Créditos da imagem: FIFA
1 – futebol jogado – conforme colunas anteriores, o desgaste pós-temporada e a quantidade reduzida de treinos (inclusive como consequência do primeiro fator) moldaram a fórmula pragmática para disputar a competição. Expedientes corriqueiros nas competições de clubes – e mesmo em jogos de clubes nas datas FIFA – foram deixados de lado, o que tornou as equipes parecidas entre si e ampliou o papel do aleatório. Inclusive, como ressaltou Danilo Mironga, serviu até como desculpa para a consagração do craque Fortuito como responsável pela eliminação brasileira. A campeã França foi a encarnação bem acabada de tudo isso. Mostrou-se competente nas linhas defensivas, na bola parada e na eficiência de suas individualidades nas poucas vezes em que receberam bolas limpas. De brinde, ainda contou com a sorte.
2 – individualidades – mais uma vez, as principais estrelas das competições de clubes não foram os destaques. Como já havia sido em 2006, 2010 e 2014 – quando, francamente, nem Messi deve ter gostado do prêmio individual recebido. O melhor jogador da competição, Modric, obviamente não é o astro do Real Madrid. Mbappé, a despeito de duas temporadas excelentes antes dos 20 anos, também não é a cara do PSG – o que virá depois é outra história. A sequência deixa claro que, por mais que se goste de chamar certos jogadores de ETs, eles são bem humanos – tanto em relação ao físico quanto ao emocional. Talvez a Copa do Qatar seja diferente neste ponto, como também acredito que será na forma de atuar.
3 – a grande decepção – considerando que já esperava um fracasso argentino muito antes da Copa, bem como os inevitáveis efeitos que o episódio com Lopetegui traria à seleção espanhola, condecoro à então campeã Alemanha com o posto de fiasco dourado. Os amistosos abaixo da crítica não chegaram a comprometer as expectativas, por conta do retrospecto e da conquista – sempre ela – da Copa das Confederações. Mas o que se viu foi uma equipe que nem conseguiu usar a fórmula pragmática da França, muito menos desenvolveu a proposta que norteou bons desempenhos anteriores. Esconderam tanto o jogo que foi parar em local ignorado. Para 2022, terão que completar a renovação e encontrar nomes para funções carentes.
4 – as afirmações – a seleção belga não foi campeã, mas o terceiro lugar e a eliminação brasileira (além de só perder para o campeão) afastaram o quase-vexame contra o Japão e, principalmente, deixaram na defensiva aqueles que acrescentavam aspas à ótima geração do país. Mais longe foi a finalista Croácia, primeira seleção a sobreviver a três prorrogações consecutivas. Para tanto, além de Modric, o ótimo Rakitic deu suporte ao melhor meio-campo da Copa. Quem parou nas quartas-de-final, mas novamente agradou sua torcida, foi o Uruguai da dupla Suárez e Cavani. Talvez tivesse incomodado os franceses se o segundo pudesse atuar – e se Muslera não levasse o peru do ano.
5 – Seleção Brasileira – embora livre do desprestígio pela hecatombe de 2014, o Brasil deixou a Copa com a mesma campanha de 2010. Em ambos os casos, não esteve psicologicamente pronto para adversidades. O técnico Tite foi contraditório, ora se abraçando a coerências (como na insistência com Paulinho), ora fazendo malabarismos para justificar decisões incoerentes. O maior deles foi falar da utilidade tática de Gabriel Jesus, como se este não tivesse ganhado a posição por causa de seus gols nas eliminatórias. Mas a camisa amarela só virou assunto mundial, lamentavelmente, por causa de seu camisa 10. O futebol jogado por Neymar não chegou a desapontar – ainda mais vindo de lesão. O problema esteve nos chiliques e dramatizações, ridicularizados em todo o planeta. As defesas do jogador, na base do “ninguém sabe o que passei”, só jogaram gasolina na fogueira.
6 – VAR – talvez a única, mas longe de ser a simples novidade do Mundial. Atraindo a ira de parte da imprensa, o árbitro de vídeo foi decisivo em marcações de pênaltis, anulação e também confirmação de gols – como o que sepultou a Alemanha. Tudo indica que a teoria deste colunista, sobre o VAR não marcar pênaltis em lances de braço no adversário, estava correta. Foi a lacuna discutível do sistema, que no geral merece aprovação com méritos. Praticamente “apagado” nos mata-matas, ressurgiu na decisão para permitir ao árbitro atuar no pênalti que recolocou a França na frente. Lembrando que não é problema do VAR se a interpretação foi ou não correta. A missão do sistema era possibilitar ao árbitro analisar o que não viu em campo.
7 – satisfação do público – embora seja outra Copa a gerar saudades pelo que não se viu (expectativas diversas que só poderão se concretizar, se tanto, em quatro anos), a Copa da Rússia teve seus momentos marcantes, como a inesperada campanha da anfitriã – derrotada nos pênaltis pela vice-campeã, após empate de 2 a 2. A acidental separação de chaves a partir das oitavas, que colocou quase todos os favoritos do mesmo lado, abriu espaço para aspirantes improváveis e partidas de bom conteúdo dramático. Tecnicamente, não foram jogos memoráveis. Até os destaques individuais não terão qualquer de suas atuações no Top 10 da carreira. Dificilmente alguém perderá minutos da vida assistindo a reprises das partidas – com óbvia exceção de franceses. Porém, no calor das disputas, foi quase tudo bem assistível. Não foi a Copa das Copas (como não fora a anterior), mas já vimos coisa bem pior.
Melhores do colunista:
Jogador – Modric (Croácia)
Técnico – Stanislas Cherchesov (Rússia)
Seleção (4-3-3) – Courtois (BEL), Trippier (ING), Varane (FRA), Granqvist (SUE) e Hernandez (FRA); Casemiro (BRA), Rakitic (CRO) e Modric (CRO); Mbappé (FRA), Mandzukic (CRO) e Hazard (BEL)
Acredito que o Brasil passara muito tempo sem ganhar esse torneio. As seleções europeias terão supremacia nesses jogos. Por organização, competência e principalmente preparo psicológico. Até em categorias de base que os sul americanos e africanos dominavam , hoje quem domina são as seleções europeias. Quem viu o Brasil campeão viu quem não viu terá dificuldade em ver.
Um capitão em campo é fundamental.Meias criativos,intensos e rápidos são essenciais.Sem variações táticas,não seremos campeões nunca mais !