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Renê Simões foi embora do Botafogo, mas pode sair com a cabeça erguida. O treinador fez sua parte. Chegou num Botafogo arrasado, posto de volta à Segundona por uma administração temerária fantasiada de moderna. Assumiu um time sem jogadores, um clube sem dinheiro, uma instituição sem perspectiva. Com dedicação, trabalho, experiência e muita conversa, devolveu ao clube a esperança e colocou o Glorioso no trilho certo.
Renê ajudou o novo Botafogo a superar as expectativas. Fez um bom campeonato carioca, nem tanto pelo resultado, mais pela confiança adquirida. Renasceu jogadores, criou outros, subiu a garotada. Mesmo com os torcedores – esses eternos desconfiados alvinegros – não comprando o barulho, o Botafogo chega ao meio do ano no caminho que deveria estar, mas que muitos no começo do ano achavam que não estariam.
A segunda queda, como comprovada pelo rival Vasco ano passado, é menos dolorida e também mais desprezada. Não há aquela sensação de recuperação do clube e das glórias. Há uma mero sentimento de obrigação, de cobrança, de desesperança. Pela situação financeira do Botafogo, então, a coisa se desenhava de maneira trágica. Clima de enterro, e enterro de vilão de filme, aquele sem muito choro, sem muita saudade, sem amigos ao redor do morto.O torcedor do Botafogo ainda mostra esse sentimento.
Mas Renê, com vigor de adolescente e apoiado na tentativa da nova diretoria de reerguer o clube, conseguiu o seu objetivo até aqui. Pelo menos, até a última terça-feira. A eliminação para o Figueirense (de novo!) na Copa do Brasil (de novo!!) em casa (de novo!!!) foi o justo fim da linha para o experiente técnico.
Nem tanto pelo resultado, novamente, afinal, é óbvio que o objetivo é a volta à Série A. E também, desculpe a sinceridade torcedor glorioso, mas a Copa do Brasil não é lá muito afeita ao Botafogo mesmo.
A verdade é que a diretoria, talvez atirando no que viu e acertando no que não viu, aproveitou a dor da eliminação e dos jogos sem vitória para agradecer aos serviços bem prestados de Renê e tocar o trem no trilho que Renê colocou. Um trabalho psicológico de primeira do treinador foi o suficiente para colocar o Botafogo no rumo certo para o objetivo final.
Resta a metade do caminho. Agora, o que o time precisa é de ares mais modernos. Um treinador jovem, barato e que pense num médio prazo, se mantendo para a disputa da Série A após a subida. Alguém com perfil de Doriva, que já não deve ser tão barato assim, ou algo do tipo.
Com a grama mais verde e com menos buraco, terreno capinado por Renê, o clube deve pensar em alguém que possa se dedicar ao campo e bola, somente o futebol. Alguém que tente fazer uma equipe para o resto da temporada, uma base para o ano que vem e a molecada vingar. Ou seja, um treinador para fazer o time jogar bola de fato.
O trabalho de reabilitação e desintoxicação do time, e por tabela do clube, já está feito e isso é mérito de Renê. Mas convencer os sempre desconfiados torcedores alvinegros, só o Botafogo jogando bola de verdade, e claro, voltando ao seu lugar na primeira divisão. Mesmo com o terreno capinado, esse trabalho será árduo para o próximo treinador. Terraplanagem é só o começo de uma reconstrução.
Será que o Seedorf toparia assumir a equipe? Seria muito legal de ver!