Créditos da imagem: Fernando Vidotto
Tal como Danilo Mironga, não aprecio a opção da diretoria são-paulina pela “identidade uruguaia”. Não é o futebol que o SPFC mostrou nem com seus ídolos cisplatinos. O próprio Lugano atuou numa equipe que, a despeito de usar três zagueiros, tomava a iniciativa das partidas com marcação adiantada. Dario Pereyra fez parte de times conhecidos como máquinas. Pedro Rocha também jogou num tricolor ofensivo. Porém, vencido na minha convicção, devo aplaudir os gestores são-paulinos pelo seguinte: ao contrário de antecessores, não sabotaram a própria opção e ainda a otimizaram. Como? Atendendo o treinador escolhido.
Em texto anterior, fiz uma metáfora envolvendo restaurantes para explicar como dirigentes costumam tratar os técnicos. Compram os ingredientes, colocam na cozinha e dizem ao chef: “se vira pra montar um cardápio”. Quando não funciona (ou seja: quando dá a lógica), demitem o chef e trazem outro no meio do expediente, torcendo pra que improvise uma gororoba que segure a clientela por algum tempo, até cansarem e chegar a hora de arrumar outro cozinheiro. O patrão Raí conseguiu romper a comparação. As contratações de Everton e Rojas (clone de Mário Tilico?) deram a Aguirre os jogadores abertos de sua linha de meio-campo. Da mesma maneira, as negociações de atletas como Petros dispensaram o técnico de escalar contratados recentes que, por motivos visíveis, não se encaixam em identidade futebolística imune a processo por falsidade.
Diego Aguirre implantou um sistema com cara de seleção uruguaia, porém misturado (conscientemente ou não) com elementos que vi no Manchester United… de 2010. O treinador Alex Ferguson investia na forma de jogar que, na década passada, predominou na Europa. Enquanto times brasileiros usavam o meio-campo espalhado, os europeus atacavam com uma verdadeira linha de quatro, em que os supostos meias jogavam bem abertos (os wingers) e os volantes no centro. No ataque, dois jogadores enfiados. No caso daquele United, cabia a Rooney buscar jogo perto dos volantes, atenuando o caráter estático de tal posicionamento. Foi moderno há dez anos. Hoje só faz sentido (não necessariamente a melhor alternativa) para seleções que escolhem “responder”, como diz o técnico do SPFC. E precisa ter as peças necessárias. Quem acredita tem que ir atrás. Raí foi.
Funcionará a temporada toda? Tenho dúvidas. Por mais que as contratações tenham deixado o time redondo na concepção do técnico, táticas não se tornam superadas à toa. Existe uma espécie de manual para enfrentar equipes assim, que fatalmente será espalhado entre os treinadores adversários. Algo similar aconteceu em 2014, quando Muricy Ramalho colocou o São Paulo no 4-4-2… de 1994. No lugar de wingers, dois meias-atacantes com tendência a ir para o centro (Ganso e Kaká). O time engrenou uma sequência de vitórias que o aproximou do Cruzeiro, até que os adversários ajustaram o posicionamento. O SPFC conseguiu manter a segunda posição, mas longe do vencedor. É, em princípio, o que vejo como destino provável. Até porque Nenê, que faz hoje o que Rooney executava no United de 2010, caiu no segundo semestre em suas temporadas anteriores.
Porém, no caso de 2018 a probabilidade ruim é mais tênue. Primeiro, porque o atraso é menor. Segundo, porque outros times patinam para fugir de seus próprios atrasos. Ano passado, vimos um Brasileirão em que várias equipes atuavam disfarçadamente no 4-4-2 com três volantes (tão ou mais ultrapassado). Mesmo equipes qualificadas já penaram contra o São Paulo, sendo que o líder Flamengo foi surpreendido no Maracanã. O Grêmio superou a falha de Geromel com uma atuação exemplar, mas só o milagre de Kannemann evitou um revés. Ou seja: por ora, o manual para enfrentar o tricolor não chegou às bancas. Outro fator favorável: graças à própria incompetência no primeiro semestre, o tricolor saiu fora da atraente Copa do Brasil e, enquanto outros jogam a Libertadores, tem apenas a Sul-americana. Este cenário pode abrir um clarão suficiente para manter o desempenho até dezembro.
Com ou sem título, quem ganha pontos em seu primeiro ano como dirigente é Raí. Sua ideia de identidade está levando a algum lugar – mesmo não sendo a identidade das glórias do passado. E o mais importante, como já ressaltado, é que se deixou de presumir que, tratando-se da diretoria tricolor, a contratação é errada até prova em contrário. Para isso valeu até insistir com Diego Souza, quando este dava mais sinais negativos. Raí e Lugano (poupem-me de ver méritos em Ricardo Rocha, que larga o trabalho pra comentar a Copa) surpreendem quebrando um estigma logo de cara. Mereceram críticas e, hoje, fazem jus a este elogio. Espera-se que não voltem a se acomodar como “Mr Nice Guy” e diretor de “vamo, vamo, vamo”. O futebol brasileiro precisa de evoluções.
Não tem como negar que a atitude e a postura do elenco são outra neste ano!!!!! O Raí parece ter o toque de Midas, coloca a mão e vira ouro, kkkkkkkkk
Não foi o que aconteceu no começo do ano. Elogio seu trabalho neste contexto da coluna, mas houve erros e ainda pairam dúvidas sobre determinadas contratações. Assim como o tempo dirá se a identidade escolhida terá efeito duradouro ou, uma vez compreendida pela concorrência, voltará ao vai-não-vai que tem sido o clube.
Felipe Padovani
Para que ficar se iludindo (não ganhou nada esse ano) e já foram 2 Eliminações de campeonato (copa do Brasil vergonhosamente em casa e Paulista jogando covardemente contra o Corinthians),os mesmos jogadores (com exceção do Everton e do Rojas que vieram depois), portanto só quando ganhar títulos que vou me iludir com esse time do SP !!!!!