Créditos da imagem: Portal Terra
Neymar, Weverton, Micale e até Tite. Desde que a bola do camisa 10 tocou a rede na ultima cobrança da série de pênaltis que decidiu o futebol masculino na Rio, tanto a mídia quanto a própria torcida brasileira passaram a apontar vários responsáveis pela conquista da inédita medalha de ouro. Sugestões de heróis não faltaram, mas, infelizmente, se esqueceram de um, ou melhor, de uma: a nossa seleção brasileira de futebol feminino.
A responsabilidade que nossas meninas tiveram sobre esse ouro é imensurável. Enquanto o time masculino nos apresentava atuações pífias, nossas mulheres nos davam o conforto necessário para seguir acreditando que o futebol do Brasil ainda poderia respirar. Além disso, a cada bela atuação de Marta e companhia, a pressão sobre os garotos multiplicava; após as junções do 5 x 1 feminino contra a Suécia e o 0 x 0 masculino contra o Iraque, os meninos tiveram, literalmente, que se virar. Era hora de reagir, ou todas as camisas da CBF seriam trocadas de Neymar pra Marta, como a daquele famoso garotinho.
As atuações femininas mexiam com o brio dos rapazes! Graças a elas, podíamos intensificar as cobranças e exigir uma resposta do time masculino. Graças também a elas, não descartamos as esperanças no futebol dessas Olimpíadas. Esquecidas pela CBF, nossas mulheres foram coisa de outro mundo; nos encheram de alegria enquanto os meninos tropeçavam e pareciam querer cair a qualquer momento. E em meio a tudo isso, pediam, constantemente, apoio ao time masculino.
Após tantas comemorações e homenagens, deixemos as injustiças de lado. Esse ouro, meninas, mais do que nosso, é de vocês. Apesar do quarto lugar, vocês foram exemplos e caem com o moral lá em cima; caem, sim, com o ouro no peito.
Só temos a agradecer pelo que fizeram por nós e por nossos meninos. E rezar para que, em 2020, sejam vocês por todos nós no lugar mais alto do pódio.
(Em tempo: a CBF ameaça acabar de uma vez por todas com seleção feminina, como se dela fosse, não nossa. Seria o maior caso de ingratidão da história do futebol do Brasil. Um absurdo que não podemos, jamais, deixar acontecer!)
Lena Annes, você vai gostar! 😉
Verdade Fernando Prado, é uma análise sensível e justa. Gostei do texto. Mas ainda temos muito campo para percorrer até que o caminho (e principalmente os investimentos) sejam equânimes e ambas seleções possam ser cobradas e comparadas apenas pelo futebol e talento de seus jogadores(as).
Muito bem colocado, Jorge Freitas! Tudo saiu perfeito para este ouro no masculino. Aliás, acho que nunca vi o Brasil “em paz” ganhar nada. Parece que a Seleção sempre precisa fazer com que “tenham que engoli-la” para vencer 😉