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Enquanto o Real Madrid se consagrava com um tricampeonato impressionante, a grande decepção das últimas edições foi o maior rival. Especialmente quando se analisa o total de gastos desde 2016, boa parte deles com fiascos. Nomes como Denis Soares, André Gomez e mesmo Paulinho não conseguiram tirar a grande desvantagem do clube em relação aos madridistas – elenco. Para piorar, os catalães pró-independência fizeram esforços paradoxais para ganhar a Copa do… Rei. Não houve talento que resolvesse o planejamento cansativo e desastroso, agravado pelo envelhecimento das estrelas. Desta vez, porém, parecem ter aprendido a lição. Com os devidos ajustes, podem ser os grandes favoritos da temporada.
Nos últimos anos, o já veterano Iniesta e Rakitic tiveram que fazer um número de jogos acima do ideal, ante o desnível colossal na comparação com os reservas. Com a saída do brilhante camisa 8, a diretoria foi atrás de nomes não apenas consistentes, como também de estilo facilmente ajustável. A afinidade mais notória é a do brasileiro Arthur. Algo que não surpreende quem vinha acompanhando seu futebol no Grêmio – e, infelizmente, longe da seleção brasileira. Quem também passou para o setor foi Philipe Coutinho, que em seu primeiro semestre atuou avançado pelos lados. Completando os reforços, o chileno Vidal chegou de Munique. Com isso, a concorrência para fazer parte dos titulares será acirrada, até o treinador Valverde encontrar a formação mais equilibrada. Lembrando que o competente Rakitic voltou da Rússia com moral bem acima do pré-Copa.
No ataque, Suárez e – obviamente – Messi são os titulares e terão mais um companheiro. Depois do despencar de Paulinho, o técnico desistiu do 4-4-2 e voltou ao tradicional 4-3-3. Por ora, a despeito da vinda de Malcom e da possibilidade de Coutinho adiantado, a escolha recai no caríssimo Osmane Dembelé. Contratado às pressas para substituir Neymar, o atacante francês se lesionou duas vezes e, quando finalmente jogou, trouxe grande preocupação à torcida e aos cofres. A má fase se estendeu até a Copa, quando começou titular e terminou esquentando o banco de reservas. Com ambições mais modestas, ainda que imaturo, Dembelé retornou mais produtivo. Continua irregular e errando muitas jogadas, mas as que acerta estão sendo muito acima do ordinário – como o golaço na estreia contra o PSV.
Todavia, mesmo a goleada não esconde a preocupação com a defesa. Estivessem menos emocionados, os adversários do clube holandês poderiam ter complicado a vida do mandante, como fizeram seus dois últimos oponentes no campeonato espanhol. Embora individualmente as posições estejam bem preenchidas, há espaços inadmissíveis. Uma das causas é a falta de costume de Coutinho em jogar no meio-campo. Não raro exagera nas infiltrações e, com a bola perdida, deixa um clarão que faz o lento Busquets e Rakitic se desdobrarem. Caso o brasileiro não se adapte à parte defensiva, é possível que Valverde entre com Arthur no meio e adiante o compatriota para o lugar de Dembelé. Quanto ao intocável Busquets, não será surpresa se disputar posição com Vidal ou até com Arthur. Não esqueçamos que Xavi começou nesta função, em seus primeiros tempos de Barça.
Por ter recursos humanos e talento de sobra nas mãos, penso que esta é a grande oportunidade de o Barcelona retomar o prestígio perdido. Sua torcida não dispensa comemorar, mas já está desgostosa com glórias nacionais. Não será fácil, já que temos outras equipes fortes se aprimorando. Mesmo o Real Madrid não deixará de ser um candidato respeitável. Cristiano Ronaldo é inigualável no ataque, mas há outros definidores e jogadas seguirão criadas em profusão. De todo modo, pela fome e pelo potencial, vejo o Barcelona em condições de não repetir as bobagens que, a despeito de momentos memoráveis, tornaram-no mais do mesmo – em vez de mais que um clube. A conferir.