Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Aviso: a despeito do título, o texto não tem nada a ver com homofobia e, se alguém comentar neste sentido, estará assumindo publicamente que é um(a) idiota.
Uma Lei da Natureza é que as coisas não acontecem em ambientes que não sejam propícios. Cactos não nascem na Amazônia. Não tem manga no Saara. O café não surgiu no Brasil, mas temos condições ideais para o plantio. Da mesma maneira, caudilhos não prevalecem onde não existe admiração por quem age como um. É o machão, o que tem culhões (“cojones”) e não se intimida com “frescuras” como pluralismo, democracia e respeito a leis. Em dado momento, toda a humanidade pensou assim. Milênios depois, há quem siga depositando esperanças em mitos e comandantes acima de questionamentos. O enfoque ideológico pode variar os termos, mas chamar minha gata de panda não mudará sua espécie. Caudilho é caudilho.
Basta uma olhada superficial na História para ver que muitos latinos ainda se miram naquele que, em seu devido tempo, foi símbolo de grandiosidade. Julio César desafiou o triunvirato e tornou-se ditador romano, tentando tornar o senado uma fachada. Ironicamente, não demorou a ser morto pelos senadores, incluindo seu filho adotivo Brutus (quem mandou não comer espinafre?). Não é de espantar, destarte, o gosto por Franco, Berlusconi, Vargas e uma saraivada de “Señores Cojones”. Mas por que falo disso em coluna de esportes? Porque o esporte de um país latino não foge à regra de notórios caudilhos e seus legados controversos. Seja em confederações, federações ou clubes, sempre se procura um “mão de ferro”. Os apoiadores são fantoches ou “cheerleaders” sem pompoms. Quando suas ideias perigam desagradar o chefe, preferem estocá-las no silêncio.
Seja na política ou nos esportes, os caudilhos sempre trouxeram problemas, mesmo que alguns tenham sido precedidos por bonanças. É inevitável. Da continuidade sem contestações surge a falta de autocrítica, culminando na sensação de infalibilidade. O inusitado é que há saudosistas que só lembram a parte boa. O resto vira culpa de alguém. Não raro dos críticos – corneteiros. Até no São Paulo de Leco isso vem acontecendo. Por incrível que pareça, muitos “foralequistas” falam como se Juvenal nada tivesse a ver com a desgraça. O SPFC estaria numa boa e, exclusivamente por causa do atual presidente, despencou. Parecem os comentaristas que só têm olhos pra quem marcou o gol e esquecem quem deu a assistência. Juvenal pegou a bola na frente, recuou e a entregou de bandeja a Aidar, que fez o corta-luz para Leco finalizar no ângulo. Como na coluna anterior, outro golaço… contra.
Uma característica do caudilho nacional é que, ao contrário de estrangeiros que são efetivamente os donos do clube, aquele gasta dinheiro alheio. Seja o dos sócios, seja o dos torcedores, seja o do incentivo governamental, seja o que entrar nos cofres. A dívida também é dos outros. Como o amigo viciado em apostas que resolve isso apostando em seu nome, com a sua grana. E você ainda o acha um cara legal pra caramba. Chato é quem o aconselha a abrir o olho. Talvez um dia você se toque e e parta pra outra. Mas aposto que a tal “outra” vai envolver outro amigão desses. É como age o torcedor que detona um caudilho, porém na hora de substituí-lo pensa em alguém parecido, só que “do bem”. Continua atrás de um “hombre con H”, que prenda e arrebente, etc… Vai quebrar a cara de novo. Só pra procurar mais outro que quebrará sua cara. De novo.
Não existem salvadores da Pátria, em sentido algum. Historiadores e mitologistas podem direcionar conclusões, mas o triunfo de um grande líder vem quando este é rodeado de competentes. Quando os dispensa, vem a tormenta. No futebol, que segue a vida em tantos aspectos, o sétimo mandamento do gestor (ver em “Dez mandamentos do gestor de futebol“) é imperativo. Despreze-o e perderá. Transformar o “caudilhos vieram e virão” em “foram e não voltarão” é fundamental. Sem ele, tanto uma sociedade quanto uma torcida estarão contribuindo para que seu país ou seu clube se rebaixem. Por maiores que sejam, grandes caem. Questão de insistir no fracasso.
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