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Neste ano, pela primeira vez, 24 equipes disputaram a Copa do Mundo de futebol feminino. De 1999 a 2011, o torneio conteve 16 seleções. A ampliação era uma medida que já era ventilada há algum tempo, mas havia grande temor a respeito do grande desnível entre as equipes participantes. Em 2007, a histórica goleada da Alemanha sobre a Argentina por 11 x 0 colocou a mudança na geladeira por algum tempo.
Em 2011, no entanto, os ânimos mudaram. Naquele Mundial se registraram bem menos goleadas do que no anterior. Nenhuma partida teve diferença de gols igual ou superior a cinco. As maiores goleadas foram França 4 x 0 Canadá e Inglaterra 4 x 0 México. Grande contraste com 2007 e 2003, quando aconteceram respectivamente quatro e cinco vitórias por tamanha diferença de gols. Como medida de comparação, nos últimos quatro Mundiais masculinos, houve exatamente uma partida em cada com tal diferença de gols: Alemanha 8 x 0 Arábia Saudita (2002), Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro (2006), Portugal 7 x 0 Coreia do Norte (2010), Alemanha 7 x 1 Brasil (2014).
Assim sendo, em 2015, pela primeira vez se está realizando um Mundial Feminino com 24 equipes. De uma maneira geral, creio que é possível dizer que a ampliação foi uma atitude correta. Sim, as grandes goleadas voltaram. Tivemos Alemanha 10 x 0 Costa do Marfim, Suíça 10 x 1 Equador, Camarões 6 x 0 Equador e França 5 x 0 México. Mas é um preço adequado a se pagar. Com o formato antigo, muitas seleções de bom nível estavam ficando de fora. As vagas para Ásia e Europa, especialmente, eram muito poucas. É bom ver estas novas equipes com algum nível de competitividade, como Espanha, Holanda, Suíça, Costa Rica e a grande surpresa Camarões, debutando em Copas Femininas. É claro que uma participação em um Mundial aumenta a visibilidade do esporte em um país, e isto é positivo.
Se por um lado é possível perceber um equilíbrio cada vez maior entre os países, as principais potências continuam estáveis em seus lugares nos últimos quatro anos. Enquanto no último Mundial, França e Japão surgiram como novas forças, neste parece que não surgiu nenhuma nova potência. A jovem equipe australiana, no entanto, está ameaçando passar do patamar intermediário para o superior, de candidata a título. Vamos ver se este será o caso. Escrevo estas linhas antes das quartas de final.
América Latina
É possível notar um lento e contínuo crescimento dos países latino-americanos, embora ainda estejam longe de alcançar o mesmo nível que atualmente possuem no futebol masculino.
A boa notícia é a Colômbia, que se tornou o primeiro país latino-americano não chamado Brasil a ganhar um jogo no Mundial Feminino. E foi uma vitória sobre a França, semifinalista da última edição, na que foi a principal zebra da competição. Além disso, conseguiu jogar de igual para igual com Inglaterra e EUA quando ainda tinha 11 atletas em campo. Há treze anos, no quadrangular final do Sul-Americano, a Colômbia perdeu de 12 x 0 do Brasil. Há nove anos, nem chegou no quadrangular, e perdeu de 6 x 0 da Argentina na primeira fase, a mesma Argentina que perderia de 11 x 0 para a Alemanha um ano depois. Há quatro anos disputou finalmente o seu primeiro Mundial, e não conseguiu marcar um único gol.
Outras equipes tiveram experiências diferentes. Com seus empates contra Espanha e Coreia do Sul e uma derrota apertada para o Brasil, a Costa Rica conseguiu uma estreia digna, acima do que muitos provavelmente esperavam. México e Equador, no entanto, decepcionaram. Com seus 3 jogos, 3 derrotas, 1 gol a favor e 17 contra, o Equador por pouco não teve a pior campanha da história dos Mundiais. Esta façanha ainda pertence à Argentina de 2007, que também marcou 1 gol, mas sofreu 18. Como consolo, fica a crença de que muito provavelmente o Equador não é um dos três melhores times da América do Sul no momento: sua classificação foi obtida com o importante auxílio de sediar o Sul-Americano.
E o Brasil? Apesar das três vitórias na primeira fase (o Brasil possui agora nove vitórias seguidas em primeira fases e quinze jogos de invencibilidade), também uma decepção. Jogos mornos, nenhuma das belas goleadas aplicadas em outros tempos e fora das quartas pela primeira vez desde 1995. Parte da explicação: a lenda Marta não jogou nem 25% de seu potencial. Esta é uma realidade à qual teremos que nos acostumar.
E até agora os dois jogos das quartas foram super apertados!
Eu sempre acho interessante ver como a geografia do futebol feminino é completamente independente da do masculino! Quartas-de-final com China, Austrália, Canadá, Japão e Estados Unidos seria surreal entre os homens 😉