Créditos da imagem: El País
Quando meu neto diz, orgulhoso, e com razão, que recebeu nota 9 numa prova na Faculdade de Engenharia, na Unicamp, faço cara de sério e indago a ele onde foi que errou. Onde falhou. Claro que o faço brincando. É que, em papos anteriores, desde a primeira escola, sempre dizia a ele que se a ocupação que tinha na vida era estudar, o correto era sempre ter nota 10. Nota 9 era bola na trave. Esteve próxima, mas não foi para as redes.
Falando de bolas e redes, sempre que leio ou ouço alguém, comentarista profissional ou amador, lascar lenha nos técnicos, fazendo mudanças táticas ou de jogadores durante ou após uma partida perdida, me indago o porquê de ele não tenta ser “professor”, o que daria a ele, na esmagadora maioria das vezes, um salário “n” vezes maior do que deve embolsar.
Já vi alguns fazerem tantas trocas, que o time acabou ficando com 10 ou com 12. Ou substituiu quem não estava jogando por quem não estava no banco. Tudo isso, que fique bem claro, tem a ver apenas com minhas deficiências, e só. Jamais consegui escalar a seleção do campeonato, sempre alegando não ter visto todos os jogos. Ou, pior ainda, escalar a de todos os tempos.
Certa vez, perguntaram ao Dodô, bom atacante que começou no São Paulo e correu por vários times, qual o maior jogador tinha ele visto em ação, e Dodô respondeu que foi Zico. O repórter, em tom crítico, então mandou: “e o Pelé?”. E ouviu: “cara, tenho só 22 anos”. Ou seja, nem era nascido quando Pelé encantou o mundo.
Também já ouvi companheiro escalar Frienderich na sua (dele) seleção de todos os tempos. Como é mais novo do que eu, justificou dizendo tê-lo visto em ação, levado pelo tio, aos seis anos de idade. Memória fantástica, disse eu a ele.
Tive a sorte e o prazer de ver Pelé dos primeiros passos no Santos, quando ainda ia comprar cigarro para os mais velhos, até os 42 minutos do jogo de despedida, contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro. E mais três, ao vivo, pelo Cosmos. Vi o bastante para não ter a menor dúvida sobre ser ele o maior de todos os tempos.
Vi, naturalmente, muito menos jogos de Maradona, mas o bastante para nem pensar em comparações. Tenho visto mais jogos de Messi – as transmissões para o Brasil são agora em número bem maior – e digo que ele é muito melhor do que Maradona. Sua carreira e os números provam.
Dirão, os que pensam diferente, que Maradona foi campeão do mundo e que Messi (ainda) não. E talvez não venha a ser. Não acho que esse seja o ponto central. Futebol é um esporte coletivo. Zico, que coloco como o segundo melhor brasileiro, ao lado de Zizinho, também não foi. E Zizinho também não. Dario, Fontana, Vampeta, Dunga foram.
Messi perdeu pênalti na decisão da Copa América ganha pelo Chile. Zico e Sócrates também perderam no Mundial-86. Torneio em que Maradona marcou e a Argentina foi campeã. Um gol com a mão. Para quem entende…
Desolado, Messi, talvez de cabeça quente, disse que para ele seleção acabou. Seria uma pena. Decida ou não voltar, continuará sendo o melhor da atualidade. Um dos melhores em todos os tempos – dos que vi. Queiram ou não os comentaristas (argentinos), profissionais ou amadores, que bem poderiam tentar a sorte como “professores”.
CONCORDO! MAS QUE ELE PECA NA “HORA H”, AH, ISSO ELE PECA!!! 😀
Analisei o Messi jogador, nem no Barcelona, nem na seleção argentina. No time catalão, é o destaque. E joga com quem sabe e quer correr – razões óbvias. Na seleção,é um canário entre pardais…
Cada um em sua época todos os citados foram gênios. Sobre o Messi, ganhando ou não um título mundial pela Argentina, também é um gênio. Esse tema é excelente e dá discussão pra mais de metro. rsss
O futebol da seleção argentina, Ademir, é tão medíocre quanto o da nossa. E seus “craques”, como os da nossa, cuidam mais das canelas, pensando nos times que lhes pagam fortunas, que nos barra bravas…
Faz muito sentido a consideração do senhor.