Créditos da imagem: Globo Esporte,
Gazeta Esportiva
Mentira. É sim. Mas é mais do que isso. Vamos recontar a história do Flamengo em 2018 para mostrar os erros do clube. E também vamos adicionar outros clubes e mostrar onde acertaram
Bem, dizer que o Flamengo errou novamente em 2018 está longe de ser uma novidade. Vamos pular a parte do “fora de campo as coisas vão bem, etc, etc, etc…” porque disso todos já sabem. E não há o que reclamar ou criticar. Um clube de futebol que pensa no longo prazo começa com uma boa gestão financeira. Mas tem que terminar com uma boa gestão esportiva.
Agora vou repetir aquele velho mantra: Gestão é a soma de Financeiro com Esportivo. E enquanto a maioria dos clubes peca na primeira parte, o Flamengo peca na segunda.
Vamos pular os últimos anos e analisar 2018. O clube iniciou o ano com um elenco pensado pelo treinador colombiano Reinado Rueda, que em janeiro decidiu ir para o Chile. É, são coisas que acontecem. Muitas vezes o planejamento é pensado de um jeito e acontece algum imprevisto que nos faz mudar a rota.
O que deveria fazer o Flamengo? Com o elenco montado você busca um treinador que saiba trabalhar com aquele grupo de atletas. Porque todo elenco tem um jeito de jogar, mesmo no Brasil onde os elencos tem 60 atletas, nos lugar dos 25 que os europeus tem. E isso é uma grande diferença, porque aqui o excesso fica treinando junto ou é “exportado” para trabalhar na base, enquanto na Europa o excesso é emprestado ou joga no Time B, onde é observado.
Mas o que fez o clube? Efetivou aquele que seria uma espécie de Diretor Técnico, o Paulo Cesar Carpegiani. Aliás, Diretor Técnico é a função mais importante do clube e no Brasil ninguém sabe o que faz, todos confundem com o Diretor de Futebol, com o Gerente, com o Contratador Profissional. E o Flamengo começou com uma boa ideia, que logo desandou ao efetivar Carpegiani.
E desandou porque quem deveria ter escolhido o Treinador e trabalhado na montagem do elenco que atua de acordo com as características do Treinador é justamente o Diretor Técnico. Mais: o Direto Técnico dá o tom mas a característica do time não precisa respeitar seus conceitos, mas sim os conceitos da Cultura Esportiva do clube! Lá vou eu novamente falar em Cultura Esportiva, em fazer o clube entender quais as expectativas e anseios de seus torcedores em relação ao que virão em campo, e tudo mais que a maioria dos dirigentes nem sabe ou sonha em fazer.
Durou 3 meses.
No seu lugar veio um treinador pronto a assumir aquele elenco, certo? Não, claro que não. Assumiu o Auxiliar, Maurício Barbieri. Claro! Auxiliar, está lá, acompanha o treino, conhece a boleirada. E ainda vinha naquele momento onde o negócio era apostar em novos nomes para treinar os clubes.
Depois de um bom primeiro semestre, embalado por Vinícius Jr e Paquetá, eis que a nobre novidade, elogiado por muitos que depois o criticaram, caiu. Mas caiu para ser substituído por Dorival Jr, demitido pelo São Paulo por não conseguir atuar num elenco lento como o do Tricolor Paulista naquele momento. E mais um treinador que pega um elenco desconhecido para ele, em busca do sucesso.
Agora pegue a ponte aérea a vamos para São Paulo. Vamos falar sobre o Corinthians. O planejamento também foi desmontado com a inesperada saída de Carille. A decisão pelo substituto foi correta, e veio Loss, que depois vimos não estar pronto para a função. Veja, a decisão foi correta, porque Loss ajudou a montar o elenco e a estratégia, pois estava no clube há tempos e fazia parte da estrutura que melhor trabalhou a relação elenco-treinador nos últimos anos no Brasil.
Não deu certo e todos riram quando Jair Ventura chegou a Itaquera, vindo de um trabalho ruim no Santos. Como sempre o pessoal que analisa futebol não levou em consideração que Jair Ventura teve sucesso no Botafogo jogando ocupando espaço defensivo, no erro do adversário, marcando atrás. No Santos, clube com elenco mais veloz e que não tinha peças para jogar assim, não obteve resultados animadores.
Mas qual a melhor característica do Corinthians desde Carille? Justamente jogar esperando, tomando poucos gols. Jogo chato, irritante às vezes, mas efetivo. Jair tem essa característica que se encaixa ao elenco. Não espere grandes reviravoltas nem jogos incríveis, mas um time aplicado e que tende a se comportar melhor, justamente porque combina Modelo de Jogo, com Treinador e Elenco compatíveis.
Portanto, o erro do Flamengo nessa temporada, e que se repete na maioria dos clubes brasileiros, foi o de fazer sempre o mesmo que todos fazem. É reflexo da soberba dos dirigentes que acreditam que entendem de futebol, dos diretores de futebol que não entendem do assunto, e da incapacidade de contornar problemas de planejamento e corrigir rotas. Nem tudo que se planeja dá certo – lembram a história de Garrinha perguntando sobre a combinação com os Russos? – mas uma boa gestão tem que ter agilidade para se adaptar. Darwin explica.
Certeiro. A propósito, gosto muito das avaliações futebolísticas desse site.
Sistema de jogo. Eis a palavra chave. Quando os times de maior poderio técnico de seus jogadores entender isso, times como o Corinthians não conseguirao êxito com jogos modorrentos, e jogadores medianos.