Créditos da imagem: Reprodução UOL Esporte
Meu estimado amigo pessoal Tadeu Miracema lembrou que Cláudio Adão, um dos grandes atacantes do futebol brasileiro em todos os tempos, completa hoje 64 anos de idade.
E me lembrei de uma passagem que o mostra como pessoa inteligente não apenas no gramado, mas também fora dele.
No caso, ali pertinho, no vestiário da Vila Belmiro, onde começou a pintar como craque, importado de Volta Redonda. Muito jovem, era a bola da vez nas manchetes esportivas. Uma das grandes revelações que o Santos acostumou apresentar todos os anos, às vezes menos, desde Pelé, nos idos de 1957.
Íamos sentar em algum lugar da Vila para o papo combinado -naquele tempo era mais fácil- e, enquanto o esperava trocar o “fardamento branco sagrado de então” pelo social, o fotógrafo Lemyr Martins caprichava apertando o botão da Nikon. Levou Cláudio Adão para frente dos armários e, de forma sagaz, foi pedindo para que ele caminhasse mais um pouquinho para a esquerda. Depois, mais um pouquinho e depois mais… De repente, Cláudio Adão deu um basta nos passinhos “mais para a esquerda” e esbravejou: “Sei onde você quer chegar. Quer me enquadrar com o armário do Pelé para dizer que vou ser o novo Pelé. Substituto dele. Mas não vou. Não tenho essas ilusões e nem tais pretensões. Parei por aqui”. E não mais arredou os pés. Pés que não receberam de Deus a mesma fortuna recebida por Pelé – nem ele, nem ninguém, até agora. Mas sua cabeça era e é muito mais lúcida do que muitos que desde então se julgam gênios da bola e não passam de geniosos.
Parabéns pela data, Cláudio Adão. Felicidades e vida longa.