Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Euro e Copa América permitiram ver, simultaneamente, os níveis e estágios de importantes seleções a um ano e meio da Copa do Mundo. A primeira percepção é a que muitos comentaristas brasileiros ainda se recusam a aceitar: a diferença de nível entre competições coloca as seleções europeias em situação bem superior às sul-americanas, em termos de ajustes e ritmo. Sendo que muito do nível da Euro, consideravelmente acima do que se viu em 2016, tem origem nas Ligas das Nações. Aos amistosos e jogos de eliminatórias foi acrescentado, ainda em 2018, um torneio que impõe a competitividade. Enquanto isso, Brasil e Argentina enferrujam nas limitações continentais.
Vamos a um panorama (bastante) resumido de 10 das principais seleções do planeta. Lembrando que títulos continentais não significam, necessariamente, favoritismo na Copa.
Alemanha – a grande notícia foi a troca de comando após a eliminação contra a Inglaterra. Potencial não falta para um elenco baseado no Bayern e, agora, treinado pelo técnico que levou este Bayern à tríplice coroa. O desafio de Flick, que ajustou o time bávaro em tempo recorde, é encontrar um centroavante confiável – drama de diversas outras seleções.
Argentina – foi-se o tabu de quase trinta anos sem uma conquista. Messi passou a se sentir confortável e novos nomes surgem na seleção de Scaloni. Para a Copa do Mundo, porém, ainda é pouco. O “faz e recua” deixa os atacantes fora do jogo durante boa parte das partidas, como na final – que mais pareceu uma disputa de rugby no segundo tempo.
Bélgica – pelos diabos a novidade feliz foi ver De Bruyne jogando tudo o que joga no City. De resto, fora o amadurecimento da ótima geração (sem as aspas babacas), a seleção belga também padece do “faz e recua”. Contra a Itália, não fez e não conseguiu tomar a iniciativa. O potencial ainda parece acima do que seu técnico consegue gerar.
Brasil – tem potencial e realidade superiores aos da rival Argentina, apesar da derrota. Os grandes problemas, além do comodismo gerado pelos adversários, são o lado direito ofensivamente fraco (que permite aos adversário concentrar esforços em outros setores) e o “4-2-1-3” escolhido por Tite após a Rússia. O “1” será encaixotado sem dó pelos europeus.
Espanha – Luís Enrique deixou claro que o objetivo é renovar. O desempenho surpreendeu, ainda mais porque o toque de equilíbrio foi do calouro Pedri. O que segue faltando é um atacante de primeiro nível. Talvez o amadurecimento de Olmo e a eventual recuperação do garoto Ansu Fati ajudem no Catar. Mas a perspectiva realista é para 2026.
França – a seleção mais completa tem, como o Brasil, um lado direito deficiente no ataque. Deschamps tem a solução óbvia de trocar Griezmann por Coman. Na Euro ele preferiu usar um 4-2-4 no segundo tempo. Gerou gols, mas também o desequilíbrio que ajudou a Suíça a eliminá-la. Parece haver medo de contrariar os corneteiros de boina.
Inglaterra – o futebol jogado pelos times ingleses é totalmente divorciado do que pratica a seleção travada de Southgate. Não é de espantar que, pelo English Team, Harry Kane mais pareça um pivozão das antigas. A consagração de Sterling, jogador irregular e pouco inteligente (cujos gols foram dados pelos colegas), também não vai ajudar muito.
Itália – única seleção a produzir um padrão mais moderno que o de seus clubes. A Azurra de Mancini joga como um autêntico time e isso fez a diferença contra o pragmatismo dos adversários. Falta um artilheiro competente como era o finado Paolo Rossi. Se aparecer um parecido até novembro de 2022, voltará à Copa como não está acostumada: favorita.
Portugal – outro elenco que sugere força muito superior ao que se vê na vida real. Curioso o contraste entre Bruno Fernandes e Pogbá. Enquanto este rala no United e manda na França, ocorre o inverso com o luso e Portugal. Ao menos a Euro tem que servir para dispensar os serviços do tenebroso lateral Semedo. Não há Cristiano Ronaldo que aguente.
Uruguai – aproxima-se o fim da linha para os veteranos celestes. O desempenho na Copa América confirmou a fragilidade já mostrada no início das Eliminatórias. Não há mais como repetir o sucesso da tática com oito operários trabalhando para que Suárez e Cavani resolvam tudo na frente. Nem na América no Sul, muito menos contra os europeus.