Créditos da imagem: BlogWedding
Nos últimos dias, mergulhei (superficialmente) na história do Maracanã a fim de elaborar um trabalho acadêmico simples, mas que servirá de base para o meu TCC. Encontrei muita coisa legal, muita curiosidade que vai reforçando ainda mais a escolha do tema. Pesquisar sobre o Maracanã é descobrir muitas histórias, redescobrir outras e poder contá-las pela primeira ou pela milésima vez.
Dentre as passagens incluídas no trabalho está o primeiro casamento do estádio, já no novo e polêmico formato de arena, em abril de 2014. Entrevistei os noivos na ocasião, dois jornalistas que trabalham com esporte: a botafoguense Aline Bordalo, repórter ex-Band e o tricolor Alexandre Araújo, radialista e apresentador do Pop Bola. O fato é curioso por si só, mas o mais legal é o misto de sentimentos: apesar de terem casado no estádio remodelado, estilo arena moderna, eles lembram com saudosismo do velho e charmoso Maracanã, aquele da geral e das arquibancadas.
UM CASAMENTO NO TEMPLO DO FUTEBOL
Dentre as novas possibilidades da moderna arena Maracanã, uma delas chamou a atenção da opinião pública. Em abril de 2014, o sonho da jornalista Aline Bordalo se realizava. Ela disse “sim” ao radialista Alexandre Araújo em pleno estádio, de frente para o verdejante gramado que recebeu muitos craques da bola.
A botafoguense Aline cresceu indo ao estádio ver seu time jogar. Já repórter, foi mandada para a cobertura de uma final do carioca entre Flamengo e Botafogo. A derrota do alvinegro deixou a torcedora atônita, mas a profissional precisava trabalhar. A história de amor com o estádio se firmava e transcendia. “Quando eu fiz a matéria da reinauguração do Maracanã, eu perguntei se na parte de eventos poderia haver um casamento. Depois que vi uma cerimônia no Camp Nou, meu sonho era casar no Maracanã”, revela Aline.
A fome se juntou à vontade de comer quando a revista “Inesquecível Casamento” convidou o casal para servirem de modelos de um casamento fake no estádio, a fim de promover a edição que seria lançada pela publicação. Mas o Maracanã resolveu propor a realização do casamento, de fato. “Como eu conhecia uma repórter da revista que sabia dessa minha ideia, pintou a proposta de casar no Maracanã”, diz Aline, que contou a novidade para o marido ao vivo, na atração que Araújo apresentava na rádio. “Nós já vínhamos de um primeiro casamento e morávamos juntos, então, queríamos fazer uma coisa diferente do tradicional, aquele negócio de Igreja”, diz o radialista, que em um primeiro momento não aceitou muito bem a ideia. “Fiquei até chateado, não queria porque eu não pensava em nada de casamento ou parecido com um casamento tradicional. Queria uma festa mais simples. Mas era o sonho da Aline. Conversamos, chegamos num consenso e topamos”.
O casal não precisaria se preocupar com quase nada. Vestido de noiva, buffet, ornamentação, fotografia, e claro, espaço, tudo bancado pelos parceiros da revista, que faria também o lançamento do editorial. O problema é que o casamento seria em duas semanas e cada um dos noivos teria apenas 30 convidados. Corta daqui, chateia um parente distante dali, explica para um colega daqui e a lista estava fechada.
No grande dia, o Maracanã estava iluminado para um jogo, mas as estrelas estariam no altar dentro de um camarote, virado para o campo. “Éramos os artistas do espetáculo, os protagonistas do jogo, já que as luzes do gramado estavam acesas, mas não havia ninguém em campo”, relata o noivo. O ineditismo da situação dava à cerimônia uma característica única. “Nunca vou saber explicar. Aquele altar virado para o gramado, no estádio que eu sempre fui apaixonada, com uma iluminação maravilhosa. Aquilo emocionava até quem não tinha ligação com o futebol. Ainda mais na hora que eu entrei, com o amor da minha vida me esperando, a música que escolhi… foi uma cena inesquecível”, derrete-se Aline.
A cerimônia foi um sucesso e o casamento vai muito bem, obrigado. Mas e a relação com o Maracanã? O tricolor Araújo diz que o conforto e a segurança da nova arena são pontos positivos, bem melhores que o antigo estádio. Mas que o saudosismo fala mais alto. “O ser humano é saudosista por natureza. Talvez eu prefira o Maracanã antigo por motivos passionais. Era a dimensão, aquela coisa grandiosa, meio assustador quando saia do túnel que dava acesso às arquibancadas. Tinha a geral, os personagens. Isso dá saudade,” revela o jornalista, que acredita que o estádio ficou comum e padronizado com outras tantas arenas. “E ainda falta muita coisa, como um bom restaurante, um serviço de qualidade. Ficou um estádio frio, comum. Perdeu a alma, o charme do Maracanã” declara. A esposa acompanha. “(O novo) é mais confortável, mas o apaixonado pelo futebol não está preocupado com isso. O apaixonado vai ver o jogo em qualquer lugar. Por isso mudou o público. Hoje vai quem vai levar a família, quem está preocupado com o conforto, vai assistir sentado. Eu não gosto de assistir nem sentada”, reclama Aline.
Muito legal, Caio Bellandi! Por essas e outras o Maracanã é não só um templo do futebol, como um palco da identidade nacional.
Estou ansioso pelas próximas histórias 😉
Alexandre