Créditos da imagem: Reprodução / SporTV
O jornalismo esportivo ideológico chama por reforços
Com quase uma semana de atraso, resolvi conferir a estreia de “Grande Círculo”, programa muito autoelogiado no SporTV. Sim, porque se tem uma coisa que os canais esportivos fazem, especialmente o da Globosat, é proferir elogios a si mesmos. “Nossa, é incrível como a gente é f…!” – ainda não usaram estes termos, mas é a mensagem nada subliminar. Já sabia disso há quase dez anos, quando escrevia colunas para a revista ANTAS, no FOMQ (editada por Gustavo Fernandes, que até hoje copia minha técnica de cinco parágrafos). Por isso já entrei no Youtube ciente do que poderia encontrar. Mas teve mais. Teve “resistência”. 2018 não acabará em 2018.
O elemento surpresa foi Caco Barcellos, muso dos PIMBAS (pseudo-intelectuais metidos a besta e associados). Diferentemente de Caco Antibes, personagem que zoava com pobres e era adorado pela audiência deles, Barcellos posa de paladino do povão e é ignorado por ele. Tanto que seu programa passa no horário em que muitos já estão dormindo pra TRABALHAR no dia seguinte, em vez de assistir Profissão Repórter, Amor e Sexo, etc… Enfim, por alguma razão extra-esportiva, alguém achou interessante tê-lo na roda pra entrevistar Tite. Não demoraria pra descobrir a tal razão. Por mais que antipatize com as fleumas enganosas do técnico da seleção, ele não merecia terminar o ano assim. Ninguém merece. A não ser que use boina e camisa do Che Guevara. Mas este último, estilo militante do Tá no Ar, acharia lindo receber uma pergunta (tara?) ideológica atrás da outra.
O pontapé inicial teve Guardiola como gancho. Pegou a frase do espanhol sobre treinar craques de caráter. Pra quê? Pra lembrar que Neymar tem processos por sonegação. Nem pesquisou que o mesmo Guardiola treinou Messi, condenado por crime tributário na Espanha – assim como Cristiano Ronaldo. Só não entendi se o objetivo foi sugerir Lei da Ficha Limpa na seleção ou algo que comentarei adiante. Sigamos, porque essa foi a de menos. Na oportunidade seguinte, o assunto foi homofobia. Isso, a enésima lembrança das torcidas xingando goleiros adversários. Prensado no campo defensivo pra dizer se havia gays discriminados no futebol (Caco quer cota?), Tite se afastou do perigo falando de racismo. Aí foi a vez de Mauro Naves apoiar o ataque, dizendo que Fernandinho foi perseguido por ser negro. Gol contra? Escoltar Lukaku até a área? 7 a 1? Meros detonadores…
Nas duas perguntas finais, foi a vez de os ricos serem combatidos pelo pretenso Robin Hood com diploma. Existem diversas coincidências que se tenta associar à carestia de Copas do Mundo. Caco se concentrou na “elitização” que teria começado em 2002, com a construção de estádios caros. Em primeiro lugar, as construções só tiveram início depois de 2007, quando a Copa de 2014 foi confirmada pro Brasil. Outra: só ficariam prontos mais de dez anos depois do pentacampeonato. Já a última pergunta, sob o mote de prestigiar o treinador nacional, lembrou que os técnicos estrangeiros são bancados por “barões e mafiosos”, que “compram quem eles quiserem”. Ué, mas onde foi parar a elitização nacional da pergunta anterior, se treinador brasileiro continua em clube pobre (como diria o xará Antibes)? Ninguém, muito menos Tite, questionou a incoerência do colega “circular”.
O conjunto da participação de Caco Barcellos mostra seu verdadeiro alvo: o público. É o torcedor hipócrita por votar contra corrupto e torcer por jogador corrupto. É o torcedor homofóbico e racista, que só critica supostos gays e negros. É o torcedor elitista que não sabe o que é “torcer de verdade” (tem que fazer curso com torcida organizada?) ou o que curte time estrangeiro sustentado por bandidos bilionários. Resumindo: é tudo fascista. Faltou encontrar brechas pra colocar violência da PM e médicos cubanos. Mas haverá outras oportunidades. Quem sabe com Míriam Leitão de reforço. É preciso resistir. Debater futebol? Isso é pra burgueses…
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Que belo comentário. Resolveram agora usar a lacração no futebol. E certamente o Caco tem um problema grave com sexualidade. Freud de ponta esquerda
Eu realmente fico impressionado como a imprensa esportiva, em geral, parece ter um certo complexo de inferioridade que a faz achar que “ter conteúdo” significa apelar aos mais básicos proselitismos políticos de esquerda. É como se “jornalistas com conteúdo para além do futebol” fosse sinônimo de “lacrar”…
A cara faça-me o favor. Sempre existiu isso no futebol. Palhaçada e querer que jornalismo esportivo seja só resultados de jogo e contratações de início de temporada.