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“DESuse your ilusions” – o são-paulino dando adeus às fantasias dos “wonder boys”
Há um ou dois anos, ousei me expor à mais implacável patrulha de são-paulinos: aquela que acredita que Cotia é a cura para todo mal. Nas palavras do Pato Fu da década passada, algo como Hipoglos, Mertiolate e Sonrisal. Falta lateral? Pega em Cotia, que resolve! E tome Auro, Foguete e outros “boicotados” não vingando nem no Canadá. Nada disso convence os entusiastas. “Olha só quantos títulos na base, porra!”. Esse é o problema, amigo internauta que não ajuda nas transmissões. O CCT Laudo Natel (ironicamente batizado com o nome de um matusalênico) é fértil em formar jogadores sub-20. Já quanto a preparar profissionais, o jogo é bem diferente.
Não é que não surgem talentos. Existem. São explorados exclusivamente pra ganhar torneios. Enche-se o calendário de competições. Sobra cada vez menos tempo de preparação física, técnica e tática. Pior: na obsessão por ganhar jogos sub-17 ou sub-20, alguns trocam constantemente de posição. Liziero ora foi lateral, ora meio-campo. Muitas vezes no mesmo jogo. Não foi plenamente trabalhado nem numa posição, nem outra. Entre os senhores, parece um robô enferrujado. Não muda muito com quem se fixa numa função. Luan, sempre volante, não aprendeu a sair jogando. Helinho e Antony encantaram nas Copinhas, mas só sabem finalizar – mal – de chapa e pisam em ovos na área. Ficam lá, isolados na ponta. Às vezes aparece um fora-de-série com aptidão pra superar as falhas. Mas isso ocorreria com ou sem o trabalho pra dominar o mundo juvenil, Pink…
Não é de hoje que constatei o paradoxo. Também não é de anteontem. Ficou mais claro no começo de 2019. André Jardine teve sua grande chance como treinador de profissionais. Mostrou ser um vitorioso técnico de aspirantes. Seus métodos naufragaram contra quem corre mais e dá menos espaços. Voltou a ser técnico de base. Agora está na seleção sub-23, onde Antony faz gols em seus semelhantes, pra depois voltar a parecer criança no meio de gente grande. Já foi falado aqui, mas é bom lembrar Écio Pasca pra quem não leu antes. Foi revolucionário na base da Portuguesa. Criou os losangos flutuantes que passearam na Copinha de 1991 (a que revelou Dener). Virou lenda no universo amador. Em compensação, nunca rolou com os profissionais. Assim como tem coisa que funciona no basquete e no vôlei da garotada, mas leva toco dos marmanjos. Outro esporte, bebê.
“Ah, mas pelo menos é mais barato ter um Luan que um Jucilei”. Como se Cotia vivesse à base de feijões mágicos. No fim das contas, o São Paulo torra de lá, torra de cá e continua sem volante. Até quem vinga precisa correr atrás do tempo perdido. Casemiro voltou às aulas em Madri. David Neres fez um intensivão no Ajax. Lucas espantou treinadores pela forma crua como chegou. E estes são os melhores. Outros ficam perambulando, com pequenos altos e longos sumiços. Como Ewandro e Boschilia, garotos de ouro em 2014. Continuam prometendo. Só prometendo. Enquanto isso, em Barcelona pensaram que Arthur era canterano, de tão pronto que o Grêmio o deixou. Será o mesmo caso de Matheus Henrique. E Everton Cebolinha. Quantos títulos os gaúchos têm na base? Quase nada. Quantos ganham com os jogadores da base? A acusação encerra, Excelência.
Tenho desprezo por ofensas, mas compaixão com quem, ano após ano, acompanha a base do São Paulo. Só falta catalogar os nomes. Assistem às competições ansiosos por um futuro promissor. Pedem chance pra fulano toda vez que um medalhão afunda o time principal. Não veem como são enganados pela própria esperança. O clube tem culpa dupla. Pelo trabalho mal feito e pela falta de sinceridade. Devia dizer “Cotia é pra ganhar campeonatos sub e vender os moleques antes que descubram seus defeitos”. Sinceridade pode frustrar, mas nunca tapear. O são-paulino não choraria por garotos no lugar de contratações ruins. Reclamaria por contratações boas. Sem ilusões.
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