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Fusões, aquisições, palavras que pertencem ao mundo corporativo e são ilustres desconhecidos dentro do mundo do futebol. Ou melhor, eram. Melhor ainda: são.
Hã?
Vamos por partes. Numa das colunas anteriores falei sobre movimentos de concentração de ligas, com a possibilidade de termos uma grande Libertadores, com times Americanos e Mexicanos, e que isso era uma espécie de quebra-galho, pois nem temos ainda uma organização real no Brasil, como imaginar participar de algo maior?
Mas precisamos medir o futebol pela régua mundial e não apenas a Brasileira. Infelizmente.
Enquanto ainda patinamos e vemos a maior parte dos clubes brasileiros com dificuldades em fechar suas conta e contando com venda de atletas e premiações para deixar seu caixa em ordem, na Europa e mesmo na América do Norte os movimentos estão muito a frente. E não falo da Europa da Champions League e dos jogos em Santiago Bernabeu, mas na Europa da periferia do futebol.
Nesta semana surgiram muitos rumores de que as ligas da Holanda e da Bélgica estariam conversando para uma possível fusão dos campeonatos nacionais, criando uma liga da Benelux, transnacional e mais forte. O futebol europeu nacional já não cabe mais dentro das fronteiras diminutas dos países. A Champions League mostra que cada vez mais é necessária uma visão global, para aumentar interesse, demanda e receitas.
Não para por aí. Outras fontes citam que a Escócia teria interesse em participar dessa nova liga, assim como países escandinavos como Suécia e Dinamarca. Convenhamos, exceto por momentos quase em preto-e-branco onde os clubes holandeses eram campeões da Champions League, nenhuma das outras ligas – nem mesmo a holandesa desde 2006 – consegue atrair grande atenção além de suas fronteiras. A ideia de uma grande liga, inicialmente binacional mas caminhando para um movimento transnacional – é tentadora. Mais público, mais equipes fortes, mais receitas e mais força para aumentar a capacidade de disputa na Champions League.
Mas não é apenas na Europa que vemos este movimento. Antes mesmo de aventarem a hipótese de uma grande Libertadores, a Liga Mexicana e a MLS anunciaram interesse em se juntarem a formarem uma liga da América do Norte. Este movimento, que não deve tardar a carregar também a Liga Canadense, é uma mudança estrutural no futebol nas Américas que faz com que o forte futebol Mexicano ganhe o peso da organização e do interesse Americano, de modo a se transformarem na principal liga das Américas. Inclusive porque hoje a Liga Mexicana já é fortíssima e consegue atrair atletas sul-americanos de alto nível (Bou, Boselli, Gignac – Francês -, Caraglio, Ramos), sendo bem mais interessante que os campeonatos Brasileiro e Argentino, por exemplo.
São movimentos que mostram a necessidade de uma visão profissional do futebol, em busca de maior competitividade e, consequentemente, mais dinheiro. Sem dinheiro no futebol atual é impossível almejar algo relevante, e o Campeonato Brasileiro vai perdendo sua força e sua atratividade ano após ano.
Mesmo neste 2018 de boa disputa, o campeonato começa a ser decidido pelos dois clubes de melhor desempenho financeiro, que são Palmeiras e Flamengo, com presença de Grêmio e São Paulo, outros dois clubes cada vez mais profissionais e organizados.
Por isso, quando falamos que expressões corporativas podem ser meras desconhecidas ou não, isto depende do ambiente onde são faladas. Em mercados que estão preocupados com o presente e buscando um futuro melhor, já são tratadas com a devida atenção. Mas naqueles em que a filantropia e o amadorismo dão as cartas, ainda soam estranhas.