Créditos da imagem: Internazionale
Os melhores tempos do futebol brasileiro já não existem mais. Hoje, acompanhar uma partida completa do Campeonato Brasileiro é uma tortura, especialmente para aqueles que assistem, com certa frequência, a partidas dos campeonatos europeus, sobretudo da Premier e da Champions League
É comum acompanharmos times do segundo escalão europeu e sentirmos uma pontada de inveja, tamanha a diferença entre os grandes de cá com os times de lá. Não à toa, o Brasil (e toda a América do Sul) acumula apenas uma vitória nos últimos onze Mundiais de Clubes, o que representa a gigantesca disparidade entre os dois maiores blocos do futebol mundial.
Mas o que os mais velhos sabem e que talvez os mais novos não façam tanta questão de aprender é que, até meados da década passada, e, principalmente, até o final do último século, o futebol brasileiro era capaz de rivalizar (e até mesmo colocar na roda) qualquer time europeu, seja ele do mais alto escalão ou de qualquer pequeno e médio porte de lá.
Exemplos não faltam. O Flamengo dos 3 a 0 no Liverpool, em 81, o São Paulo, inspiração de Pep Guardiola, contra Milan e Barcelona, em 93 e 94, o Vasco de 2000, contra o Manchester United, e até mesmo times que não venceram, como o próprio cruzmaltino em 98 contra o Real Madrid ou o Palmeiras de 99 também contra os Diabos Vermelhos.
Europeu morria de medo de nós, brasileiros, quando o assunto era bola nos pés.
No entanto, as coisas têm mudado drasticamente e já não sabemos, sequer, se o que praticamos por aqui se chama mesmo futebol. Gabriel Rostey, nosso colunista, teve a genial ideia de nomear de “futebol de escassez” a mentalidade que aflora nos clubes brasileiros após a virada do milênio.
Na última semana, ao assistir alguns pedaços de jogos do Brasileirão e reforçar a ideia de ausência que paira por aqui, surgiu-me imediatamente a seguinte dúvida: o que os gringos pensam do nosso futebol?
O que será que passa na cabeça de quem acompanha Gabigol, aquele mesmo inútil dos campeonatos italiano e português, sendo artilheiro da Copa do Brasil e do Brasileirão no mesmo ano?
Ou quando veem Gustavo Gómez, o renegado zagueiro paraguaio do Milan, que se destaca e até pênalti bate para o Palmeiras?
Ou ainda, quando o dubitável Maxi López aparece como a maior esperança para tentar salvar um Vasco (aquele mesmo de 97 e 2000) de seu quarto rebaixamento em apenas dez anos?
Isso é claro, sem falarmos do líder Palmeiras, que tem Bruno Henrique, Deyverson e Dudu, todos com passagens frustrantes pelo futebol europeu, sendo destaques do virtual campeão brasileiro ou de jogadores como Diego Souza, Fagner e Elias que brilham ou já brilharam por aqui, mas que fracassaram por lá.
Pois é. Além disso, o que será que pensam quando veem que Paulo Henrique Ganso, reserva no 16º colocado do fraquíssimo Campeonato Francês foi tachado de craque no início da carreira e teria lugar garantido como camisa 10 em 99% dos times daqui, ou que nossos treinadores não figuram e nem figurariam, tamanha a incapacidade, sequer nos banco dos piores times de lá?
Tudo isso sem contar na nossa exímia capacidade de desperdiçar talentos. Você consegue imaginar Casemiro jogando o que sabe se continuasse treinando no São Paulo ou Richarlison como destaque se insistisse em vestir a camisa do Fluminense?
O que mais assusta é que a decadência se tornou escancarada em apenas 20 anos. Enquanto a Europa se preparava para montar grandes esquadrões e dominar o mundo, o Brasil dormia eternamente em berço esplêndido sob a falsa marca de “país do futebol”.
Você provavelmente ouve por aqui que “nosso futebol está no nosso sangue” e, por isso, não temos “nada para aprender com a Europa”.
Se o futebol se separou do Rugby no final do século XIX, o esporte praticado no Brasil se separa cada vez mais do futebol, o verdadeiro, praticado diariamente nos melhores, e até mesmo nos piores, campeonatos europeus.
Enquanto isso, a nossa Seleção não vence uma equipe europeia em mata-matas de Copas do Mundo desde 2002, quando bateu a Alemanha na final.
E nem precisamos falar de 7 x 1 ou de Lukaku passando de passagem no meio de nosso time.
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Cara, não tem como competir.
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