Créditos da imagem: EFE/Antonio Lacerda POOL
Não era exagero dizer que o Flamengo atingiu, em 2019, um padrão de jogo (não necessariamente um nível de jogo) comparável ao de fortes clubes europeus. O técnico Jorge Jesus, em pouco mais de um mês, transformou um time descompassado numa equipe de ritmo fortíssimo, que os concorrentes nacionais simplesmente não conseguiam suportar. A virada épica na Libertadores e a disputa digna contra o Liverpool (a despeito do menor esforço inglês) ratificaram a ampla superioridade rubro-negra e a perspectiva de que, ainda mais reforçado, o Flamengo seguisse surfando em 2020. A prancha quebrou e o surfista tomou um caldo. Como isso aconteceu?
1 – 2020 é tudo, menos um ano normal – a longa pausa da pandemia, ainda no começo da temporada, deixou todos os clubes brasileiros abaixo das melhores condições físicas e técnicas no retorno. “Ah, mas os argentinos só voltaram agora!”. Pois é. Voltaram sem retomar o calendário, preferindo uma competição avulsa. Enquanto isso, logo de cara os times brasileiros retomaram rotina de quarta e domingo, acumulando lesões e contágios. Estar em atividade antes, no lugar de ser vantagem, virou problema. Neste contexto, mesmo com Jorge Jesus já seria difícil – até improvável – atuar como no ano anterior.
2 – fator Pablo Marí – mais um ponto em que alguns leitores rubro-negros batiam de frente com a coluna. O espanhol seria bom para bolas altas e só. Errado. Sua chegada foi fundamental para ajustar o posicionamento defensivo. Era ele, não Rodrigo Caio, que ditava a postura adiantada da defesa. Sem este senso de colocação, a zaga perdeu o pilar tático que nem a volta de Rodrigo Caio resolveu – vide sua expulsão por cartões decorrentes de má colocação. Léo Pereira e Gustavo Henrique não estiveram nem perto de proporcionar a mesma segurança. Avenidas Brasil surgiram nas bolas perdidas.
3 – fator Jesus – a surpreendente despedida do treinador gerou danos múltiplos. A saber:
a – de pronto, foram duas semanas seguidas de folga, sendo que o português já tinha destacado que, embora tenha voltado a treinar (irregularmente) antes dos outros, o time estava fora de forma para praticar seu jogo habitual;
b – a obsessão pela missão impossível de encontrar um substituto que fosse sua cópia, com histerias a cada caminho supostamente diverso – sendo que, mesmo com Jesus, o time já vinha desenvolvendo uma alternativa posicional;
c – ao mesmo tempo em que o mote era achar um dublê, não estudaram se as alternativas realmente faziam tal papel em seus clubes – com direito a forçada de barra, inclusive do próprio técnico, para colocar Rogério Ceni como o novo Messias – coisa que o colunista avisou.
4 – Fator individual – mal preparados fisicamente e confusos taticamente, jogadores brilhantes em 2019 desceram de nível. Bruno Henrique já voltava de lesão antes da pandemia e repete o problema de 2018 – demora para retomar a qualidade após longas pausas. Gabigol, com desequilíbrio muscular, ficou várias partidas de fora e, em campo, passou a se movimentar menos, prejudicando o coletivo. As convocações também afetaram a equipe, mas para isso o clube tinha se preparado. Só que, com tantas lesões, não raro tem que colocar os reservas dos reservas.
5 – Uma vez Flamengo, sempre Flamengo – as diretorias rubro-negras têm a fama histórica – e justificada – de derrubarem até os próprios trunfos. Uma série de mudanças (como no departamento médico) bagunçou o clube em todas as áreas. A ideia de fazer do atual presidente um Lula rubro-negro gerou mais antipatia coletiva que dividendos – como a já discutível e caduca MP do mandante. Mais rápido até que o São Paulo de Juvenal, o Flamengo se acomete pela soberba de se julgar com um diferenciado toque de Midas. Tal como o tricolor paulista, está mais tendente a encarnar outro mito do rei grego – o das orelhas de burro.
Obs: como paspalho é o que não falta na internet, o título da coluna é óbvia alusão a clássico da ficção científica e não tem porcaria alguma a ver com preconceitos.
Excelente
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Em Portugal, pode fazer o trocadilho – O Patamar que Veio do Futuro – Planet of the Apes
Gustavo, vc q gosta do MFC, fiz só por curiosidade e a classificação é:
C F MFC
São Paulo 8 22 14
Atlético MG 4 13 9
Flamengo 14 20 6
Internacional 11 15 4
Palmeiras 14 18 4
Grêmio 11 15 4
Santos 14 15 1
Fluminense 14 14 0
Corinthians 19 16 – 3
Atlético GO 21 16 – 5
Fortaleza 17 11 – 6
Bragantino 15 9 – 6
Ceará 16 9 – 7
Athlético PR 18 10 – 8
Bahia 17 9 – 8
Sport 18 10 – 8
Vasco 21 12 – 9
Coritiba 22 9 – 13
Botafogo 25 9 – 16
Goiás 24 4 – 20