Créditos da imagem: Laion Espíndula
Vendo a exagerada “comoção” em torno do início da Premier League no fim de semana passado, fiquei a pensar no que dizem ser uma das mais lindas páginas já escritas na história do futebol: o Leicester, modesto clube inglês, ter se sagrado campeão da Premier League 2015/2016.
Considerado o 16º elenco mais valorizado antes do início da competição, o time comandado pelo italiano Cláudio Ranieri – que, aliás, viveu uma reviravolta na carreira digna de “Rocky – O Lutador” – foi alvo de uma série de homenagens mundo afora.
Como sabidamente o futebol inglês é um dos grandes centros do mundo, ser campeão nessas condições é um feito e tanto. Não há ponderações a serem feitas.
Mas e se algo assim se desse no Brasil? Se, por exemplo, a Chapecoense fosse a campeã brasileira de 2016? Como reagiríamos a isso?
No caso inglês, o feito foi exaltado como merece. Não se questionou “o baixo nível da Premier League”, que nâo emplaca um mísero finalista de Champions League há quatro anos, nem vence uma Liga Europa há três. Não se falou da crise vivida pelo maior clube inglês das últimas décadas, o Manchester United, desde a aposentadoria de Alex Ferguson. Não se ponderou a falta de “camisa” de emergentes clubes de milionários como Chelsea e Manchester City. Ou a interminável seca do Liverpool. Nem mesmo mais uma “pipocada” do Arsenal de Arsène Wenger foi capaz de eclipsar a grande conquista do Davi do noroeste de Londres contra uma série de Golias.
Já por aqui, damos como favas contadas que “o nível do futebol brasileiro é muito baixo”. Retornando ao meu exemplo, se a Chapecoense terminasse em primeiro, não tenho dúvidas de que seria só mais uma prova de que “o Palmeiras de Alexandre Mattos não sabe contratar, só sabe torrar dinheiro”, que “o Corinthians foi desmontado em 2015 e tem elenco sofrível”, que “o Flamengo só tem boa gestão financeira, porque de futebol ninguém entende nada”, que “o Atlético só investe em medalhões e se endivida”, e daí por diante.
Não importa quantas vezes o Manchester City seja surrado por Barcelona e Real Madrid, que o United lute por meras classificações para competições europeias ou que o Liverpool tenha visto o mediano Sevilla colecionar mais uma Liga Europa. Conquistar a Premier League, um dos principais campeonatos do mundo, é um feito em si.
Exatamente como é conquistar o Brasileirão.
Mas sejamos justos: não agimos assim somente com o Brasil, mas também com os que fazem parte do nosso universo. Lamentamos quando não temos Boca e River na Libertadores e vemos a presença de um Huracán como algo meio amador, mostra da decadência do futebol argentino. Se um Nacional do Paraguai é vice-campeâo da Libertadores, como foi em 2014, é para se rir da fragilidade da principal competição de clubes do continente.
Enfim, vamos ver o papel que o “queridinho” Leicester cumprirá nesta temporada 2016/2017. Mas seja qual for, não irá manchar a façanha do ano passado. Assim como, seja a Chapecoense ou um “cachorro grande” a ganhar o Brasileirão, será consensual a insatisfação com o nível dos nossos times, só vai variar o grau.
ÓTIMO PONTO DE VISTA
O BRASILEIRO É UM VIRA-LATA ETERNO
Muito bom! Acho q essa perspectiva também vale para analisar nossa seleção. Temos sim bons valores, mas teimamos em diminuí-los para reforçar a narrativa da decadência. O campeonato brasileiro tem sim seu valor, não é tão desprezível como pintado por muitos.
Só lembrar que já tivemos Leicesters vencendo o Campeonato Brasileiro na saudosa fase até 2002: Guarani em 1978, Coritiba em 1985, Sport em 1987, Bahia em 1988 e Atlético Paranaense em 2001, além de outros Leicesters (Bangu, Bragantino, Portuguesa, São Caetano) chegando à decisão do título.
A chegada dos pontos monótonos é que matou os nossos Leicesters e está paulatinamente matando os nossos Arsenals (Vasco, São Paulo, Inter, Botafogo…)
Só lembrar que já tivemos Leicesters vencendo o Campeonato Brasileiro na saudosa fase até 2002: Guarani em 1978, Coritiba em 1985, Sport em 1987, Bahia em 1988 e Atlético Paranaense em 2001, além de outros Leicesters (Bangu, Bragantino, Portuguesa, São Caetano) chegando à decisão do título.
A chegada dos pontos monótonos é que matou os nossos Leicesters e está paulatinamente matando os nossos Arsenals (Vasco, São Paulo, Inter, Botafogo…)