito menos por outras mulheres – como no ato de recriminar quem decide só cuidar do lar conjugal ou privilegiar o trabalho sem constituir família. Mas devo dizer que, embora sem o mesmo patamar daninho, nenhum termo se tornou mais racista que “homem branco”. Toda vez que se ouve ou lê “homem branco” numa frase, é 110 % certo que a menção será seguida por comentários negativos. O homem branco mata, o homem branco desmata, o homem branco oprime, etc… A diferença é que, ao contrário dos outros termos generalizadores, não há qualquer crítica a quem se vale deste recurso retórico. Muito pelo contrário. Aplaude-se o apelativo.
Pode parecer um choque, mas todas as etnias se desenvolveram com sociedades machistas, valeram-se de escravagismo e tentaram tomar terras de outros grupos. Ou alguém acredita que os impérios pré-colombianos da América foram constituídos na base de diálogo e democracia? Não se trata de reprimenda. Foram os aspectos da evolução da humanidade. Felizmente, em ritmo cada vez mais intenso, princípios indefensáveis estão sendo abandonados. Mas há quem tenha calafrios com a simples hipótese de não conferir ao “homem branco” a exclusividade dos defeitos da História humana. Só falta (se é que falta) justificar os erros dos demais falando em “questão cultural” e outros malabarismos verbais. Acreditem: este tipo de defesa não ajuda causa alguma. Só atrapalha, criando intrigas num tempo em que, pois sim, a tendência natural seria convergir cada vez mais.
De todo modo, nem quem nos convidou e nem o site No Ângulo agiram com discriminação de raça ou gênero. Ninguém me convidou para ser colunista por ser “homem branco”. Temos liberdade para falar do que quisermos, inclusive sobre preconceitos. Provavelmente não com as opiniões que parte da militância gostaria que tivéssemos. Mas não por sermos favoráveis a racismos e machismos, e sim por não sermos obrigados a ver tudo como racismo e machismo. Não é por “estrutura machista” que Neymar ganha muito mais que Marta, por mais que tentem cancelar ou chamar de fascista quem explica o motivo real. Nem todo “negrito” é maldoso, como Cavani tentou explicar e acabou preferindo ceder à patrulha. Quando se coloca tudo na mesma panela, cria-se uma mistura indigesta ao próprio bom combate. Triste que seja tão difícil entender ou, ao menos, respeitar a liberdade de pensar diferente.
Como descendente de árabes, já aturei comentários sobre ter “cara de terrorista” quando me irrito. Mas deixo passar porque, afinal, há incômodos muito maiores impostos a outras origens. Porém, e não falo só por mim, a dor de ser gratuitamente acusado de racista e machista é intolerável. Fazer da luta contra o preconceito sua razão de viver é bonito. Já usar esta luta para espalhar outros preconceitos é asqueroso. Deveríamos ser colegas de batalha, não adversários. Resta saber, todavia, quem quer acabar com os preconceitos e quem finge que quer acabar, porque não saberá o que fazer quando não existirem. Fica meu repúdio ao oportunismo e meu apoio a todas as vítimas desta guerra estúpida.
Receba a minha solidariedade e o reforço da minha grande admiração, não só como cronista, desportista, juiz, mas principalmente como SER HUMANO. Um caloroso abraço.
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