Créditos da imagem: ESPN
Todos os anos no campeonato brasileiro algum clube grande entra de cabeça na luta para não ser rebaixado. Muitos não conseguiram se segurar na Série A, mas outros que vivem balançando e flertando com a Série B acabam se contentando com a fatídica frase “Time grande não cai”, como prêmio de consolação. Dirigentes e torcedores apenas ignoram que esta postura é justamente de alguém que ainda não jogou a divisão de baixo, mas já foi rebaixado há muito tempo.
O futebol brasileiro defende uma suposta competitividade que considera haver ao menos 12 clubes grandes que entram no Brasileirão como candidatos ao título. Bobagem. Primeiro que não existem 12 grandes. Existem 12 que tem história de conquistas, mas a maioria deixou de ser grande, strictu sensu. O Brasileirão possui sim 4 ou 5 candidatos potenciais ao título, mas que ao longo do campeonato viram 2 ou 3, no máximo. E se num passado recente estes candidatos mudavam a cada campeonato, estamos começando a ver um descolamento de alguns clubes, que passaram a frequentar as primeiras posições e lá se instalaram, enquanto outros ainda vivem do passado.
Nos últimos 3 anos os campeões foram Corinthians e Palmeiras. Não por acaso, clubes que ao longo dos últimos anos deixaram de lado visões ultrapassadas de gestão e criaram estruturas que se sustentam de maneira organizada. Os Conselhos possuem rotatividade que permite a chegada de pessoas novas e que oxigenam as estruturas. Seus presidentes vieram de rotações de poder, geralmente pessoas novas. Conseguiram separar o Esportivo do Social, pelo menos em termos práticos, já que legalmente ainda estão todos sob o mesmo guarda-chuva.
Pode-se discordar das posturas de alguns presidentes, pode-se questionar se colocar dinheiro do bolso é uma prática profissional, mas não dá para ignorar que no Corinthians há uma grande continuidade na gestão esportiva – e quando não houve, como em 2016, o clube errou – e o Palmeiras de Paulo Nobre passou a ser um clube organizado e que em nada lembra o aquele que vivia fila dos títulos. Em, por favor, não vamos reduzir o trabalho do clube ao dinheiro da Crefisa. Inclusive, este pode vir a ser o grande erro, que é misturar patrocínio com política e a gestão esportiva. Por enquanto, o clube se beneficia mas não depende exclusivamente disso para sobreviver.
Ao lado deles está o Flamengo, que a partir de uma gestão organizada por pessoas novas e com formação técnica, conseguiu se recuperar e se transformou numa potência financeira. Ainda carece de títulos, mas quem há de negar que o urubu se comportou como fênix?
Faremos um corte e vamos até o velho mundo, mais precisamente a Milão. Lembram do Milan? Sim, o clube de Gullit, Van Basten, Kaká, um dos maiores vencedores de campeonato italiano e Champions League da história? Num mundo de Barcelona, Real Madrid, PSG, Bayern, Manchester City, o Milan vai sendo esquecido. As camisas do clube, que antes eram hit nos garotos brasileiros, aparecem apenas em versões surradas e antigas, substituídas pelos outros clubes citados acima.
E vamos a alguns números: o Milan foi campeão Italiano em 10/11, segundo colocado em 11/12, terceiros em 12/13 e nas temporadas seguintes não se classificou nem para a Europa League, voltando à competição menor da Europa apenas nesta temporada.
Financeiramente, o clube que era a 4ª maior receita do mundo em 96/97, com € 105 milhões em termos reais (corrigidos pela inflação), encerrou a temporada 16/17 cem 22º lugar, com € 191 milhões, ou seja, crescimento de apenas 3% ao ano em termos reais, quando os demais competidores europeus cresceram acima de 7% ao ano no mesmo período.
No campeonato italiano desta temporada o clube é apenas o 7º colocado, 25 pontos atrás do líder Napoli, e fora da zona de classificação para as ligas europeias, mesmo depois de ter recebido mais de € 180 milhões em reforços de um novo dono chinês que está enroscado com falência em seu país.
Alguém lembra daquela frase inicial, adorada por alguns clubes brasileiros? “Time grande não cai”, não é isso? O que aconteceu com o Milan, gigante europeu? Se não caiu como a Juventus, que se reergueu a partir de um plano de transparência, governança e ações profissionais, que inclusive culminaram com a construção de um novo estádio, perdeu totalmente a relevância, viu seu antigo dono perder o controle da gestão, que passou para as mãos de alguém que também não parece aplicar as melhores práticas, e transformou o clube num grande nada.
Voltamos ao Brasil.
Se medíssemos tamanho de clube pelo tamanho de suas torcidas, teríamos Flamengo e Corinthians num primeiro bloco, seguidos por Palmeiras, São Paulo e Vasco, formando um quinteto que sabidamente arrastam a maior parte dos torcedores nacionais. Já falamos de Flamengo, Corinthians e Palmeiras e como eles se reestabeleceram no topo do futebol brasileiro. Restam Vasco e São Paulo. E estes insistem em praticar toda sorte de equívocos e modelos ultrapassados.
Eleições tumultuadas, que denotam política acima do propósito do clube; conselhos ultrapassados e arcaicos, que não se reciclam nem trazem novidades; dirigentes que se apoderam dos cargos; gestões esportivas caóticas, com compras e vendas de atletas sem critério, e formações de elencos incompatíveis com o modelo de jogo que se pratica hoje; trocas de treinadores constantes, por nomes sem respaldo; perda de atratividade como veículo de exposição de marca; atrasos de salários, adiantamentos; e ainda dá para listar mais coisas, mas que os torcedores desses dois clubes já estão cansados de saber.
Isto não significa que Palmeiras, Flamengo e Corinthians não tenham seus problemas e disputas nas eleições, que inclusive colocam em risco os modelos que estão funcionando. Afinal, como Associações políticas, a vida muda a cada eleição. E sabemos que as eleições nesses clubes nem sempre acabam em flores, e muitas vezes nos deparamos com cenas lamentáveis, trocas de insultos e por aí vai. Por isso, mesmo quem fez a lição de casa, corre o risco série de retroceder.
Mas fiquem tranquilos, porque “time grande não cai”. Opa! O Vasco caiu efetivamente por 3 vezes! Nem isso o torcedor cruzmaltino pode dizer.
Cair é mais que jogar a Série B, é ser rebaixado a clube inexpressivo. Se nenhum deles se vê como Portuguesa, Guarani, deveriam então se ver como Milan. Capisce?
Bambis f c leiam isso !! Kkkkkkk
Este texto é tão imbecil como o cara que escreveu , quem foi o terceiro colocado do campeonato do ano passado ? Foi o flamengo por acaso? Desculpe , não tinha entendido você estava falando de time grande, mas meu time é Gigante e gigante não cai, só se tirarem todo os mando de campos dele dai quem sabe conseguem derrubar ele pois nem as carniças que geriram ele nestes últimos anos conseguiram derrubar ele
Kkkkk são-paulinos sempre se comparavam ao Milan, olha aí, a decadência tá a mesma!!!!!!!!
Texto de um funcionário do Itaú, logo, … pau mandado do Paulo Nobre kkkk
Dizer que o corinthians é exemplo de gestão é piada. Nem a própria torcida deles deve concordar com isso.
Texto ridículo e idiota.
Que texto mais ridículo.
Quem é Gayvotas tem Q respeitar o Soberano por que vcs são time pequeno aceita e chupa Gayvotas
Sobre os comentários, alguns esclarecimentos:
– Sou Sãopaulino, daqueles que iam de ônibus da CMTC gratuitos até o Morumbi. Já tomei pedrada em emboscada de torcida, já vi jogos de campeonato paulista com 400 torcedores ao meu lado. Portanto, criticar o SPFC não é algo que me dá prazer, mas simplesmente uma constatação da deterioração na qualidade das gestões;
– Paulo Nobre tinha ações do Itaú, herdadas, como qualquer um pode ter. Nunca foi “dono” do banco a ponto de interferir em algo. E já não as tem faz um bom tempo, bem antes de eu começar a analisar e escrever sobre futebol;
– O Corinthians não tem uma administração exemplar, mas há um conceito claro de que o futebol precisa ser preservado dos desmandos da política. Quando não foi, apareceram Osvaldo e Cristovão. E agora Andrés pode desfazer isso e o resultado será claramento visto. Não misturem a dívida do estádio com gestão cotidiana. O desempenho em campo diz muito sobre isso.
Obrigado pelos retornos.
Cesar Grafietti, parabéns pela coragem – e paciência! – de tratar nas suas colunas temas que por vezes podem ser espinhosos (especialmente para determinados tipos de torcedores). O futebol brasileiro precisa de profissionais com a sua expertise para avançar e dar uma sacudida. Não à toa o reconhecimento pelo seu trabalho está cada vez maior dentro da mídia esportiva. Quanto aos comentários que li aqui, eu verdadeiramente torço – e aqui não pretendo atingir ninguém, trata-se de uma torcida genuína – que a gente possa, algum dia, simplesmente evoluir e perceber que o futebol não precisa ser uma “terra de ninguém”. Respeito, sempre! Um abraço e obrigado! 😉
É isso mesmo. O pessoal tem que encarar o problema para resolvê-lo. O doente que ignora seu problema está muito mais próximo da morte.
Boa Cesar! É o que tem acontecido com tantos clubes, tanto aqui no Brasil quanto no exterior.
É claro que é possível se reerguer, como fizeram Corinthians, Palmeiras e Flamengo, mas é necessário uma humildade que aparentemente algumas torcidas não têm – principalmente as que garantem que “time grande não cai”. Era isso o que diziam os colorados e acabaram com cara de tacho.
Esse texto claramente é um alerta, não uma chacota aos times que estão em queda livre.
Aliás, quem avisa amigo é, não inimigo, como parece acreditar alguns leitores.
Texto brilhante e bem fundamentado, como de costume. Lamentável a falta de educação e gosto por debate em alguns comentários.
É isso aí, tem muito clube brasileiro precisando abrir o olho!
EXCELENTE!
São Paulo FC é um exemplo.