Créditos da imagem: Apresentação de Vitinho – Site do Flamengo
Dia desses li uma mensagem no Twitter dizendo algo como “Não me interesso por essas notícias de conta em banco, finanças. Meu negócio é título”
Bem, estamos em 2018, a Europa engolindo nosso futebol, os clubes brasileiros imersos em dificuldades e tem torcedor que ainda não entendeu a relevância do clube se manter financeiramente equilibrado para buscar títulos em campo.
Não, eu não espero e nem quero que o torcedor comemore o título das Finanças em Dia, muito menos gostaria de ver na mídia mais espaço dedicado às finanças que ao campo. Mas é fundamental que os torcedores entendam que ter equilíbrio financeiro é o que fará a diferença entre times que disputarão títulos e times que apenas lutarão pela sobrevivência.
É difícil falar nisso quando se tem a sensação de que mesmo fazendo tudo de qualquer jeito, ou sofrendo para fechar as contas, os clubes se sagram campeões. É uma anomalia típica de momentos onde todos são desequilibrados – então todos são iguais e alguém tem que ser campeão – ou em momentos onde os equilibrados ainda patinam na gestão esportiva. E é justamente este o momento atual do futebol brasileiro.
Antes de falar do Brasil, vamos passar um pouco pela Europa. O divisor de águas no Velho Mundo foi a Lei Bosmann, que possibilitou a formação de seleções multinacionais nos clubes e isto atraiu investidores e formou times que são marcas globais, como Real Madrid, Barcelona e Manchester United.
Desde então, 7 clubes dominam os títulos e as finais da Champions League: Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Liverpool, Juventus, Milan, Bayern de Munich. Desde 1995, duas vezes tivemos campeões diferentes, o Porto e a Inter de Milão.
O detalhe importante é que o campeão sempre esteve entre as 10 maiores receitas da Europa. E mesmo o declínio do Milan veio acompanhado – ou por conta – de forte queda nas receitas.
Ou seja, vencer num futebol competitivo demanda dinheiro. Mas falamos de 23 anos de maturação deste processo.
O Brasil está um pouco atrasado e o divisor de águas veio em 2012 com a mudança de venda dos direitos de TV. O dinheiro aumentou e com ele o desequilíbrio de gestão se fez mais claro. Enquanto a maioria gastou de qualquer jeito, poucos optaram por colocar a casa em ordem. E como o que interessa é vencer, fica sempre a ideia de que não precisa de controle financeiro.
Mas, entre 2012 e 2017, os campeões brasileiros foram Corinthians (2), Cruzeiro (2), Fluminense (1 com mecenas) e Palmeiras (1). Exceto o Palmeiras, que a despeito do dinheiro da Crefisa arrumou a casa, os demais ainda sofrem com dificuldades financeiras mesmo após os títulos recentes. Mas no período usaram o dinheiro para serem felizes, sem se preocupar com o amanhã.
Enquanto isso, o Flamengo era cantado em verso e preso como modelo de gestão financeira mas sem vencer em campo. Só que hoje é líder e em 2017 chegou a 3 finais. O Palmeiras foi campeão brasileiro em 2016 e vice em 2017. E ambos, organizados nas finanças, com gestões esportivas muito ruins, contratações desorganizadas, nenhuma estratégia técnica. Mas o dinheiro já começa a fazer a diferença.
Dinheiro que o Corinthians não tem, mas que compensa com boa gestão de elenco. Dinheiro que o São Paulo vai buscar vendendo atletas, sabe-se lá até quando, e que agora tem uma gestão esportiva que criou conversa entre o cartola e o treinador. Dinheiro que no Grêmio vem contado, mas bem gerido na montagem do elenco.
Dinheiro que falta a Vasco, Botafogo, Santos, Inter, Cruzeiro, Atlético Mineiro e outros tantos, que ainda se sustentam na base do acaso, ou do gasto irresponsável. E que pode faltar em breve ao Corinthians.
O fato é que, com muito atraso em relação à Europa, veremos uma concentração no futebol brasileiro, nos pés de quem optou por organizar suas finanças e pensar no longo prazo. Não tem volta.
Nesta hora, o torcedor que só quer saber de títulos vai lembrar que deveria ter cobrado mais organização e gestão quando o acaso e a imprevisibilidade ainda lhe ajudavam.
No dia que a galinha naser dente ese cherinho e campeāo
Talvez no dia que você falar português direito…
Gostei do texto, mas discordo, respeitosamente, que haverá uma concentração imediata no futebol brasileiro. O jogo ainda está aberto. Sobretudo acredito que o ponto chave será a mudança radical da governança dos clubes, algo ainda distante, bem distante, do ponto ideal. E falta também a criação de uma liga, que deverá ser um divisor de águas no nosso mercado da bola.
Muito bem explicitado neste comentário.
Títulos vem com finanças a tiracolo e organização… Os europeus que o digam.
Me desculpe mas querer um futebol organizado , com gestões profissionais no Brasil é querer demais. Somos uma piada em tudo que fazemos, na política e agora no futebol. Não temos representatividade e seriedade no governo e no esporte , que tínhamos orgulho . O negocio neste país., é levar vantagem , hoje os dirigentes de clubes , estão mais para celebridades, aparecem na midia mais que atletas de seus clubes. Vamos ser sinceros , dinheiro tem as receitas , dos grandes clubes brasileiros os patrocínios são engolidas por negociatas. Quem ganha realmente nesse negócio, os empresários, na maioria das vezes o atleta tem a menor parte nas negociações. Dirigentes entram no anonimato em seus clubes , e saem como popestar ricos deputados, enfim aproveitam o máximo a popularidade e o dinheiro que o clube oferece. O que importa nesse país, é a lei de Gerson ,o negócio e levar vantagem , quanto aos torcedores danem se pois jamais mudaram de time mesmo. Acredita mesmo em mudanças nesse país, temos complexo de suditos no futebol ou na politica , tudo vai continuar exatamente como esta. A organização e a transparência não interessa ao sistema. Bom dia
A pessoa nem entende que uma taça até pode pintar sem gestão, mas vai ser coisa isolada, nada sustentável!!!!!!
[…] Como bem indagou nosso colunista, Cesar Grafietti, até quando teremos que ouvir “Não vivo de finanças, vivo de títulos”? […]