Créditos da imagem: FC Barcelona
Um dos grandes alicerces de uma corporação é sua cultura. Por mais invisível que ela pareça, está presente em todas as ações e reações de uma empresa.
É comum que organizações com cultura muito clara e enraizada atraia e mantenha profissionais com características semelhantes. Então, empresas e conglomerados com firmeza ética, visão inovadora, que trabalham em equipe, que buscam entender seus clientes profundamente acabam atraindo profissionais com estas características. E da porta para fora, são percebidas por seus clientes da mesma forma. Quando este conjunto de normas explícitas e implícitas funciona, então está criado um ambiente onde todos remem na mesma direção.
Isto vale para o futebol.
O maior valor de um clube é seu torcedor. Por mais que alguns dirigentes ajam e sintam-se donos dos clubes, o verdadeiro dono é o torcedor. É por conta dele que há estádios, bons contratos de TV, patrocínio. E dentre as razões que levam um torcedor a escolher seu time está a identificação cultural.
Os clubes possuem características dentro de campo que são transferidas para as arquibancadas, da mesma maneira que a arquibancada cobra reciprocidade do campo. O melhor exemplo disso chama-se Barcelona.
Por mais que Juventus, Real Madrid, Bayern de Munich entre outros também tenham cultura clara, o Barcelona é certamente o clube que melhor representa este conceito.
Qualquer um que acompanhe futebol tem em mente a forma do clube catalão de jogar. Estilo que se criou e se mantém vivo desde sempre, seja com Cruyff, Guardiola ou Luis Enrique como treinadores, seja com Rivaldo, Romário, Ronaldo ou Messi em campo. Jamais foi um clube de chutão, de cruzamentos, defensivo. Tratar a bola com cuidado e carinho sempre foi uma característica do clube, aceita e exigida por seus torcedores. Mantida desde as categorias de base.
Agora voltamos ao Brasil. Qual o clube Brasileiro tem claramente em mente sua cultura esportiva? E para isso, fazemos uma pausa para falar de compreensão.
Os clubes brasileiros mal conhecem seus torcedores. Quem são, quais seus anseios, o que esperam do time em campo. E ao desconhecê-lo perdem uma chance importante de definir cultura e trazer o torcedor para seu lado.
Porque se o Corinthians um dia foi o time da raça, o torcedor hoje quer um clube que jogue bola além da própria raça. Da mesma forma que o São Paulo técnico já não agrada seu torcedor se o time não mostrar um espírito guerreiro.
Isto acaba se traduzindo em erros absurdos no campo esportivo. Ao desconhecer sua cultura, que vai além da visão míope dos dirigentes, os clubes afastam seus torcedores, uma vez que escolhem treinadores e montam elencos completamente desalinhados com o que os verdadeiros donos querem. No lugar da simbiose campo-arquibancada, haverá o distanciamento, frieza e críticas.
Voltando ao Brasil, o perfil claro que os clubes apresentavam nas décadas de 70 e 80 deixou de existir. A cada ano os dirigentes definem técnicos e elencos que vão do perfil guerreiro ao técnico, passando pelo veloz que joga no contra-ataque, sem critério de continuidade nem aderência à cultura, que na verdade nem existe mais. O resultado é uma suposta competitividade do futebol brasileiro, pois há tanto descompasso e falta de cultura que acabam gerando competição incomum. Um conjunto que funcionou nesta temporada não funcionará na próxima, até porque tende a sofrer forte mudança; um treinador brilhante com um elenco será criticado na temporada seguinte, mesmo que o perfil do seu elenco não seja o mais adequado.
Portanto, quando falamos que gestão é a soma do que se faz fora e dentro de campo, um dos primeiros passos rumo a esta unificação é garantir que haja uma cultura e que esta seja preservada. Dá trabalho, e talvez este seja o problema, pois dirigente não quer trabalho, só vitórias. Passou da hora de mudarmos a forma como cuidamos dos nossos clubes.
No Brasil a gente vê o suposto moderno Palmeiras saindo do Eduardo Batista, pro Cucabol e depois pro Roger, nada a ver com nada!!!!!!!!! Mas acho que faz 10 anos que o Corinthians tem sim uma linha, é a exceção!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
CONCORDO. SÓ VEJO O SANTOS COM O SEU CONHECIDO FUTEBOL-ARTE TENTANDO MANTER UMA MESMA LINHA (NEM SEMPRE CONSEGUE, MAS HÁ ESSA COBRANÇA INTERNA).
TÉCNICO RETRANQUEIRO NÃO VINGA NA VILA!
Querer comparar o futebol europeu com o nosso é utopia. Não temos.organização e.nem surgem jogadores extraordinários como.antes. Vivemos o imediatismo portanto esse futebol medíocre é o que temos e o que teremos..Simples.assim
Tem razão, Djalma. É isso que venho defendendo e apontando soluções: ou trabalhamos para nos aproximar, ou o futebol no Brasil será engolido.
Tira esse mídia daí ele perto desses três aí ele é pequeno demais
Continuamos fazendo futebol ao estilo “tupiniquim”, não buscando benchmarking para uma melhora e achamos que somos os melhores do mundo, em tudo…Ganhamos muitas copas, etc. etc. etc. mas pecamos na organização. Ótima matéria para desobstruir mentes ainda encruadas no passado.
Errou quando pensa que a cultura do Barcelona vem desde os primordios do clube. Cruyff implementou e fortaleceu essa ideia. Enfrentou resistencia em sua epoca, mas venceu. Ele implantou a cultura nos torcedores, não o contrário.
A maioria dos torcedores querem ver seu time vencer, quase sempre não sabem como. Você precisa mostrar para eles.