Créditos da imagem: FIFA,
Chuteira FC,
REUTERS/Agustin Marcarian
São Paulo x Barcelona, 1992: Craque de personalidade, Raí confirmou em entrevista recente que o “chapéu” aplicado em Guardiola foi planejado. Ideia era transmitir a mensagem de que “sim, era possível vencer” aos seus companheiros. Deu certo!
Talvez a primeira preocupação do Grêmio para o confronto contra o Real Madrid, pela final do Mundial Interclubes, seja não repetir o Santos de 2011 (que fez feio em terras japonesas diante de um poderosíssimo rival).
Quem não se lembra do impiedoso 4 x 0 que o Barcelona de Xavi, Iniesta e Messi aplicou no Peixe de Ganso, Neymar e Borges naquela oportunidade (um “gosto amargo” que o próprio Real Madrid e tantos outros gigantes europeus também sentiram naquela temporada, contra aquele que talvez tenha sido o melhor time da história do futebol)?
No entanto, ainda que diante de um adversário bastante superior, a derrota santista não precisava ter sido como foi. Veja, em que pese a infeliz escolha de Muricy Ramalho – o treinador errou feio ao apostar em um 3-5-2 até então jamais testado e escalar Bruno Rodrigo (!) em vez de Elano ou Alan Kardec na finalíssima -, tenho para mim que os próprios jogadores (muitos com passagem pela Seleção Brasileira) poderiam ter demonstrado mais personalidade dentro de campo. Houve muita reverência e pouco futebol por parte do Santos. Talvez pela juventude dos seus “astros-maiores”? Pode ser… Ou talvez a disparidade entre as equipes fosse mesmo tão grande que apenas o Rei Pelé pudesse dar um jeito naquela partida!!!
Santos 0 x 4 Barcelona
Data: 18/12/2011
Santos: Rafael; Edu Dracena, Bruno Rodrigo e Durval; Danilo (Elano), Henrique, Arouca, Paulo Henrique Ganso (Ibson) e Léo; Neymar e Borges (Alan Kardec). Técnico: Muricy Ramalho
Barcelona: Valdés; Daniel Alves, Puyol (Fontas), Piqué (Mascherano) e Abidal; Busquets, Thiago Alcântara (Pedro), Xavi, Iniesta e Fábregas; Messi. Técnico: Guardiola
Gols: Messi, aos 16, Xavi, aos 23, Fábregas, aos 45 minutos do primeiro tempo; Messi, aos 37 minutos do segundo tempo.
Bom, se faltou personalidade para o Santos de Ganso e Neymar, o mesmo não se pode dizer do São Paulo de Raí. Em 1992, o craque são-paulino liderou o Tricolor Paulista na conquista do Mundial contra o… Barcelona, à época de Stoichkov e Laudrup.
São Paulo 2 x 1 Barcelona
Data: 13/12/1992
São Paulo: Zetti; Vitor, Adilson, Ronaldão e Ronaldo Luis; Toninho Cerezo (Dinho), Pintado e Raí; Cafu, Palhinha e Muller. Técnico: Telê Santana
Barcelona: Zubizarreta; Ferrer, Koeman, Guardiola e Euzébio; Bakero (Goicoechéa), Amor, Witschge e Beguiristiain (Nadal); Stoichkov e Laudrup. Técnico: Johann Cruyff
Gols: Stoichkov aos 11min do primeiro tempo e Raí aos 27min do primeiro e aos 34 minutos do segundo tempo.
Às vésperas do confronto, Raí, consciente da representatividade e ascendência que exercia sobre os demais jogadores, bolou um plano: ele, de cara, arriscaria alguma jogada de efeito – que acabou sendo um chapéu – sobre algum jogador do Barcelona para elevar o moral de seus companheiros e assim transmitir a mensagem de que “sim, era possível vencer”.
De maneira que, com um simples drible abusado, o meia exerceu a tal da *liderança transformacional, que é “um estilo de liderança em que o líder colabora com os liderados para identificar a mudança necessária, criando uma visão para orientar a mudança através da inspiração para o bem da organização, causando um efeito excepcional diante de seus liderados e se preocupando com o desenvolvimento mudando a maneira de pensar, buscando sempre a melhoria”.
Veja, esse papo sobre liderança nem é a minha área, mas o chapéu planejado e executado pelo “jogador-referência” do time encheu de confiança os seus companheiros, ao mesmo tempo em que desconcertou os (até então) inatingíveis adversários.
Uma curiosidade: quis o destino que a vítima a ser “chapelada” por Raí fosse Guardiola, o (apenas) correto jogador que se transformaria no maior técnico de futebol do planeta da atualidade. Coisas do “mundo da bola”…
Mais: a história depois se encarregou de mostrar que muitos dos brasileiros em campo eram superiores aos “extraterrestres europeus”.
Sim, o São Paulo era um timaço e Telê Santana um verdadeiro “Mestre”!
Mas o que o Grêmio tem a ver com isso tudo?
Ora, o Tricolor Gaúcho tem Luan, candidato a “Raí versão 2017”, por que não?
Okay, vá lá que a missão do craque gremista seja bastante complicada: vamos combinar que o atual time do Grêmio não é sequer comparável àquele do São Paulo de Raí.
Nesse sentido, ter Renato Gaúcho no banco é fundamental. O cara é “chapa quente” e confiança ele tem para dar e vender.
Grêmio x Real Madrid (escalações utilizadas nas semifinais)
Data: 16/12/2017
Grêmio: Marcelo Grohe; Edílson, Geromel, Kanemann, Bruno Cortez; Jaílson, Michel, Ramiro, Luan, Fernandinho; Lucas Barrios. Técnico: Renato Gaúcho
Real Madrid: Navas; Hakimi, Varane, Nacho e Marcelo; Casemiro, Kovacic, Modric e Isco; Cristiano Ronaldo e Benzema. Técnico: Zidane
Então a dica que eu pretensiosamente daria aos gaúchos é: tenham personalidade, não inventem táticas mirabolantes, e joguem o futebol que vocês sabem. Luan, peça a bola, arrisque, jogue a sua vida e tente ser o craque do jogo. A derrota vocês já têm! Ninguém vai se importar se vocês perderem para essa “Seleção do Mundo” travestida de Real Madrid. Ninguém! Joguem com dignidade e respeitem a tradição do Grêmio, o clube mais copeiro do Brasil!
Surpreendam o mundo!
Por fim, se não der para ser Raí, que tal repetir Adriano Gabirú?
Internacional 1 x 0 Barcelona
Data: 17/12/2006
Barcelona: Victor Valdés; Gianluca Zambrotta (Juliano Belletti), Carlos Puyol, Rafa Márquez, Giovanni Van Bronckhorst; Thiago Motta (Xavi), Deco, Andrés Iniesta, Ludovic Giuly; Ronaldinho Gaúcho e Eidur Gudjohnsen (Ezquerro). Técnico: Frank Rijkaard
Internacional: Clemer; Ceará, Indio, Fabiano Eller, Rubens Cardoso; Edinho, Wellington Monteiro, Fernandão (Adriano Gabirú), Alex (Fabian Vargas); Alexandre Pato (Luiz Adriano), Iarley. Técnico: Abel Braga
Gol: Adriano Gabirú, aos 37min do segundo tempo
E segue o jogo.
* Robbins, Stephen P: Comportamento Organizacional, pag 319, Ed 9, São Paulo: Prentice Hall, 2002
Leia também:
– Luan, um jogador “diferente”
– Tempo perdido – da conversa fiada à irrelevância atual do Mundial de Clubes
Muito legal a abordagem! Já vi o Tite algumas vezes falando sobre a importância que teve uma caneta que o Danilo deu na final contra o Chelsea, em 2012, logo aos 15 minutos de jogo. Cumpriu exatamente a mesma função:
https://www.youtube.com/watch?v=5HZzvyKJkso
Valeu, Gabriel!
Ótima lembrança, o Danilo é outro que não à toa ganhou muitos troféus na carreira. Além de ótimo jogador, sempre foi um líder técnico nos clubes em que jogou.
Essa “Liderança Transformacional” deve partir antes do confiante Renato Gaúcho, o treinador! Foi Bonito ele colocar o time em marcação alta e pressionada no campo do adversário, como na final da Libertadores. Como dissestes, o RM é uma seleção mundial, mas uma seleção formada por 11 homens, como do outro lado. Eu acredito!
Deive Gessinger
Eu Acredito vamo Grêmio
A atenção é importantíssima, marcação alta, linhas bem próximas é o time não dispersar, acho que isso misturado com um pouco de sorte…
[…] – Grêmio precisará de um “Raí versão 2017”, que pode ser Luan. Ou então… […]
Talvez precise de mais de um….
[…] de um lance individual. Luan teria que estar numa noite mais que inspirada. No mínimo, abençoada. Foi comentado por Fernando Prado que ele deveria ser o Raí de 1992. Só que Raí não era a única opção de criatividade e definição do São Paulo. Se fosse […]