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O Fluminense anuncia a contratação do meia Paulo Henrique Ganso.
Interessante, sabe por que escrevo o nome completo, como fazem tantos? Já reparou que mais pessoas, jornalistas e não, o tratam assim, com reverência, dando a ele um sentido de nobreza, do que o tratam como Ganso, simplesmente Ganso – apelido bem bolado, dado, imagino, pelos amigos de infância nas peladas de uma rua contra a outra, olhando a conformação do seu rosto?
Assim que divulgada, a notícia foi comemorada por seus finos torcedores – sim, já percebeu que os torcedores do clube -mais que um time- de Álvares Chaves são finos? Finos no trato. Elegantes nos diálogos… já percebeu por que os adversários – os tricolores não têm inimigos – o chamam de “pó de arroz”, muito mais do que pela história, verdadeira, das inclusão de jogadores da raça negra em seus esquadrões?
Faz um tempinho que não escrevo sobre futebol – o início dos estaduais, que apoio e gosto, e a tragédia que infelizmente toma conta das manchetes, não agitavam minhas mãos. Mas, foi só ler as manifestações de alguns muitos amigos torcedores do tricolor – não o único, mas o primeiro, o que dispensa complemento – para sentir os dedos com vontade de batucar. Para dizer que torço muito para que Paulo Henrique Ganso dê certo, aqui, nas Laranjeiras.
Reencontre lá, e no Rio, grande parte do maravilhoso futebol que jogou destacadamente no primeiro semestre de 2010, quando, ao lado de Neymar, jovens e em forma, fizeram os velhos torcedores santistas – que os “inimigos brincalhões” chamam de Torcida Jovem 60 -, mais os jovens de agora e os apreciadores do bom futebol em geral, lembrar daquele Santos de Pagão, Robinho – já nem falo de Pelé.
Por que Pagão e não Pelé? Porque PHG tem um histórico parecido ao de Pagão – figurinha carimbada no álbum de Chico Buarque de Holanda, tão bom nessa questão de bola, quanto na da música. E Pelé porque odeio covardias em comparações. Pagão era mais fino de bola que Pelé, ou qualquer outro jogador que eu tenha visto no Santos de todos os tempos. Mas tinha o que, na época, chamavam de “canelas de vidros”. Cabeça privilegiada, raciocínio rápido, suas pernas finas eram caçadas e não suportavam as “porradas”.
Paulo Henrique Ganso naquele início de 2010 era assim. Cabeça privilegiada, pernas ágeis, íntimo da bola. Ou ela dele. Podia ter ido à Copa da África, mais do que Neymar. Era minha opinião, que coincidiu com a de Bebeto e Carlos Alberto Torres, quando nos encontramos em um belo restaurante do Shopping Mandela – e foram várias. Sentados em mesas próximas, eles indagaram minha opinião sobre qual dos dois deveria ter sido chamado por Dunga e apontei PHG – que era, também, a aposta dos dois.
Depois, os joelhos passaram a marcá-lo de forma tão dura quanto os médios e zagueiros caneludos. Elegante, PHG não pulava fora como ainda faz Neymar – concordo, com boa dose de exagero. Craques iguais naquele momento, sentia que as contusões o prendiam enquanto o companheiro disparava. Teve de contentar-se com o São Paulo, enquanto Neymar ia brilhar, e faturar alto, no Barcelona. Às duras penas foi para a Espanha, um time sem o mesmo poder financeiro, a mesma exposição e com maior dose de cobrança. Não foi para ser mais um craque entre craques, mas para ser o craque – que já não podia ser, sozinho. Os psicólogos da área dirão – acredito – que tudo isso mexe com a cabeça do jogador, para pior, para baixo. Voltar para o São Paulo, com o time vivendo, no coletivo, problema igual, não seria mesmo uma boa. Para os dois.
Que seja o Fluminense, no Rio. E que a torcida tricolor não queira jogar sobre os ombros dele a responsabilidade de levar o time a títulos – não por enquanto.