Créditos da imagem: Craques Históricos
Dois brasileiros chamaram a atenção na Copa do Mundo da Rússia. Ronaldo Fenômeno na cerimônia de abertura e Ronaldinho Gaúcho no encerramento, batucando com meu sorriso largo. Campeões mundiais em 2002, os xarás levavam pânico aos marcadores com explosão, faro de gol apurado e o fino trato com a bola. Ah, se ainda jogassem… Ter jogadores de alto quilate, que impõem respeito no campo e amedrontam adversários, faz-se necessário para o Brasil voltar a ser grande. E achá-los, criá-los, revelá-los ao mundo é nossa grande missão.
Sim, nossa seleção desceu de patamar e isso ficou claro nas duas últimas Copas, sobretudo na Rússia, onde chegamos cheio de pose, como favoritos e, mais uma vez, naufragamos. Temos de calçar as sandálias da humildade e reconhecer: falta muito para voltarmos a brigar pelo tão cobiçado troféu de campeão mundial.
No papel, um sexto lugar numa Copa do Mundo sempre tão concorrida não é de todo ruim. Deixamos 26 seleções para trás. Mas e na bola? O que fizemos no campo? Onde está aquele esquadrão que todos temiam enfrentar? Nosso time já não assusta ninguém. Nosso astro virou motivo de chacota num momento que devia causar pavor em seu marcador.
Isso não acontece mais. E não apenas com Neymar. Não há outro nome na Seleção Brasileira que ao menos desperte uma certa preocupação dos oponentes. Marcelo sumiu, Philippe Coutinho viveu de lampejos, Willian e Gabriel Jesus decepcionaram. Para não ir muito longe na história das Copas, tivemos de 1982 para cá Zico, Sócrates, Falcão, Romário, Bebeto, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Rivaldo… Muitos jogadores de excelência com os quais os adversários já pisavam no gramado preocupados. Como fazer para pará-los?
Temos de refletir. Quem da seleção de Tite deixava rivais de cabelo em pé? Sem dormir direito só de pensar a quem marcar no dia seguinte? Neymar seria esse nome. Porém… Sua genialidade esteve distante da Rússia, muito provavelmente pelos problemas físicos causados pele fratura no pé. Decadência? Não creio. Um trabalho psicológico talvez seria bem útil.
O camisa 10 brasileiro terá uma árdua tarefa de reconstruir sua imagem de craque no mundo da bola. Pois a cada entrevista de um marcador, a preocupação não era a de como pará-los, mas sim qual a maneira para evitar tanto teatro após possíveis faltas. Neymar voltou para casa marcado negativamente e parece nem ter se importado com isso, algo grave. Se ele não tem uma autocrítica, ficaremos a ver navios em competições futuras.
Mbappé foi campeão e se destacou aos 19 anos. Pinta de craque e futuro promissor pela frente. Mesmo jovem, era um jogador que os rivais tinham atenção especial. Temos uma boa safra surgindo, com Vinícius Jr., Rodrygo, Arthur, Paulinho, Lucas Paquetá, entre outros jovens. E algumas realidades, como Luan. Que possam se tornar craques para o Brasil voltar a mostrar quem tem o melhor futebol do planeta. Se vão, é outra história. Mas não podemos ser essa seleção comum. Quem é pentacampeão nunca pode perder a majestade.
Bastante querido e admirado no meio, o carismático Fábio Hecico é jornalista esportivo com vasta experiência e concedeu ao No Ângulo a honra de publicar um texto de sua autoria. Em nome de todos da equipe, obrigado e um forte abraço, meu amigo! 😉
Concordo plenamente! Hoje só temos o Neymar e ele está muito sobrecarregado!
Excelente Artigo, parabéns.
O problema é que temos que vencer sempre , sem dar oportunidades a jogadores promissores , e a condição de vê los em ação para se ambientar com esse tipo de torneio . Levamos jogadores consagrados no pior de sua forma , olhando o presente sem projetar o futuro. Quem sabe se Neymar e Ganso estivessem em 2010 teriam hoje outro comportamento, lapidado pela dificuldade ou pelo ambiente encontrado. Pensamos no imediatismo , que hoje não funciona mais , pela equivalência das equipes. Garotos forjados na dor do fracasso , se entregam com alma a possibilidade do sucesso , algo que no futebol brasileiro não é viável. Desperdiçamos talentos sem prepara los , temos treinadores obsoletos que acreditam que apenas o talento é suficiente para resolver uma partida. Isso se foi a algum tempo , quando além de jogadores excepcionais , éramos referência no mundo da bola. Ou damos um passo para trás revendo nossos conceitos , aceitando que precisamos reaprender um futebol de conjunto que potencialize a individualidade, ou iremos padecer no paraíso , acreditando que ainda somos a cereja do bolo . Essa fórmula já desandou e faz tempo , a amarelinha não causa temor em mais ninguém. Simples assim.
Olá Fábio Hecico,
Primeiramente, muito obrigado pelo material produzido que nos possibilita diversas reflexões e discussões, inclusive, reflexões que me levam a discordar completamente de ti e da lógica construída pelo texto.
Gostaria de começar perguntando Quais feitos que as amedrontadoras seleções de 2006 (Quarteto fantástico impôs muito respeito, não?), de 1982 (Falcão e Rivellino deixavam o adversário de cabelo em pé, não?) e de 1986, (com o Zico amedrontando seus rivais) tiveram na copa? Nenhuma. O mesmo resultado que a de 2018, que 2014 e à criticada seleção de 2010 (4º Lugar).
Perdemos para uma seleção melhor e ponto final. A Bélgica tinha uma Equipe mais qualificada, com um conjunto melhor e com uma organização tática superior.
A mensagem que fica ao final dessa copa, ao meu ver, é que talento individual, assim como camisa que pesa (POR FAVOR VAMOS ACABAR COM ESSE PENSAMENTO RIDÍCULO: “AÍ, CAMISA PESA…”), são superados por ações coletivas.
Talentos individuais? Temos. Jogadores que impõe respeito? TEMOS DEMAIS.
Como um cara que é o maior vencedor da história do futebol não impõe respeito?
Como um cara que é peça chave na conquista de três UCLs nos últimos três anos não amedronta?
Como um cara que é a maior transferência da história do futebol não causa medo?
Nosso problema foi a desorganização tática, principalmente frente à um adversário que era coletivamente melhor.
Por fim, acho um tanto quanto precipitado criar uma situação de calamidade, dizer que tudo está perdido ou algo parecido e pior, apostar em jogadores que mal se desenvolveram, estão no primeiro/segundo ano como profissional. Muita calma nessa hora, ou devo lembrar que Ganso era apontado por todos os “especialistas” como camisa 10 de 2014, 2018, 2022 e 2026? Isso sem falar de inúmeras promessas, principalmente surgindo em clubes do eixo RJ-SP.
Pra finalizar, e refletir sobre como esse imediatismo de querer as promessas já na seleção achando que elas serão as salvadoras da pátria, o que você acha de um jogador que subiu do profissional, fez 138 jogos, marcou 35 gols, no seu segundo ano como profissional foi artilheiro do campeonato estadual e da copa do Brasil e no terceiro foi campeão da Libertadores como peça importante.
Interessante? Vale convocar? Pois é, este é o tão criticado Taison. Que teve em suas primeiras temporadas números bem superiores a todos as promessas e futuros “craques” da seleção. Então… o que te garante que a estrelinha que tu sonha na seleção hoje, não vai ser o Taison de amanhã? Por isso calma, muita calma…
Concordo com vc, Erik. Muito bom!!! Vc foi mais profundo na questão!! Parabéns
Temos que trabalhar mais a formação desde a base, para termos atletas resilientes. Estes foram por acaso. Mas não dá para entregar sempre tudo ao acaso.
E Erik..se me permite.. para corroborar com o seu texto: Pegue as campeãs mundiais de 2006 para ca!! Sempre são seleções sem talentos individuais do peso de um Pele,Garrincha, Romário, Ronaldo,, Rivaldo….Sempre foram seleções fortes coletivamente, em primeiro lugar!! E que bateram seleções dos astros que põem medo em qquer um: Cristiano Ronaldo e, principalmente, Messi.
Enfim…creio que isso mostre, e prove, de fato, muiita coisa…
O pensamento de que devemos ter jogadores que põem medo no adversário pra ganhar o hexa não é o alicerce ideal para nos levar a ele..