Créditos da imagem: observatoriodoflu.com.br
A principal novidade deste Campeonato Brasileiro foram os jogos às 11h. A média de público nesse horário foi muito superior à média, a ponto de muitos clubes pedirem para jogar na manhã de domingo.
Mas bastou um pouco mais de calor que a turma do contra começou com aquela lenga-lenga de que faz mal para a saúde, e agora a CBF desfez o que havia criado.
Venceram a desinformação e interesses que nunca foram colocados às claras.
A premissa básica da tese do contra é que ao meio-dia, na metade da partida, atinge-se o máximo de temperatura do dia. Ou seja, jogar em qualquer outro horário é menos danoso do que esse.
Só que essa tese é falsa, escandalosamente falsa. O pico de temperatura de um dia é às cerca de 14h. Não é a luz do Sol que esquenta a terra, pelo menos não diretamente. O principal fator é a energia que a Terra absorve e depois devolve sob a forma de raios infravermelhos – são estes que provocam o que se chama de calor. Esses raios têm o comprimento de onda certo para atingir as moléculas que compõem o ar e as da superficie de animais e plantas.
Apesar de não enxergarmos em infravermelho, esses raios possuem uma variabilidade de frequencias muitíssimo maior do que a luz visível, cujas cores básica se veem no arco-íris. Ou seja, tem muito mais radiação infravermelha circulando do que em luz visível.
Mas essa explicação toda não tem quase nenhuma importância.
Não é preciso conhecer nada disso para saber que o meio-dia não é o pico de temperatura. Se a posição do Sol determinasse a temperatura, às 6h e às 18h, o calor seria o mesmo. Em todo o período da noite, aconteceria a mesma coisa. Em dias nublados, sempre haveria frio. E dentro das casas idem, porque a luz do Sol não entra – e as lâmpadas não esquentam nada.
E nada disso acontece. Em condições iguais, as tardes são sempre bem mais quentes que as manhãs e as madrugadas mais frias do que as noites. Qualquer um sabe disso. Inclusive a CBF e quem pressiona contra esse horário.
Quando chegar o horário de verão, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, os jogos serão disputados num horário mais favorável, pois 11h oficiais significarão 10h solares. Tudo isso é o básico do básico. Como a CBF não percebe?
Dado o histórico dos dirigentes, é difícil saber se a decisão foi tomada por incompetência, demagogia ou para atender a algum interesse oculto.
De qualquer forma, venceu a desinformação. Mais uma vez.
Parabéns, Marcelo Damato!
Sempre fico satisfeito quando vejo alguém sair do lugar comum e pensar com a própria cabeça. O que não tem nada a ver com “querer criar polêmica”, é bom que se ressalte.
Além das informações que você colocou muito bem no seu texto, eu destacaria mais algumas:
– em notícia veiculada no “Estado” da última quinta-feira, Jorge Pagura, presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF), a respeito do eventual mal-estar alegado por alguns jogadores nas partidas às 11h, afirmou que a reclamação foi pontual. Ele explicou que a comissão fez avaliações em diversas partidas e em NENHUMA delas foi constatado risco aos atletas;
– durante a transmissão de Corinthians x Santos (realizado às 11h) no canal pago Premiere, o comentarista William Machado (ex-capitão do Corinthians), que atuou algumas vezes na Série D nesse horário (atuando pela Francana, time do quente interior paulista), afirmou que, embora não seja fácil, o corpo acostuma naturalmente com a nova rotina.
De modo que chego à conclusão de que os nossos jogadores e treinadores são mimados e não querem ser incomodados. Afinal, ter que acordar mais cedo e alterar a rotina de alimentação soa como algo absurdo para as nossas “estrelas”. Uma pena. Já que em outras categorias esportivas os tais jogos matinais são muito mais bem aceitos.
Como bem disse o colega Gabriel Rostey, será que isso ocorre pela nossa inexplicável mania que temos de querer ver o lado ruim das coisas?
Os jogos das 11h são um sucesso e devem ser aperfeiçoados.
Menos mal que na mesma matéria acima citada o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, garantiu que o horário será repetido na próxima temporada, talvez até durante o ano todo.
Tomara!
Muito bom, Marcelo Damato!
O que mais me incomoda é que frequentemente temos vários jogos interessantes simultaneamente (como na última quarta, com a Copa do Brasil, e domingo passado, quando dois clássicos e os jogos dos dois líderes foram ao mesmo tempo), e quando caminhamos corretamente na diversificação de horários, a imprensa inventa essa história! Sempre ficam reclamando dos jogos às 22h e falando que ninguém pensa no torcedor, mas quando este mostra que aprovou algo, “corrigem os rumos”.
Nunca vi ninguém falando que no verão os jogos das 16h ou 17h deveriam mudar para as 18h30. Nem nunca ouvi ninguém dizendo, por exemplo, que “o Santos é beneficiado por fazer vários jogos à noite e não ter o desgaste do calor”. Mas parece que só existe sol e calor às 11h.
Desta vez a principal culpada pelo retrocesso não é a CBF, a gente é que não ajuda mesmo 🙁
Concordo. Acho que usaram argumentos errados. Olha Roland Garros, US Open etc, todos disputados no horário da manhã, às vezes por quatro, cinco horas seguidas. Desculpa tão medíocre quanto a decisão.
O melhor horario pra ver jogo com a familia! 😉
Sacanagem dona CBF!! Depois dessa só eu voltando a ir ao zoológico dá pipocas aos macacos ..
Caramba! Parabens cara, otimo texto, os jogos das 11:00 foi a melhor coisa que o futebol brasileiro ja teve… Pena que durou pouco
Palhaçada isso. Tinha qe continuar sim. Jogadores ganham bem tem alimentação controlada por nutricionistas e reclamam.. Frescura pura
Tava matando os caras
Boa tarde, Geovane! Aí que tá, esse pensamento está sendo disseminado pela imprensa, mas não é o que acontece. Leia o meu post anterior ao seu, pf! Veja o que acha! 😉
Obg, abs
ganham umonte de grana querem ganha sem mto esforco e simples assim
/SSP-News-1201328956549899/timeline/
Bacana a abordagem, realmente, nunca tinha pensando nisso.
Sou contra o horário por motivos de SONO, hahahaha. Pessoalmente, não gosto. Mas é fato que caiu no gosto popular, há uma demanda retida, o lance de virar um programa de família e tal, principalmente em outros centro (no Rio, há uma forte concorrência com a praia e outros espaços livres como o Aterro. Deixar de ir lá – mesmo sob o risco dos arrastões – para ir à estádio é meio impensável. Mas talvez só falta de costume).
De qualquer forma, as justificativas pareciam plausíveis, mas há esse outro lado que desmonta um pouco.
Enfim, o horário chegou pra ficar, fato que voltará ano que vem, provavelmente mais vezes.